No segundo dia do GEduc 2019, o “VIII Fórum de Inovação Acadêmica” debateu reflexos no futuro da economia e da sociedade provocados pelas tecnologias e a importância da humanidade neste contexto
O VIII Fórum de Inovação Acadêmica, parte da programação do GEduc 2019, foi um momento de discutir os efeitos das inovações tecnológicas para a economia e a sociedade. O especialista em economia digital, Gil Giardelli, abriu os debates da tarde com o tema “O futuro inteligente, além da inovação”. Em sua fala, o especialista reforçou a importância de preparar profissionais capacitados para um mundo dominado pela tecnologia, como antecipou na entrevista concedida ao InfoGeekie, em fevereiro (leia a entrevista aqui).
Já o professor Cassiano Zeferino de Carvalho Neto, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e fundador do Instituto Galileo Galilei para a Educação (IGGE), falou sobre “Educação 4.0: princípios e práticas de inovação em gestão e docência”.
Para Carvalho Neto, o paradigma, os currículos e os modelos de aprendizagem são os componentes invisíveis da superestrutura das escolas, primeira parte de um Modelo Sistêmico de Educação (MSE). Além desta, o modelo também conta com a mesoestrutura – composta por tecnologia, design instrucional, processos, metodologias, didática, técnicas e mídias – e a infraestrutura – mobiliário, equipamentos, dispositivos e instalações físicas. O professor do ITA reforçou, a partir da explicação desta tríade, a questão de que não é possível alterar apenas um de seus componentes, pois são todos interligados. Em outras palavras, não há nenhum efeito concreto e positivo quando a escola altera sua estrutura, adotando novas tecnologias ou derrubando paredes para criar um espaço sem limites físicos, se as metodologias, os modelos de aprendizagem e o paradigma se mantém o mesmo.
As competências da BNCC para o docente
O segundo painel do fórum sobre inovação acadêmica, com o tema “A inovação disruptiva não está na transformação digital e sim na transformação humana”, foi presidido por Anna Penido, diretora do Inspirare. Em sua fala, ela relembrou que a educação passa por uma transformação cultural e uma mudança de paradigma, o que leva tempo mas exige processos de transformação profundos.
No professor e na professora, segundo Penido, a mudança é em seu papel, assumindo uma função de mentor, mediador, curador e designer da aprendizagem. Estão envolvidos nesse papel o trabalho com o pensamento crítico no aluno e na aluna e a personalização do ensino a partir das individualidade e das relações entre docentes e discentes.
Também faz parte desta mudança a assimilação, reconhecimento ou desenvolvimento das competências e habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) pelos próprios educadores e educadores. Os docentes, além de dominar seus componentes curriculares, precisam valorizar seu conhecimento e adquirir novas práticas, uma reflexão que está relacionada com a competência de usar o conhecimento adquirido. Penido também aborda a curiosidade intelectual como componente do pensamento crítico e científico; se abrir para a multiculturalidade como fundamento para trabalhar com repertório cultural; conhecer e entender o impacto da cultura digital; encontrar, de fato, o propósito da profissão para estabelecer um engajamento com seus alunos e alunas e falar sobre trabalho e projeto de vida; conhecer dados, fatos e evidências para argumentar e desenvolver essa competência na turma; conhecer cada estudante e suas singularidades para ensinar empatia e cooperação pelo bom exemplo.
Ainda no painel sobre inovação disruptiva e transformação humana, Emanuel Santana, Diretor de Sistema de Ensino e Inovação da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC), começou sua fala com uma provocação: “E se o palestrante, hoje, fosse um robô?” A questão direcionada ao público tinha como objetivo sugerir uma reflexão sobre como os gestores participantes do GEduc 2019 encaravam o futuro. Este futuro seria dominado por máquinas? Seria negativo e amedrontador ou positivo e otimista? “Vocês têm medo dos robôs? E dos humanos?”, provocou mais uma vez.
Retomando o tema dos efeitos das inovações, Santana falou que algumas perguntas do passado não fazem mais sentido no atual contexto. “Por que perguntar para a criança ‘O que você vai ser quando crescer?’ se 65% das profissões ainda não existem e 47% será automatizado até 2033? Também perguntar ‘Qual é sua área?’ não faz sentido porque no Brasil, apenas 47% dos jovens trabalham em sua área de formação”, comentou o educador.
Com os exemplos, Santana trouxe ao debate o fato de que “aprender, desaprender e reaprender vai fazer parte do cotidiano futuro das crianças de hoje”, explicou. A tendência, segundo ele, é que os profissionais tenham vários empregos e em diferentes áreas ao longo de suas carreiras – é por este motivo que a adaptação é uma característica fundamental.
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