Embora seja vista como um ambiente de aprendizagem, a escola deve ser hoje muito mais que isso. Criar relacionamentos duradouros com as famílias e seus estudantes é uma forma de dar ainda mais valor a essa comunidade escolar e seu papel na formação de estudantes integrais
Qualidade Pedagógica já não basta no desafiador mercado de Educação!
Sim, o ensino deve ser cada vez mais diferenciado, mas é apenas parte do que as escolas devem entregar a alunos e pais. As famílias buscam uma experiência satisfatória com as escolas que irão participar ativamente do desenvolvimento de seus filhos e filhas.
O que os pais esperam das escolas
Já escrevi nesta coluna anteriormente que entre os cinco aspectos que os pais mais valorizam em uma escola, o primeiro e terceiro estão relacionados a atendimento e relacionamento (cuidado e atenção com o filho(a) e relacionamento próximo e participativo com a escola, como apontam os dados da Pesquisa ClassApp 2017).
Pais e alunos avaliam a escola por um conjunto de aspectos que vão além do ensino e passam, entre outros fatores, por:
- Recursos educacionais que possam tornar o aprendizado mais fluido e atrativo para a criança ou jovem;
- Qualidade e atratividade das instalações;
- Qualidade do atendimento;
- Relacionamento próximo e individualizado com a escola;
- Facilidade de comunicação;
- Conveniência nas interações;
É essencial, portanto, compreender toda a extensão da experiência da família com a escola, para cultivar relacionamentos duradouros.
Como desenvolver produtos e serviços, para obter relacionamento
1. Ensino
Alguns dos aspectos que a nova educação deve se propor:
- Com o desenvolvimento do(a) estudante integral, com domínio de outras habilidades além do cognitivo: intra e interpessoais;
- À aprendizagem em ambientes coletivos, favorecendo aspectos de convívio social e trocas construtivas;
- À formação de professores que atuem como guias e provoquem os aprendentes a uma aprendizagem ativa, desenvolvendo soluções para problemas reais;
- À entrega de conteúdos centrados no interesse dos alunos, respeitando o ritmo e forma de aprendizagem de cada um.
2. Conveniência
Facilitar o contato e as interações (tanto no primeiro atendimento, quanto no atendimento aos alunos e alunas).
Hoje há soluções para atendimento por múltiplos pontos de contato. Reconhecer as famílias e oferecer novas formas e/ou canais para agendamento de visitas ou reuniões. Oferecer formatos de aprendizagem práticos, convenientes e de fácil acesso para os alunos.
3. Design
As instalações, materiais de aprendizagem, uniformes e apresentação pessoal, organização do ambiente, site e materiais de comunicação, são aspectos que ajudam tangibilizar a qualidade da instituição e devem ser compatíveis com o seu posicionamento.
4. Atendimento
- Aos e às estudantes
Facilitar que os professores e professoras conheçam histórico, questões familiares, desempenho e trajetória escolar dos alunos e das alunas; o que os desafia e a forma como melhor aprendem, para entendê-los(as) e atendê-los(as) cada vez melhor.
- Às famílias
Dedicar atendimento individualizado e construir proximidade. Tecnologias como CRM e Inteligência Artificial, devem permitir reconhecer o cliente, identificar seu histórico para gerenciar melhor a relação.
5. Entretenimento
- Para estudantes
Usar propostas de ensino inovadoras, por meio de tecnologia, para instigá-los (as) e engaja-los (as) como aprendizagem colaborativa, aulas imersivas, atraentes e divertidas para os alunos.
- Para famílias
Uso de tecnologia para apresentar a escola de maneiras inovadoras, como o uso de QRCodes para contar a história e trazer vida a ambientes de ensino.
- Para professores e professoras:
Desenvolvimento profissional autodirigido, interativo e on-line.
6. Educação
Neste caso não se trata do ensino de alunos e alunas, mas sobre como educar famílias e estudantes sobre o valor da escola.
Para contar histórias (storytelling), é preciso ouvir as famílias, entender suas expectativas. E antes de tudo, definir com clareza o que contar – a essência competitiva da escola.
Só assim o “produto” (Educação) vira apaixonante: quando a escola consegue mostrar o que só ela oferece e os ganhos para a vida do aluno e da aluna.
7. Cocriação (Personalização)
Desenvolver estratégias de aprendizagem personalizada, com uso de tecnologias educacionais que possibilitem ao aluno e à aluna orientar sua própria instrução (aprendizagem adaptativa).
8. Doação (intenção sustentável)
Relacionada à propósito. Cada vez mais os consumidores buscam marcas com responsabilidade social, que contribuem para o desenvolvimento da comunidade da qual faz parte. Não seria diferente nas escolas.
Quais ações sua escola faz para melhorar o mundo?
Por fim, dar carinho, para nutrir relacionamentos.
Se sua escola dá carinho e atenção para estudantes e famílias, eles e elas retribuem com relacionamento. Se seus líderes dão carinho e atenção para os colaboradores, eles retribuem com engajamento, motivação, paixão…e relacionamento
Para que isso aconteça, pense que antes do foco no(a) estudante, desenvolva o foco no(a) colaborador(a). Subir a pirâmide deve ser tarefa conjunta: envolva seu time, trabalhe junto, permita e facilite as contribuições. A inovação vem deste lugar!
* Lais Bisordi Exel é palestrante e Consultora de Cultura, Gestão de Atendimento e Inovação, especialista em Instituições de Ensino na Ponto de Referência.
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