Nos dias 5 e 12 de novembro deste ano, ocorreu o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2017. Foram 6.731.203 candidatos inscritos em todo o país. Confira o parecer do time de avaliação da Geekie sobre a prova!
A prova é composta por um total 180 questões divididas igualmente para as quatros áreas do conhecimento (Linguagens e Códigos; Ciências Humanas; Ciências da Natureza; e, Matemática) mais uma redação (no formato dissertativo-argumentativo).
Neste contexto, o time de avaliação da Geekie preparou um documento que apresenta, por área do conhecimento: as principais tendências da prova, os assuntos que foram mais cobrados e o que mudou na prova do Enem em relação aos anos anteriores.
ENEM 2017: Linguagens e Códigos e suas Tecnologias
A prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, em relação a inglês e espanhol, seguiu a tendência histórica do exame: as habilidades 5 e 6, “Associar vocábulos e expressões de um texto em LEM ao seu tema” e “Utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de acesso a informações, tecnologias e culturas.”, respectivamente, destacaram-se, exigindo do aluno boa interpretação e conhecimento de mundo. Como é característico do Enem, as questões de LEM não avaliam aspectos gramaticais ou somente conteúdo, mas voltam-se mais para o uso da língua estrangeira – característica também cultivada nas provas Geekie Enem. Além disso, o nível de dificuldade manteve o padrão das provas anteriores.
Em relação a linguagens, as habilidades foram bem distribuídas por meio, principalmente, dos seguintes assuntos:
- Variedades linguísticas
- Modernidade e pós-modernidade
- Impacto e função das Tecnologias da Informação e Comunicação
- Modalidade informal oral
- Funções da linguagem
- Gêneros literários
- Gênero textual
- Estratégias de convencimento
- Argumentação
- Conceitos fundamentais de semântica
- Literatura contemporânea
- Esporte e inclusão social
- Idade Contemporânea
A prova trabalhou itens bastante contextualizados, como a letra dos Racionais MC’s cujo assunto é a crítica à ausência de lazer e infraestrutura aos mais pobres, além da temática da violência doméstica em um item sobre a finalidade de uma campanha publicitária – exemplos de questões que levam o aluno a refletir a respeito de temas sociais.
Em Arte, os assuntos Modernidade e Idade Contemporânea destacaram-se, como já era esperado, exigindo do aluno conhecimento de mundo e capacidade de associação artística, como a associação entre grafite e xilogravura.
Com ênfase em habilidades e competências, a prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias exigiu do aluno interpretação adequada de textos, dos mais variados gêneros – como é comum no ENEM. A prova apresentou um nível de dificuldade no padrão dos anos anteriores, principalmente em Literatura e Arte, cuja concentração de itens mais difíceis foi notável, e muita semelhança com o Geekie Enem, desde os diferentes gêneros textuais trabalhados até o formato e abrangência de assuntos e subassuntos.
ENEM 2017: Ciências Humanas e suas Tecnologias
No geral, a prova de Ciências Humanas (CH) manteve a tendência dos anos anteriores, com questões contextualizadas que tiveram maior nível de dificuldade atrelado ao conhecimento específico de determinados períodos histórico/geográficos. O maior contraste com relação às provas anteriores se deu na maior presença de itens de geografia física.
Neste cenário, em relação à geografia, destaca-se a recorrência quanto às questões ambientais. Típico do Enem, uma vez que há uma competência de área voltada para esse contexto, mas também por conta da relevância dessa temática.
Em contraste com as provas passadas, houve uma tendência a valorizar questões relacionadas à geologia, relevo, solo, biogeografia e, principalmente, clima. Esse último assunto foi representado, sozinho, por 3 questões, todas com representações gráficas, no Enem 2017. Para o aluno, a inserção de mais questões relacionadas à geografia física é muito interessante, pois amplia o leque de assuntos cobrados no Enem e diversifica a prova de geografia.
Representações cartográficas, sempre presentes na prova do Enem de modo a atender a habilidade 6 da matriz de referência (Interpretar diferentes representações gráfica e cartográficas dos espaços geográficos), ganharam maior espaço em 2017.
A habilidade de leitura cartográfica é essencial para os alunos que prestam o Enem – lembrando que é trabalhada, em diferentes níveis, desde o ensino fundamental.
Ao longo dos anos, em média, estão presentes duas representações cartográficas nas provas do Enem. Este ano, representações cartográficas compuseram três textos-base da prova, além de um climograma e uma figura esquemática (sobre formação de brisa marinha). Isso é muito importante, pois a leitura e interpretação de mapas, gráficos e figuras esquemáticas é um dos pilares da disciplina de geografia; diversifica os gêneros textuais trabalhados na prova; e, exige outras perspectivas de leitura dos fenômenos espaciais pelos alunos.
Por fim, questões de geopolítica e globalização também foram explorados. A prova não trouxe problemáticas específicas do ano corrente, mas abordou: blocos econômicos na América Latina, a projeção de poder dos EUA na atualidade, setores da economia no contexto da globalização, questão Israel/Palestina e a associação do avanço do comércio com o desenvolvimento tecnológico.
Em relação à história, assim como nos anos anteriores, foram cobradas questões referentes à Era Vargas, Ditadura Civil-Militar Brasileira, Brasil Império e Escravidão no Brasil. Também foram trabalhadas questões sobre a história da África e africanidades (Império do Mali, resistência à escravidão e imposição de valores eurocêntricos) e história geral (Antiguidade, Idade Média, Iluminismo, Entreguerras e Segunda Guerra).
Em relação à filosofia, foram trabalhadas, principalmente, questões referentes à filosofia grega. Na prova deste ano, foram trabalhados: Demócrito, Sócrates e Aristóteles.
Ainda, no campo filosófico, foram tratados temas relacionados à filosofia política (democracia); e, moral e ética (inclusive com uma questão específica de pensamento kantiano) – ambos previstos na matriz de habilidades do Enem.
Por fim, em relação à sociologia, foram tratadas, questões de identidade e diversidade, gênero e desenvolvimento socioeconômico. Neste contexto, o Enem cobrou questões referentes à inserção da mulher na esfera política brasileira, e a formação multiétnica da população (brasileira e de regimes democráticos contemporâneos como um todo).
Os assuntos mais cobrados no Enem de 2017 foram:
- Clima;
- Filosofia grega;
- Ditaduras Militares no Brasil e na América Latina;
- Questão Ambiental;
- Era Vargas;
- Brasil Império;
- Identidade e diversidade;
- Geopolítica e relações internacionais;
- Teorias sobre ética e moral;
- Globalização e desenvolvimento técnico-científico;
Seguiu também a tendência de trabalhar com múltiplos gêneros textuais: mapas, gráficos, imagens, textos acadêmicos, textos jornalísticos, etc.
Por muitos anos avaliada como uma prova de interpretação, esse ano, a prova exigiu conhecimentos específicos para a resolução de itens com maior nível de dificuldade. Por exemplo, em uma questão no contexto da ditadura civil-militar brasileira, exigiu conhecimento específico sobre uma releitura de trajes do cangaço, feita por Zuzu Angel, em 1969.
ENEM 2017: Ciências da Natureza e suas Tecnologias
A prova de Ciências da Natureza e suas Tecnologias (CN) cobrou assuntos relevantes para a compreensão, identificação, associação e interpretação de fenômenos naturais, intervenção humana e processos energéticos nas disciplinas de Química, Física e Biologia.
Em relação à Física, destaca-se a aplicação prática das questões à situações do cotidiano, como também em situações relacionadas a diversas profissões. Podemos salientar assuntos sobre o uso adequado para um arquiteto de uma projeção de iluminação com lâmpadas, a importância do uso de cinto de segurança e a sua relação com o menor risco de lesão interna durante uma colisão, ou mesmo a desatenção de um motorista devido ao atendimento de uma chamada de celular ao dirigir.
Em relação à Química, a maioria dos itens apresentou fórmulas e funções químicas (em concordância com as provas anteriores), denotando a importância do seu entendimento para diversas situações. Podemos mencionar a importância dos biocombustíveis, bem como entender a sua produção e relação com outros materiais, a produção de papel na indústria madeireira, a produção de comprimidos na indústria farmacêutica. Pode-se notar também a interdisciplinaridade físico-química, por meio da geração de eletricidade movida a energia eólica e biogás, importante para o abastecimento de cidades.
Em relação à Biologia, foram tratados assuntos relacionados à biotecnologia, enfatizando sua importância ao entendimento de alguns seres vivos e células. Como exemplos os avanços científicos nas áreas de investigação genômica, como a replicação in vitro do DNA de forma rápida, a toxicidade de substâncias diversas usando cobaias em laboratório, o uso de medicamentos usados cotidianamente para diminuir ou curar possíveis transtornos de saúde e até mesmo entender o funcionamento da visão humana.
Segue a relação de alguns assuntos cobrados na prova:
- Fórmulas químicas;
- Funções orgânicas;
- Cálculos estequiométricos;
- Equações químicas;
- Termoquímica;
- Reações químicas;
- Soluções;
- Interferência de ondas sonoras;
- Nível de intensidade sonora;
- Movimento uniformemente variado;
- Leis de Newton;
- Conservação da energia mecânica;
- Leis de Ohm;
- Associação mista de resistores;
- Geradores elétricos, térmicos e eólicos;
- Eletromagnetismo;
- Calorimetria;
- Ciclos biogeoquímicos;
- Osmose;
- Estrutura da membrana plasmática;
- Genética;
- DNA;
- Impacto e conservação ambiental;
- Evolução;
- Reinos animais;
- Ecologia.
De forma geral, as disciplinas estavam distribuídas na prova de forma proporcional, como esperado, e também trouxeram interdisciplinaridade. O estudante precisou dominar o conteúdo programático de ciências da natureza do ensino médio como um todo, para entender as diversas abordagens dos itens.
ENEM 2017: Matemática e suas Tecnologias
A prova do ENEM de 2017, na área de “Matemática e suas Tecnologias”, manteve o padrão de cobrar, em maior quantidade, assuntos tipicamente aprendidos na 1ª série do Ensino Médio. De modo geral, a proporção observada nessa prova foi: 64% dos assuntos eram de 1ª série, 27% de 2ª série e 9% de terceira série. Uma possível explicação para essa constante proporção deve-se ao fato de que assuntos aprendidos na 1ª série do Ensino Médio são mais passíveis de contextualização.
Em geral, a prova manteve o padrão dos anos anteriores, uma vez que na maioria das questões as habilidades e competências sobressaíram o conteúdo. Observou-se, entretanto, uma tendência conteudista em algumas questões relacionadas à análise combinatória e função trigonométrica, um vez que, para solucioná-las, o aluno deveria ter memorizado as fórmulas relativas a esses conteúdos.
Outro fator que merece destaque é que, em algumas questões (especificamente, em 3 questões), houve uma contextualização em que foram abordados conhecimentos físicos relativos à cinemática, em que, em alguns casos, eram necessários alguns conhecimentos prévios relacionados à velocidade escalar média. Esse tipo de cobrança vai contra a filosofia e o propósito pregados pelo exame, uma vez que a prova de Matemática e suas Tecnologias deveria avaliar apenas conhecimentos matemáticos.
Os assuntos mais cobrados foram:
- Operações no âmbito dos diversos conjuntos numéricos
- Gráficos
- Funções
- Grandezas diretamente proporcionais
- Medidas de tendência central
- Probabilidade
- Análise combinatória
Em primeiro lugar, o assunto mais cobrado foi “Operações no âmbito dos diversos conjuntos numéricos”, uma vez que 8 questões abordaram objetos do conhecimento relacionados a porcentagem, cálculo com frações e decimais e intervalos reais.
Em segundo lugar, os assuntos mais cobrados foram: “Gráficos” e “Funções”, com 7 questões cada. As questões sobre funções apresentaram contextos diversificados em que foram abordados diferentes tipos de funções: afim, quadrática, exponencial e trigonométrica.
Em terceiro lugar foi abordado o assunto “Grandezas diretamente proporcionais”, com 4 questões. Relacionados a esse assunto, havia questões sobre razão, proporção e escala.
Empatados em quarto lugar, com 3 questões cada, foram abordados os assuntos: “Medidas de tendência central”, “Probabilidade” e “Análise Combinatória”. Relacionadas ao primeiro havia duas questões sobre média aritmética e uma sobre mediana. Relacionada ao segundo, uma das questões contava com conhecimentos de probabilidade condicional. Relacionada ao terceiro, uma das questões apresentava em suas alternativas símbolos referentes à fórmula da combinação simples, o que exigia do aluno a memorização relativa a esse conteúdo.
Neste ano não foram cobrados conhecimentos específicos relacionados à variância e desvio padrão. Havia uma questão com um conjunto de dados relacionados a desvios de uma pesquisa eleitoral, que podia ser facilmente resolvida apenas com cálculos entre números decimais.
Diferentemente dos anos anteriores, o assunto “Volume de sólidos” não fez parte do ranking de assuntos mais cobrados. A prova não contou com questões relacionadas ao cálculo do volume de corpos redondos ou pirâmides. As questões que abordaram cálculos de volume estavam todas relacionadas a paralelepípedos e, em geral, envolviam outros objetos do conhecimento, relacionados à razão, proporção e porcentagem. Esta alteração, entretanto, não influenciou no nível de dificuldade da prova com relação às últimas aplicações.
Por fim, vale ressaltar que, apesar das peculiaridades da prova do ENEM de 2017, o formato e a abrangência de assuntos e subassuntos apresentou notável semelhança com as provas do Geekie ENEM, uma vez que todos os assuntos abordados já foram cobrados em pelo menos uma das aplicações de 2017.
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