“Tecnologia é apoio e não substituição da interação humana”

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Claudio Sassaki no Forum Edtech do GEduc 2019

Último dia do GEduc 2019 foi a estreia do I Fórum EdTech. Dividido em dois painéis, o fórum debateu como tecnologias podem ser facilitadoras de metodologias ativas e o uso da inteligência artificial como ferramenta para o sucesso do aluno. Claudio Sassaki, mestre em Educação por Standford e CEO da Geekie, participou de um dos painéis e conversou com gestores de todo o Brasil

O último dia do GEduc 2019 foi marcado pelo I Fórum EdTech. Com dois painéis, o evento se propôs a debater as tecnologias, metodologias ativas, inteligência artificial e learning analytics como ferramentas para o sucesso do aluno. O CEO e co-fundador da Geekie, Claudio Sassaki participou do evento e conversou com os congressistas sobre o potencial da obtenção de dados por meio da tecnologia e o uso dessas informações como evidências para potencializar o processo de aprendizagem.

Tecnologias facilitadoras para metodologias ativas e “inter-ativas”

O primeiro painel do fórum, “Tecnologias facilitadoras para metodologias ativas e ‘inter-ativas’” foi um momento para o debate teórico que sustenta o tema. Luís Cláudio Dallier Saldanha, diretor de Serviços Pedagógicos do Grupo Estácio e doutor em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), falou sobre a necessidade de a escola “desaprender” algumas práticas para não ficar refém do paradigma tradicional e conseguir se abrir para uma inovação significativa no processo de aprendizagem. “Não se trata de um descarte do passado e olhar para o novo de forma messiânica, mas desaprender algumas coisas que as deixam paradas, na inércia.”

Segundo o educador, as escolas precisam aprender com a cultura digital e tirar o máximo de proveito dela. “Não podemos atuar de forma acrítica e passiva, simplesmente sendo pautados pela agenda da tecnologia”, alertou Saldanha. Apesar da necessidade de inovar, as escolas não podem fazer o processo de adoção de tecnologias no contexto escolar de qualquer forma: “É preciso ser muito crítico com as tecnologias. Não é só adotá-las, mas ter uma apropriação crítica e criativa delas. Sem esta criticidade, as tecnologias serão casca e invólucro que caem no desuso por não despertar o interesse dos alunos e das alunas”.

Ainda no mesmo painel sobre metodologias ativas, Lilian Neves Barbosa lançou um olhar teórico sobre o assunto. Ela é consultora em gestão, educação e tecnologia pela Lever Consultoria, autora do livro “Gestão da Transformação educacional” e membro da Academia de Letras do Brasil. Barbosa trouxe uma abordagem teórica socioconstrutivista, com diretas referências às obras de Vygotsky, para refletir sobre as metodologias ativas e os caminhos da mudança na educação. Em sua exposição, Barbosa comentou que as escolas que mantém sua estratégia pedagógica inalterada frente ao novo contexto tecnológico pode enfrentar um alto risco para se manter no mercado. Porém, a estudiosa destaca que “aquelas que adotam e promovem uma inovação disruptiva no contexto escolar conseguirão operar na fluidez e na volatilidade de nosso novo cenário permeado pelas tecnologias, embora ainda com um risco médio” – este risco ligado inerentemente ao processo de inovação.

Sobre as mudanças na educação, Barbosa disse que esse caminho envolve evoluções em quatro pilares fundamentais da rotina escolar e pedagógica: nas metodologias, saindo de uma posição passiva e passando pela ativa até chegar ao ápice que são as metodologias interativas; na centralidade que precisa sair do papel do professor como detentor de conteúdo para uma centralidade no aluno e na aluna até chegar na autoregulação pelo próprio discente; no papel do professor que deve deixar de ser um instrutor para estimular a aprendizagem e, posteriormente, ser um interlocutor qualificado; e na tecnologia educacional, que precisa deixar de ser usada como ferramenta para assumir um papel de emancipadora das decisões do sujeito.

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A inteligência artificial e learning analytics como ferramenta para o sucesso do aluno

Gestores do GEduc participam de rotina ativa proposta por Claudio Sassaki, CEO da Geekie

O segundo painel do dia foi o momento debater “A inteligência artificial e learning analytics como ferramenta para o sucesso do aluno”. Claudio Sassaki, CEO e co-fundador da Geekie e mestre em Educação pela Universidade de Stanford, destacou a importância da participação mais ativa dos estudantes no processo de aprendizagem e como a tecnologia ajuda nessa tarefa. Para demonstrar a importância e a relevância de seu argumento, primeiro o educador convidou os congressistas a criarem uma “manchete de jornal” sobre como eles colocariam em um título curto e objetivo aquilo que pensavam sobre a relação da tecnologia com a educação. “A inteligência artificial na educação: uma vida além dos Jetsons?”; “Inteligência Artificial: onde fica o humano?” e “Inteligência Artificial no humano” foram as três respostas que três gestores apresentaram para toda a turma.

Sassaki explicou que a manchete é uma rotina pedagógica ativa que busca desenvolver a habilidade de sintetizar conteúdos e dar visibilidade a pensamentos. Essa informação é também um registro, no caso dos participantes do Fórum EdTech, do que cada um conhecia sobre o tema e o quanto assimilou, entendeu ou refletiu sobre as relações da inteligência artificial e a educação durante o GEduc 2019.

Com base no que foi revelado pelas manchetes dos congressistas, Sassaki reforçou que o uso de inteligência artificial na educação não representa a robotização e substituição do professor. Ao contrário deste senso comum, a tecnologia deve ser usada com intencionalidade pedagógica. Ela pode automatizar a educação por meio da coleta e processamento de dados para tornar visíveis relações e informações que, muitas vezes, são invisíveis para professores, professoras, coordenação e gestão. “Saber quais alunos e alunas visualizaram o material didático, iniciaram as tarefas de casa e quantas questões eles e elas acertaram. Todos esses são dados que os educadores não conseguem visualizar de forma fácil, mas, ao ter essas informações, podem elaborar evidências mais concretas sobre a individualidade de cada discente, entender quais as melhores metodologias para cada estudante e tomar decisões pedagógicas mais certeiras”, explicou o CEO da Geekie.

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Com dados e evidências, a personalização do processo de aprendizagem se torna uma estratégia fundamentada na realidade e nas individualidades dos discentes da escola. Com essa explicação, Sassaki perguntou aos gestores do público o que eles fariam em suas escolas se tivessem dados tão visíveis quanto os apresentados. Um dos participantes logo respondeu: “Eu faria conversas com professores para trocar percepções sobre os dados e poder replanejar as estratégias se necessário”.

Para finalizar a apresentação, Sassaki voltou às manchetes e propôs uma nova rotina pedagógica ativa: “Como vocês fariam as manchetes agora, depois do que discutimos?”. “Antes eu pensava… Agora eu penso…” é também uma prática para trabalhar com estudantes, assim como as manchetes. Depois de os participantes apresentarem sua ideia uns aos outros, uma das gestoras do fórum falou para todos qual seria seu novo título depois daquela apresentação: “Tecnologia é apoio e não substituição da interação humana”.

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Conheça também o e-book10 práticas pedagógicas baseadas em dados

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