Se quisermos estabelecer uma relação entre inovação e sucesso escolar precisamos considerar a gestão da inovação como denominador comum nesta equação.
Inovar na Educação significa estabelecer uma trajetória de aprendizagem contínua para responder às incertezas de um futuro imprevisível, onde novas tecnologias e profissões surgem em um piscar de olhos. Por isso, são necessários, no presente, novas estratégias e ferramentas que ajudarão a desenhar novas competências e habilidades que definem o sucesso escolar.
A complexidade do processo educacional do século 21 supera a competência da escola e chama à responsabilidade todos os interessados na renovação do conhecimento e dos modelos de ensino e aprendizagem. O envolvimento de pais, estudantes, professores, governo, empresas inovadoras (startups) e sociedade civil é urgente. Mecanismos e estruturas precisam existir para suportar essa participação e colaboração de maneira permanente.
Um exemplo de que a inovação educacional é tratada como estratégica para o futuro de uma nação vem dos Estados Unidos. Lá, existe um projeto chamado Reimagining Learning: A Big Bet on the Future of American Education (Reimaginar a aprendizagem: uma grande aposta no futuro da Educação americana). O projeto é idealizado pela New Schools, uma organização que investe em startups (empresas jovens com foco em tecnologia) com potencial para transformar a Educação, fundada em 1998.
A iniciativa visa investir U$ 4 bilhões em filantropia, ao longo de 10 anos, para melhorar drasticamente o desempenho das escolas americanas; aliada a uma visão emergente de como as escolas poderiam produzir resultados muito melhores e mais amplos para os alunos – ou seja, não só aumentar o sucesso escolar, mas redefinir o que é o sucesso escolar, muito além do resultado de uma prova.
Por trás deste fundo filantrópico estão, entre outros, Bill Gates, Mark Zuckerberg e Michael Dell. O investimento será dividido em três áreas:
- Investimento em 7.700 escolas inovadoras e tecnologias educacionais, em pesquisa;
- Desenvolvimento sobre os resultados que essas escolas e tecnologias estão produzindo (e como melhorá-los); e
- Campanhas para fomentar a compreensão e a demanda sobre inovação educacional.
Para países desenvolvidos, está clara a importância de se investir em inovação educacional e não na manutenção do status quo. No Brasil, também encontramos iniciativas inovadoras em 178 escolas reconhecidas pelo MEC e, aproximadamente, 200 startups de Educação. Entretanto, esses números tendem a crescer se houver investimento e fomento à inovação educacional oriundos do governo, da iniciativa privada e da sociedade civil.
Sucesso escolar depende da escola – mas também os pais, o governo, a sociedade civil e a iniciativa privada
A escola não consegue traçar um plano de inovação que vise o sucesso escolar se não estabelecer uma relação construtiva com o estudante, com os pais e com os professores. O contrário também é verdadeiro: no papel de estudante, família ou professor, você só é capaz de participar ativamente da escola adotando uma postura positiva a respeito da mudança, com abertura para discutir inovação e entendimento do objetivo no longo prazo.
É certo que o processo de inovação educacional contém mais perguntas do que respostas. Seja qual peça você for nesse tabuleiro – se você pretende investir em mudanças na sua escola, na Educação do seu filho ou na criação de novas tecnologias e metodologias para melhorar o sucesso escolar – considere investigar as reais necessidades por trás da mudança, os desafios envolvidos e os resultados desejados. E, tão importante quanto, estabeleça indicadores para avaliar periodicamente os resultados obtidos.
O futuro que queremos enquanto sociedade depende da Educação que nos é oferecida, da compreensão que temos sobre a sua importância e da participação real na definição do que é qualidade na Educação. Por isso, quero convidá-lo(a) para iniciar um processo de investigação, movido pelo objetivo e pela proposição em descobrir mais sobre como a inovação educacional poderá mudar o rumo da sociedade brasileira. Mãos à obra?
* Thiago Chaer possui mais de 15 anos de experiência em inovação e tecnologia digital, atua como Palestrante, Mentor de startups de EdTech. É membro da ABStartups, do Comitê Especial de Educação Digital na OAB (2016-2019) e Co-autor do Compromisso de Privacidade de Dados Educacionais. Atualmente, Thiago é sócio-fundador e CEO da Future Education, pré-aceleradora de startups de edtech (www.futureeducation.com.br).
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