Entenda como a competência de Cultura Digital da BNCC dá suporte à aprendizagem a distância

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Cultura Digital na BNCC - InfoGeekie

A tecnologia assumiu um papel importante nas diretrizes da Base Nacional Comum Curricular, logo, a cultura digital deve fazer parte da formação de estudantes de hoje. Neste cenário de distanciamento social, é fundamental entender o potencial dessa competência para o processo de ensino e aprendizagem para garantir as melhores práticas e resultados durante as aulas a distância.

Imagine que a pandemia do novo coronavírus tivesse acontecido há 30 anos. Sem internet, as aulas seriam suspensas sem previsão de retorno; o ano letivo provavelmente seria perdido (ou muito prejudicado); e milhões de estudantes ficariam sem perspectivas. O que tem sido essencial para manter um ritmo minimamente normal na educação em todo o mundo hoje é, justamente, a alta conectividade, a possibilidade de aulas por videoconferência e o infinito leque de possibilidades que a rede traz para a aprendizagem.

Esse momento é de buscar as possibilidades que a cultura digital oferece para o enfrentamento da crise, que obrigou o mundo inteiro a repensar as interações humanas e as trocas de conhecimento. Como garantir que alunos, alunas, professores e professoras consigam trabalhar juntos agora? Como assegurar aprendizagem significativa a distância? Quais são as novas frentes de conhecimento que se abrem nesse momento complexo?

Neste artigo, vamos desdobrar essas temáticas para entender como a cultura digital e a BNCC podem apoiar escolas e estudantes agora.

O que é cultura digital?

Podemos entender a cultura digital tanto por seu conceito puro, quanto na perspectiva da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que a aborda por meio da competência geral 5.

No conceito, cultura digital refere-se às mudanças provocadas pela tecnologia, pela internet e pela rede na forma como produzimos, consumimos e transformamos a cultura. Essas mudanças só foram possíveis graças à ascensão das tecnologias de informação e comunicação (TICs) e a uma ampliação do conceito de rede. Nesse contexto, a rede deixa de ser apenas uma interligação complexa e multidirecionada entre vários computadores e dispositivos tecnológicos de vários tipos (em sua definição tradicional), e passa a significar também uma rede de colaboração e interatividade que ressignifica vários dos processos anteriores a ela.

A rede permite uma troca entre seus usuários nunca antes vista. Se, antes da cultura digital, o trabalho, a criação artística e produções de todos os tipos eram vistas como algo individual, único e dotado de originalidade inerente, as redes transformaram esse processo sem pedir licença. A internet possibilita que as criações sejam feitas com a colaboração de várias pessoas diferentes em todo o mundo.

A cultura digital pouco faz parte da formação tradicional pedagógica, o que é um problema considerando que jovens estudantes, das novas gerações, são nativos e nativas digitais: nasceram e cresceram totalmente rodeados pela tecnologia. Afastar da sala de aula celulares e computadores, algo que antes parecia ser a melhor opção para evitar distrações, hoje é cada vez mais contraprodutivo.

Considerando essas questões, a BNCC incluiu no escopo da formação básica um grande enfoque em tecnologia, considerando a necessidade cada vez maior de formar cidadãos com letramento digital. A competência 5 trata explicitamente da cultura digital:

“Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.”

Assim, abordar a cultura digital na escola não é ter apenas uma aula no laboratório de informática, mas sim entender a tecnologia em seu contexto macro, enquanto ferramenta que transformou profundamente a sociedade e se tornou parte indissociável da vida. Ignorá-la ou tentar contê-la já não é mais possível. O desafio mais importante das escolas e da educação como um todo é buscar compreendê-la, pensá-la e discuti-la, bem como apropriar-se de suas ferramentas que ajudam a potencializar o aprendizado.

Leia também: Educação Digital: É papel da escola?

A cultura digital como estímulo à aprendizagem ativa

Sendo a rede um ambiente essencialmente colaborativo, onde todos têm oportunidade de criar, aprender, produzir e contribuir, a cultura digital estimula as pessoas a serem muito mais proativas – não à toa, nativos(as) digitais, que têm muita familiaridade e manejo com tecnologias de informação, tendem a buscar com rapidez e facilidade as respostas de que precisam na rede, como tutoriais, videoaulas, entre outros.

Estudar em tempos de internet tornou-se, portanto, uma tarefa essencialmente ativa, controlada pelo(a) estudante, que deixa de ser um mero receptor passivo de conteúdo para se tornar um agente na construção de seu próprio conhecimento e repertório. Quando aplicada à sala de aula, a cultura digital promove uma expansão cada vez maior dessa ação, promovendo a aprendizagem ativa. 

Nas palavras do texto da BNCC, “(…) os estudantes estão dinamicamente inseridos nessa cultura, não somente como consumidores. Os jovens têm se engajado cada vez mais como protagonistas da cultura digital, envolvendo-se diretamente em novas formas de interação multimidiática e multimodal e de atuação social em rede, que se realizam de modo cada vez mais ágil”.

Por outro lado, o modo de engajamento, produção e discussão típico da internet e das redes sociais é muito mais dinâmico, imediato, efêmero e sintético, bastante diferente do modelo tradicional de educação e das formas de aprendizagem que estão difundidas no contexto escolar, o que se revela um desafio para as escolas.

Cabe aos educadores e educadoras, então, estimular o bom proveito das ferramentas que a internet traz, incorporando seus elementos que possam ser benéficos ao estudo e incutindo, nos alunos e alunas, a necessidade de se criar uma cultura de pensamento crítico e reflexivo em relação a tudo que é consumido e produzido por eles(as) na internet. O papel da escola, então, deixa de ser o de coibir o uso da tecnologia em sala de aula para se tornar o de mediadora principal da análise e do estudo dessa mesma tecnologia, estimulando o uso crítico, sensato, cidadão e responsável da rede.

A aprendizagem ativa entra nesse contexto à medida que estudantes tornam-se ativos não apenas no seu próprio processo de construção de conhecimento, buscando maneiras diversas de estudar por conta própria, mas também na tomada de decisões em relação ao uso que fazem da internet.

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Como investir na cultura digital pode apoiar as escolas em tempos de coronavírus

A crise provocada pela pandemia do novo coronavírus obrigou, sem mais delongas, o mundo todo a replanejar as atividades cotidianas durante o período de quarentena.

Ainda que a BNCC e as novas diretrizes para a elaboração dos currículos da educação básica já prevejam a inserção da cultura digital de forma transversal na vida escolar, o prazo para sua implementação ainda não chegou ao fim. A data estipulada é até o fim de 2020, para Educação Infantil e Ensino Fundamental, e fim de 2021 para o Ensino Médio. Assim, é razoável supor que haja um descompasso entre as diferentes instituições de ensino na maior ou menor adaptação às tecnologias de informação e à inserção da cultura digital, como um todo, no currículo.

As escolas parceiras da Geekie, por outro lado, têm muito mais suporte para lidar com esse momento. A inserção da tecnologia no cerne das atividades escolares diárias, com o uso de chromebooks e o aplicativo do Geekie One, essencialmente prepara estudantes para lidar com momentos como o que estamos vivendo agora, em que a tecnologia se tornou ainda mais central para manter um funcionamento minimamente normal das atividades.

O modelo de educação proposto pela Geekie está fundamentado em aprendizagem significativa, por meio de práticas ativas, atividades semelhantes à sala de aula invertida e ao ensino híbrido, rotinas baseadas na captação de conhecimento prévio, e um estímulo constante ao debate, à colaboratividade e à construção coletiva do aprendizado.

As disciplinas eletivas oferecidas também trazem à tona discussões fortemente relacionados à tecnologia e ao uso que fazemos dela, especialmente em Educação Digital. Esta disciplina busca formar cidadãos e cidadãs digitais conscientes e responsáveis, que buscam seu conhecimento on-line com criticidade e de forma saudável. Assim, alunos e alunas que estejam cursando esta disciplina já têm entendimento da responsabilidade que carregam enquanto usuários(as) da rede, de quais são as estratégias para saberem o que priorizar em sua atividade on-line, evitando o vício, a dependência da internet e as distrações, além de quais são os melhores hábitos de estudo e pesquisa na rede.

Não apenas em Educação Digital mas também em outras disciplinas, o conteúdo Geekie prioriza a produção autoral, o compartilhamento de conhecimento e a criação de portfólios de aprendizagem e estudo.

Em um momento em que toda a educação está baseada em interações on-line a distância, alunos e alunas que estejam mais avançados em seus letramentos midiático e digital sabem usar as ferramentas da rede com mais responsabilidade e cuidado, sem grandes problemas. Educadores e educadoras que estejam nesse processo também têm mais preparo para lidar com esse momento bastante complicado.

A crise, nesse sentido, força todos(as) a repensarem a forma com que vêm lidando com a tecnologia, e mostra como a tecnologia se tornou um alicerce fundamental para o desenvolvimento da sociedade. Quem ainda se mostrava resistente a ela deverá se adaptar com rapidez – e entender a cultura digital e sua complexidade é o primeiro passo para isso.

* Ana Lourenço é editora das disciplinas eletivas do Ensino Médio e Fundamental. Jornalista formada pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e especializada em Educação e Tecnologia, atuando há mais de seis anos como repórter e editora de materiais jornalísticos e didáticos. Produziu e dirigiu o documentário “Rito do Mérito”, sobre os mitos e dificuldades do acesso ao ensino superior, além da série “Fora da Grade”, que retrata projetos inovadores e gratuitos de educação em São Paulo. Atua como editora de Educação Digital e disciplinas eletivas do Ensino Médio do Geekie One.

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