Aumentar a participação e interesse dos alunos é o sonho de qualquer professor. A consultora de Técnicas Didáticas e Gestão para a Aprendizagem, Silvana Tamassia, da Elos Educacional, dá 5 dicas para conquistar a atenção dos jovens em 2017!
Estamos começando um novo ano e, com certeza, teremos muito trabalho e muitos aprendizados pela frente! Para contribuir com a qualidade de sua prática pedagógica e trazer novas reflexões sobre os momentos em sala de aula, vamos falar sobre alguns desafios para a gestão deste espaço, de modo a garantir a participação de todos os alunos.
Crie suspense
Pensando na participação ativa dos alunos nos momentos dialogados da aula, uma boa estratégia, conhecida no livro Aula Nota 10 (Doug Lemov) como “de surpresa”, é fazer perguntas aos alunos sobre o assunto em questão de maneira aleatória. Ou seja, você faz uma pergunta que ajude a turma a entender melhor o conteúdo discutido, mas não diz o nome de quem irá responder, nem chama o primeiro que levantar a mão. Em vez disso, o professor faz a pergunta e, ao final, diz o nome do aluno que deverá respondê-la. Quais são as consequências do desmatamento das matas ciliares… Júlia?
Ao fazer isso, o professor deixa todos os alunos na expectativa de serem chamados e impulsiona todos a pensarem sobre a pergunta. Para maximizar essa participação por parte dos alunos, ele pode até fazer um breve intervalo – apenas alguns segundos – entre a pergunta e o nome, para que os alunos possam ativar seus conhecimentos sobre o assunto, preparando-se para responder. Assim, mesmo os que não tiverem que responder em voz alta acabam por pensar na resposta, proporcionando maior aprendizado para todos.
Garanta que todos participem
Surge, então, um novo problema: e se o aluno chamado não souber responder a questão?
Então, o professor pode fazer uso de outra estratégia chamada “sem escapatória”. O nome parece um pouco estranho, mas a ideia é mostrar aos alunos que, nesta aula, todos serão chamados a participar e a aprender, que não há escapatória para o aprendizado!
A abordagem é simples: sempre que o professor fizer uma pergunta e o aluno não souber responder, ele passa a outro aluno que possa ajudar respondendo à questão. Depois disso, ele volta ao aluno inicial que não soube responder e pergunta a ele: agora você já sabe? Você pode responder, então?
Mesmo que, num primeiro momento, o aluno apenas repita o que o colega anterior falou, o professor vai estimulando a participação e o aprendizado de todos e deixando clara a importância de estarem atentos ao que está sendo discutido na aula. Assista a um exemplo dessa estratégia:
Dê tempo para que eles pensem
Outro ponto que favorece a participação dos alunos em sala de aula é dar tempo para que todos pensem após realizar uma pergunta – estratégia que complementa a 1ª sugestão. Ou seja, em vez de já escolher entre os que rapidamente levantam a mão, dê alguns segundos após a sua pergunta estimulando todos alunos a pensarem na resposta.
O professor pode, inclusive, estimular os alunos com frases do tipo: Quem mais sabe a resposta? Quero ver mais mãos levantadas… Essa ação simples pode contribuir muito com aqueles estudantes que até querem participar, mas que não se sentem tão seguros ou são menos motivados. Eles sabem que alguém mais rápido virá com a resposta pronta, e isso faz com que se acomodem em sua condição, sem nem tentar ou sem sequer pensar sobre a questão levantada.
Crie discussões
Em geral, os alunos participam pouco durante as aulas. Quando isso acontece, geralmente, a situação é uma das duas: a interação direta com o professor, que vai trazendo novos conceitos e realizando questões para estimular a participação dos alunos; ou em pequenos grupos com os colegas, durante a realização de alguma atividade.
Entretanto, outros momentos de potencial para a participação acontecem durante a aula. Eles podem ser utilizados de modo a levar os alunos a ouvir criticamente a opinião dos colegas e se posicionar com relação ao que está sendo discutido. Como isso acontece?
Após o comentário ou resposta de um estudante, o professor pode chamar outro colega e dizer: Kátia, você concorda com o Alex? Em que ponto você discorda dele? Ao elaborar argumentos para concordar ou discordar do colega, o aluno precisa colocar em jogo os seus conhecimentos e levantar hipóteses sobre o assunto, elaborando seu pensamento de maneira estruturada.
Desse modo, todos ficam atentos, pois podem ser chamados pelo professor para posicionar-se diante dos demais alunos da turma – além de ser uma oportunidade para que desenvolvam o seu potencial cognitivo.
Dê um gostinho do que vem por aí
Durante a aula, há momentos de maior e menor engajamento. Mesclar estratégias ao longo dos 50 minutos ajuda os alunos a se manterem ativos durante toda a aula. Para isso, uma boa estratégia é dar pílulas do que está por vir, anunciar os próximos passos para deixá-los instigados ou curiosos. Daqui a pouco, vamos colocar esses conhecimentos à prova…
Todas as sugestões indicadas acima têm como objetivo aumentar o interesse e participação dos alunos durante a aula, potencializando sua aprendizagem. A intenção é, ao mesmo tempo, fazer com que eles interajam durante a aula, fiquem atentos tanto aos comentários dos colegas quanto às falas do professor, e, consequentemente, possibilitar maior desenvolvimento cognitivo de todos os alunos.
Se você já utiliza essas abordagens, torne-as ações permanentes em sua rotina pedagógica. Se ainda não as utiliza, pense em maneiras de incluí-las como estratégias que possam qualificar a aula e garantir a participação de todos!
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* Silvana Tamassia é mestre em Educação: Currículo pela PUC-SP, na linha de pesquisa sobre formação de professores. Formada em Pedagogia com especialização em Psicopedagogia e Educação Infantil pela UNIA. Atualmente, é aluna do MBA em Gestão Empresarial da FGV. Tem vasta experiência na área da educação há 25 anos, tendo atuado como professora e coordenadora pedagógica em escolas públicas e privadas, além de professora no Ensino Superior em cursos de Pedagogia na UNIESP e Pós-Graduação na UNIA e Anhembi-Morumbi. Coordenou e produziu materiais para diversos projetos na área educacional em parceria com Fundação Lemann, Instituto Unibanco, Itaú BBA, Instituto Natura e Instituto Crescer. Em 2007 conquistou o Prêmio Escola Nota 10, concedido pela Fundação Victor Civita. É colunista da Geekie, e produz artigos para blogs, revistas e livros sobre educação. Atualmente é sócio-fundadora da Elos Educacional atuando em programas de formação de professores e gestores e membro da rede de Talentos da Educação da Fundação Lemann. Para dúvidas ou sugestões, escreva para silvanatamassia@
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