No começo eram faltas esporádicas. Depois, passaram a ser semanais. A professora foi se acostumando ao silêncio quando chamava o nome do(a) aluno(a). Até que um dia ele não apareceu mais, a ponto de ser riscado da lista de chamada. Infelizmente, a evasão escolar é comum nas escolas brasileiras.
Um levantamento feito pelo movimento Todos Pela Educação com base nos dados de 2012 a 2018 da Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar Contínua (Pnad) indica que 36,4% dos jovens brasileiros não conseguem concluir o ensino médio até os 19 anos – o que já são 2 anos depois de idade adequada.
Modificar esse quadro não é tarefa fácil. Variáveis como situação social e dinâmica familiar estão envolvidas, entre outros elementos que vão além dos muros da escola, mas há posturas que podem ser adotadas e que podem melhorar gradativamente a situação. Que tal discutirmos um pouco a evasão escolar e como ela pode ser reduzida?
O principal motivo da evasão escolar contraria o senso comum
A evasão escolar tem vários motivos, ligados a contextos diversos. Um olhar mais aprofundado revela que a maior causa do abandono escolar, provavelmente, não é a que você pensou. Por décadas repetiu-se o discurso de que o aluno abandonava o ensino médio para trabalhar. Mas, uma pesquisa de 2009 da Fundação Getúlio Vargas mostrou, com base nos dados da Pnad de 2006, que 40,3% dos jovens de 15 a 17 anos tinham abandonado os estudos por falta de interesse.
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Essa falta de interesse está na raiz do diagnóstico de muitos educadores de que é preciso mudar o currículo do ensino médio. Falta de foco, com excesso de conteúdo, e ausência de contextualização estão entre as críticas mais frequentes. Porém, existe também um problema conceitual. Um exemplo disso são as aulas sem participação dos alunos, que se limitam a ouvir palestras dos professores e, quando muito, anotam o que foi escrito na lousa.
Algumas armas podem ajudar na batalha contra a evasão escolar
Na tarefa de engajar o aluno, a dobradinha tecnologia e educação pode ter um papel importante, aproximando o conteúdo do universo digital dos estudantes e liberando o professor para dar uma atenção mais individualizada aos estudantes. O ensino híbrido, tendência que intercala formas de aprendizado online e offline, já vem apresentando bons resultados neste sentido: na rede Miami Date, que passou a adotar esta tendência, o índice de conclusão do ensino médio cresceu em 26%. (Conheça o case aqui.)
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A inserção da tecnologia na educação não se limita a deixar o conteúdo mais atrativo: para combater a evasão escolar é essencial que os educadores tenham atenção redobrada com os estudantes que estão com dificuldade nas disciplinas e aparentam desmotivação – um sintoma claro disso é deixar de realizar os deveres de casa ou de estudar para provas. Por outro lado, há situações em que crianças e adolescentes com bom potencial não se sentem desafiados e deixam de se interessar pelos estudos. Nos dois casos a tecnologia pode ajudar!
Antigamente, seria impossível exigir isso dos professores, especialmente em classes grandes, com mais de 40 estudantes. Com a tecnologia, o aprendizado personalizado já é usado hoje em várias escolas brasileiras. O Geekie One, por exemplo, permite acompanhar o progresso dos alunos em tempo real. Como uma nova dinâmica pedagógica, o Geekie One alia tecnologia à intencionalidade pedagógica e consultoria parceira na jornada de inovação de cada escola.
O material didático digital permite que professores e professoras identifiquem os pontos fracos e fortes de cada estudante, tornando visível o aprendizado e permitindo um ensino personalizado a partir de recomendações para que cada estudante trabalhe em cima de suas deficiências. Da mesma forma, avaliações externas, como o Geekie Teste e seu formato de um simulado do Exame Nacional do Ensino Médio, permitem mapear deficiências e o professor pode sugerir trabalhos pedagógicos específicos para determinados alunos, como aulas de reforço.
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O contexto influencia, mas a mudança já pode começar dentro dos muros
Embora não tenha sido citada como a causa principal da evasão escolar, a necessidade de trabalho e renda é um aspecto importante do abandono da escola. Foi mencionada por 27,1% dos jovens incluídos na pesquisa da FGV. Muitos adolescentes e jovens entram no mercado de trabalho cedo demais e a vida escolar acaba sendo sacrificada.
É preciso considerar também que quem permanece na escola muitas vezes concilia os estudos com o trabalho, o que afeta seu rendimento. Segundo a pesquisa da FGV, aos 18 anos 53% dos jovens frequentam as aulas e 54% trabalham. Aqui, de novo, a oferta de material online para o estudante ter acesso a conteúdo que perdeu ou deixou de assimilar por cansaço pode provocar efeitos positivos.
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No levantamento da FGV, a dificuldade de acesso à escola foi mencionada por 10,9% dos jovens como causa do abandono das aulas. Esse fator é especialmente importante na zona rural e na periferia dos grandes centros urbanos e uma das questões mais sérias relacionadas à evasão escolar, porque envolve um problema social que foge do aspecto pedagógico. Mesmo assim, a escola não pode se omitir. Precisa ser parceira do aluno na busca por uma solução, agindo até mesmo como intermediária da transferência dele para um colégio mais próximo de casa.
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Combater a evasão escolar exige trabalho diário
Justamente por ser consequência de vários fatores, a evasão escolar não pode ser evitada por ações pontuais. Para atenuar esse fenômeno, é preciso colocar o tema na pauta do planejamento pedagógico no começo do ano e discutir o assunto de forma regular ao longo do semestre. Só assim é possível identificar logo alunos com propensão a problemas e trabalhar as causas desse comportamento. Normalmente o abandono dos estudos é apenas a última etapa de um processo que começa bem antes.
Além de atacar situações emergenciais, no dia a dia, a providência básica é sempre fazer a chamada na sala de aula. Além de permitir que o acompanhamento das faltas seja feito de forma constante, a chamada é um momento (às vezes o único) no qual o professor chama o aluno pelo nome. Existem alternativas tecnológicas, porém. Algumas escolas, como as da rede estadual do Rio, adotaram a prática de avisar por SMS os pais caso os alunos faltem. Em 2012, matriculados na rede de Vitória da Conquista (BA) receberam uniformes com chips, que disparavam alertas se os garotos não passassem por um sensor instalado na portaria.
Um dos caminhos que também levam à evasão escolar é o das punições por indisciplina. A direção não pode ser inflexível nem se colocar contra o estudante. A indisciplina é sintoma de um desajuste que, em boa parte dos casos, está além da esfera pedagógica. Trabalhar próximo da família do aluno com problemas de adaptação é fundamental.
Nesse aspecto da indisciplina existe um capítulo específico, o do bullying, que também pode causar abandono escolar. Aqui, a escola precisa se antecipar a eventuais casos, fazendo campanhas para mostrar que está atenta à questão e usando atividades pedagógicas e extraclasse para integrar os estudantes mais tímidos.
Caso, esgotado todo esse arsenal, o aluno deixar de frequentar as aulas, é hora de tomar outras atitudes. Visitar a família é um passo importante, porque permite conhecer o problema de perto e definir com as famílias estratégias para que a situação não se repita. Se nada disso resolver, ainda é possível recorrer ao Conselho Tutelar, que entra em contato com as famílias para exigir que os direitos da infância e da adolescência sejam cumpridos, ou mesmo ao Ministério Público, que pode pressionar pais e responsáveis sob pena de punições legais.
A frequência escolar é fundamental para o aluno, que aprende muito mais, e para a escola, que investe de forma adequada o dinheiro público ou a receita das mensalidades. Por isso, a evasão escolar é um problema que precisa ser combatido dia após dia, ano após ano. O que sua escola tem feito a respeito? Que medidas têm sido eficazes? Compartilhe sua experiência nos comentários abaixo!
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