Gestão desafiadora: parece simples, e é

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gestão de prioridades na escola - Erick Nascimento Geekie

Somente quem vivencia o dia a dia da escola sabe a quantidade de “incêndios” diários que precisam ser apagados. Saber priorizar as demandas para delegá-las, negá-las ou colocar em uma lista de espera é uma ótima estratégia para organizar o dia a dia.

O nível de responsabilidade de quem faz gestão nunca é baixo, nunca é pouco, nunca é limitado. Quando se trata de gestão escolar, esse nível de complexidade é multiplicado, principalmente quando se entende a responsabilidade de conduzir uma parcela significativa da educação de dezenas (às vezes, centenas; às vezes, milhares) de estudantes.

Supervisão, coordenação, direção: esses são apenas alguns dos termos mais comuns e mais usados nas escolas como as principais personas que atuam na gestão escolar. Há muitas outras nomenclaturas, mas, em maior ou menor nível de responsabilidade, cada qual tem sua parcela de contribuição, com várias ações e atividades cotidianas que impactam diretamente o processo de ensino-aprendizagem.

Quando se diz aqui “várias ações e atividades”, somente quem vivencia o dia a dia da escola sabe a quantidade de “incêndios” diários que precisam ser apagados: estudante que se machuca, professor que falta, mãe de aluno que quer desconto, fornecedor que atrasa uma entrega, banheiro que entope, etc. Esses são apenas alguns exemplos infelizmente cotidianos daquilo que a gestão escolar enfrenta. Diante desse oceano de imprevistos (além das coisas que também já fazem parte da agenda regular), aparece um texto no InfoGeekie – portal de artigos e notícias sobre Educação, da Geekie – atribuindo a palavra “gestão” à “simplicidade”. Qual é a coerência disso?

Priorizar, negar, esperar ou delegar?

A Geekie não é uma escola, mas é uma empresa que tem a educação em sua gênese, como seu norte, seu objetivo e ideal. Minha experiência profissional começou como professor, passou pelo mundo editorial e desembocou aqui. Nesta trajetória, fui aprendendo e me desenvolvendo, mas nada como o que ocorreu com meu perfil profissional nesses anos na Geekie. Tudo isso para dizer que, exercendo a função de gestor, também enfrento desafios semelhantes aos que ocorrem na escola. Há pessoas autônomas, há pessoas dependentes, fáceis e difíceis, há orçamento, há textos a serem lidos e escritos, há comunicações com gente de fora, com gente de dentro e, apesar de haver uma agenda, sempre há imprevistos.

Com isso, a cada nova atividade que aparecia, fosse agendada ou imprevista, era necessário dar algum direcionamento, assim eu conseguia focar naquilo que era realmente indispensável. Foi quando cheguei ao breve esquema a seguir:

Para cada interseção de atividade há ações diferentes. Vamos discorrer sobre algumas delas:

  • Priorizar – Há determinadas ações que precisam ser executadas imediatamente, não podem esperar. Para além desse nível de urgência, seu nível de importância demanda que elas apenas sejam  feitas por você. É preciso parar tudo para colocar a mão na massa.
    Ex.: a mantenedora quer entender como anda o orçamento.
  • Delegar – Existem atividades que não podem esperar, mas que apresentam um nível de importância um pouco menor. Essa é uma das grandes oportunidades de começar a desenvolver também outras pessoas de liderança, afinal, sucessão é algo premente em qualquer nível de gestão.
    Ex.: um pai de aluno aparece de surpresa para falar de calendário de prova.
  • Esperar – Atividades que você mesmo precisa executar, mas que não precisam ser feitas naquele momento, merecem estar na sua sala de espera. Dizer “agora não” pode fazer uma grande diferença, pois ensina os demais a ter paciência, enquanto você pode focar naquilo que é mais urgente.
    Ex.: analisar as pessoas que merecem promoções salariais.
  • Negar – A palavra “não” é transformadora: a quantidade de vezes em que ela é dita diariamente é absurda, mas nem sempre ela é dita da forma mais adequada. Com o tempo, as pessoas entendem o que realmente deve ser levado para a gestão e o que elas podem (e devem) resolver sozinhas.
    Ex.: revisar a prova de um professor antes de sua aplicação.

Como diz o título, gerir parece simples, e é, mas isso não deixa de ser menos desafiador por conta de sua simplicidade. Há aqui dois aspectos dificultadores:  o primeiro deles está em fazer as pessoas entenderem que você precisa priorizar tarefas; é preciso que elas também queiram fazer as coisas (delegar) e saibam ouvir um “não”, seja momentâneo (esperar), seja permanente (negar). O segundo dificultador se refere ao julgamento: para cada ação ou atividade que lhe aparecem, é sua a decisão de julgar em qual critério elas se encaixam.

Muitos desses julgamentos são feitos no dia a dia e já há muito tempo. O que quisemos trazer aqui é apenas uma forma de sistematizá-los. Para citar novamente o título: isso é desafiador, mas, acredite (falo por experiência própria), muito prazeroso.

* Érick Nascimento é formado em Letras pela UFC e tem mestrado em Literatura Comparada pela mesma instituição. Após anos de experiência na sala de aula, na qual atuou desde o Ensino Infantil até o Ensino Superior, tornou-se coordenador pedagógico-editorial em um sistema de ensino. Atualmente, gerencia o time de conteúdo do Geekie One.

Veja outro artigo de Érick Nascimento no InfoGeekie:

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