Pensamento visual consiste na representação de conteúdos através de desenhos, anotações e organogramas que facilitam a memorização. Saiba usá-lo na sala de aula para incentivar a autonomia dos alunos em qualquer disciplina!
Nos nossos últimos artigos, falamos sobre como o Design Thinking transformou o nosso olhar diante dos desafios que enfrentamos na escola – e ainda contribuiu para o empoderamento dos nossos alunos. Além disso, mostramos como o pensamento visual pode contribuir para inovar na escola de forma acessível financeiramente. A partir deste artigo, até o fim do ano, traremos uma sequência de textos com foco na sala de aula, ou seja, no trabalho docente e no processo de ensino e aprendizado. Hoje, falamos sobre como o pensamento visual pode incentivar a autonomia dos alunos em qualquer disciplina.
Umas das grandes discussões na educação atual gira em torno de como tornar nossos alunos protagonistas no processo de aprendizagem, não simplesmente espectadores e receptores de conhecimento. Nós acreditamos que, além do protagonismo, é necessário estimular a autonomia desses jovens para que eles sejam atuantes em seu processo de aprendizagem. Apenas assim, serão capazes de organizar melhor os conteúdos aprendidos e ter mais clareza quanto a quais são suas reais dificuldades e necessidades.
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Existem inúmeras formas de estimular a autonomia dos alunos e uma delas, no nosso ponto de vista, é propiciar ao aluno o contato com ferramentas do pensamento visual – cuja função é estruturar ideias e organizar pensamentos de forma visual, e, consequentemente, mais clara e de fácil assimilação. As duas ferramentas de pensamento visual que compartilhamos com nossos alunos são: o mapa mental e as anotações criativas. Além delas, ensinamos também o Método Cornell de anotações.
Pensamento visual: mapa mental, anotação criativa e Cornell
O mapa mental é uma ferramenta para representar ideias, tarefas e conceitos de forma visual a partir de uma palavra, ideia ou conceito central, levantando e agrupando ideias de acordo com as relações existentes.
Já as anotações criativas são uma oportunidade para que os alunos façam anotações de forma livre, criativa e não linear, facilitando a assimilação dos conteúdos de acordo com as facilidades e preferências de cada um. Com esse método de anotações, os alunos podem utilizar os cadernos e canetas que já possuem para escrever, desenhar e organizar conteúdos da forma como acharem melhor.
O método de Cornell, por sua vez, permite ao aluno fazer fichamentos de livros e anotar as aulas de modo que destaque as informações mais importantes: palavras-chave, conceitos, dúvidas, assim como eventuais leituras ou pesquisas complementares necessárias.
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Acreditamos que dominar essas ferramentas torna o aluno muito mais autônomo em seu processo de aprendizagem e facilita as práticas de estudos. Com elas, é possível organizar e reorganizar os conteúdos que aprende, relacionando, de acordo com seu entendimento e experiência individual, assuntos de uma mesma disciplina ou de disciplinas diferentes, gerando assim uma visão interdisciplinar das aulas.
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Do ponto de visto do professor, levar o pensamento visual para a sala de aula facilita a percepção e avaliação do aprendizado da turma, uma vez que é possível observar como os estudantes organizaram os conhecimentos, o quanto se envolveram nas dinâmicas da aula e o que aprenderam. Tudo isso permite saber se suas aulas foram assertivas e alcançaram, de fato, os alunos – o que, por sua vez, ajuda a reavaliar e reorientar as práticas docentes.
Pensamento visual vale para qualquer disciplina
Portanto, a utilização do pensamento visual é vantajosa porque faz com que os alunos organizem seus conhecimentos e desenvolvam suas capacidades de criação. Paralelamente, o professor tem uma visão mais qualitativa e imediata do resultado de suas aulas, pois pode visualizar de que maneira o aluno assimilou e relacionou os conteúdos discutidos.
Os resultados disso já são perceptíveis nas nossas aulas: notamos que os alunos passaram a anotar a matéria de forma mais criativa e visual e que isso os tem ajudado em outras disciplinas. Recentemente, um aluno veio nos contar que tinha dificuldade em assimilar os conteúdos sobre a Roma Antiga… Mas conseguiu sanar essa dificuldade fazendo um mapa mental sobre o tema!
Outro aluno já veio nos mostrar o mapa mental que fez do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, para que pudesse assimilar melhor o enredo do livro, assim como gravar informações conceituais relevantes acerca da trama. Esse retorno positivo dos alunos nos alegra muito. Agora, já é frequente ver alguém anotar as nossas aulas com canetinhas e post-its, o que é fantástico! É muito gratificante para nós saber que o pensamento visual inspira e ajuda os alunos não apenas nossas aulas, mas também em outros contextos.
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* Elisangela Goulart e Vanessa Giron são colunistas do InfoGeekie. Elisangela é professora e geógrafa de formação, com MBA em educação cognitiva. Professora desde 2010 no Centro Estadual de Educação Tecnológica “Paula Souza”. Utiliza o Design Thinking e o Pensamento Visual nas suas práticas educacionais desde 2015. Entre em contato: emottagoulart@gmail.com
* Vanessa Giron é formada em Letras, português e grego clássico, e mestre em Letras Clássicas pela USP. Professora desde 2011 e Coordenadora de Ensino Médio desde 2015, no Centro Estadual de Educação Tecnológica “Paula Souza”. Utiliza o Design Thinking e o Pensamento Visual nas suas práticas educacionais desde 2015. Entre em contato: profvanessagiron@gmail.com