5 boas perguntas para deixar os alunos mais envolvidos na aula

Colunas
Professora faz perguntas aos alunos

Fazer boas perguntas é essencial para a aprendizagem – mas o que são boas perguntas? A educadora Claudia Zuppini dá estratégias para planejar com eficiência e inserir questionamentos em sua aula. Confira:

Desde a antiguidade, o ser humano busca o conhecimento através das perguntas que fazia, pela observação da natureza, das manifestações do mundo ao seu redor. Foram essas inquietações que fizeram com que a humanidade avançasse cada vez mais no conhecimento.

Grandes filósofos desenvolveram estruturas de pensamentos para atingir o ápice do conhecimento, todas focadas no questionamento sobre seu objeto de estudo. A maiêutica, por exemplo, criada por Sócrates no século IV a.C., segue uma linha da filosofia que busca a verdade dentro do homem através de questões simples, inseridas dentro de um contexto determinado. O aluno seria indagado pelo seu tutor até chegar à luz de ideias complexas.

Saber fazer perguntas estratégicas é o cerne do trabalho docente. Perguntas bem estruturadas colaboram para que os alunos e as alunas consigam compreender conceitos complexos, quando feitas em blocos que permitam uma progressão por cada parte que constitui o todo.

Questionar é a arte de sequenciar perguntas

Você sabe por que os professores e as professoras fazem perguntas em suas aulas? Segundo Lemov, 2011 para termos aulas produtivas, os(as) docentes fazem perguntas para:

ORIENTAR ESTUDANTES PARA QUE COMPREENDAM UM ASSUNTO NOVO

A meta é construir o conhecimento e o domínio sobre um determinado conceito ou habilidade sistematicamente pré-planejada (o objetivo da aula), o que é geralmente feito partindo de uma ideia simples e antecipando os pontos nos quais os alunos podem vir a ter dificuldade.

ESTIMULAR OS ALUNOS E AS ALUNAS A REALIZAR A MAIOR PARTE DO RACIOCÍNIO

Esse objetivo é usado quando o(a) professor(a) supõe que estudantes já têm um conhecimento anterior, que começaram a dominar. A finalidade é fazer com que eles(as) reconheçam essa informação e se apropriem dela, por meio de estímulos para que realizem a maior parte do trabalho.

CORRIGIR UM ERRO

O aluno ou a aluna dá uma resposta errada e o professor ou a professora aproveita para dividir o conceito original em partes menores, ampliando a compreensão por meio de mais perguntas, com o intuito de que ele domine o conceito original. Esse tipo de questionamento tende a ser uma sequência de perguntas reativas e mais curtas.

“PUXAR” MAIS OS ALUNOS E AS ALUNAS

O(A) professor(a) reage a um aluno ou uma aluna que aparenta ter domínio sobre um determinado conteúdo – que responde corretamente a uma pergunta ou a uma série delas – propondo que ele(a) aplique o conceito em um nível de dificuldade maior ou em um contexto diferente, de forma a testar a solidez da resposta correta e favorecer a ampliação do conhecimento do aluno. Esse tipo de técnica também envolve sequências de perguntas reativas e mais curtas.

VERIFICAR O ENTENDIMENTO

O professor e a professora utilizam o questionamento para testar o domínio dos alunos e das alunas sobre determinado assunto, escolhendo uma pergunta estratégica para saber quanto eles e elas aprenderam daquilo que ensinou. Essa pergunta pode ser feita oralmente ou por escrito, checando rapidamente os resultados para que se possa dar continuidade ao assunto.

As competências da BNCC_CTA2

Há cinco maneiras de criar perguntas claras e concisas!

O tipo de questionamento do professor ou da professora pode ter mais do que uma das intenções citadas. O importante é que as perguntas possam estimular os alunos e as alunas a desenvolverem o conceito ou habilidade almejada, além de engajá-los(as) na aula.

Ao fazer perguntas para tornar as aulas mais produtivas, o(a) professor(a) deve se certificar de que, caso a turma não acerte algumas, não seja por que elas estarem mal formulada; por isso, as perguntas devem ser claras e concisas.

cinco maneiras para deixar suas perguntas mais claras e concisas, de acordo Lemov:

Comece com um pronome interrogativo

Que, quando, por que, como. Assim, os alunos saberão que você está fazendo uma pergunta e começarão a pensar na resposta desde o início.

Limite suas perguntas a duas frases

Perguntas muito elaboradas confundem alunos e alunas iniciantes, faça perguntas rigorosas e exigentes, mas limite-as a duas orações.

Quando forem importantes, escreva suas perguntas antecipadamente

A melhor maneira de formular a pergunta exata é por escrito, como parte do planejamento da aula.

Faça uma pergunta real

Diga: “Por que a personagem acha isto?” em vez de “mas a personagem não acha isto?”. A segunda frase confunde os alunos e deixa implícita qual resposta o professor espera.

Parta do pressuposto que eles sabem a resposta

Pergunte: “Quem pode me dizer…” em vez de “será que alguém pode me dizer…”. A segunda frase expressa dúvida.

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Percebam que é o no momento do planejamento que essas questões devem ser elaboradas. Elas devem estar de acordo com o objetivo que se pretende alcançar na aula.

Muitas vezes, não tomamos tais cuidados na formulação de questões, mas são esses pequenos detalhes que fazem a diferença e demonstram o cuidado do professor ou da professora no planejamento de sua disciplina. As questões bem formuladas irão colaborar para que estudantes possam evoluir no seu processo cognitivo, além de proporcionar maior engajamento, por parte deles, na aula.

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* Claudia Zuppini Dalcorso, doutora e mestre em Educação pela PUC-SP é formada em Pedagogia com especialização em Ensino Fundamental pela FEUSP/USP e em Gestão Escolar pela UFABC. Tem 27 anos de experiência em educação como professora de Educação Infantil, Ensino Fundamental e diretora de escola. Atuou na assessoria de planejamento na Secretaria de Educação de Diadema, como consultora educacional em vários projetos voltados para gestão escolar e formação de professores em parceria com a Fundação Lemann, o Conselho Britânico, Microsoft e o Instituto Crescer. Foi professora no curso de pós-graduação para gestores escolares na Universidade Anhembi-Morumbi e no programa Parfor pela PUC/SP. Foi premiada em 2007 com o Prêmio Escola Nota 10, concedido pela Fundação Victor Civita. É Conselheira Consultiva da Associação Nova Escola e integrante do Programa Talentos da Educação da Fundação Lemann. Produz artigos para blogs, revistas e livros de educação. Sócia-fundadora da Elos Educacional e atua na direção de programas de formação de professores e gestores.

Texto originalmente publicado em 2 de dezembro de 2016 e atualizado em 2 de agosto de 2020

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