Uma pesquisa recente, divulgada pelo Datafolha, revelou que dois em cada três estudantes brasileiros desejam um Ensino Médio flexível, em que possam se aprofundar em conhecimentos e disciplinas que mais lhe interessam. De acordo com o levantamento, 65% dos(as) estudantes entrevistados(as) disseram que preferem um currículo flexível ao cursarem os três anos que compõem o segmento, em consonância com o modelo do Novo Ensino Médio.
A flexibilização do currículo escolar proporciona uma maior adequação às necessidades e interesses individuais dos estudantes, promovendo uma educação mais personalizada e significativa. Com a possibilidade de escolha entre diferentes itinerários formativos, que são a parte flexível do currículo do Ensino Médio, os(as) alunos(as) têm a oportunidade de explorar e aprofundar áreas do conhecimento (Ciências Humanas, Linguagens, Ciências da Natureza e Matemática) que despertam sua curiosidade e afinidade, contribuindo para uma formação mais completa e alinhada com suas aspirações pessoais e profissionais.
Essa abordagem mais flexível do currículo também estimula a participação ativa dos(as) estudantes em seu próprio processo de aprendizagem, incentivando o desenvolvimento da autonomia, da responsabilidade e do protagonismo. Ao assumirem um papel mais ativo na definição de suas trilhas de estudo, os(as) alunos(as) se tornam mais engajados(as) e motivados(as), o que pode refletir positivamente em seu desempenho acadêmico e em sua trajetória educacional como um todo. Com a Formação Geral Básica, os itinerários compartilham o objetivo de formar estudantes integralmente, considerando suas dimensões pessoais, acadêmicas e profissionais, visando legitimar o exercício à cidadania.
Para os(as) estudantes de escolas parceiras Geekie One, a flexibilidade e a personalização são uma realidade desde 2020, quando foram lançadas novas unidades curriculares para composição da grade horária do Ensino Médio, o que proporciona uma experiência de aprendizagem única, integral e também de resultados.
Hoje, o Geekie One oferece mais de 40 opções de unidades curriculares para compor diferentes percursos nas áreas de conhecimento da forma que melhor se conectem às propostas pedagógicas das escolas com os componentes curriculares. A flexibilidade oferecida pelo Geekie One, no entanto, vai além das unidades curriculares e perpassa também por seu conteúdo de Formação Geral Básica e outros aspectos e funcionalidades do material que beneficiam estudantes, docentes e a coordenação.
Neste artigo do Blog InfoGeekie vamos falar um pouco mais sobre os percursos de aprofundamento e também mostrar como a proposta Geekie One é flexível e como as escolas estão levando as unidades curriculares para além da sala de aula.
Por que a proposta Geekie One é flexível?
A proposta Geekie One para o segmento é flexível e, por ter um material digital com mais de 1100 capítulos base, suplementares e/ou opcionais para Formação Geral Básica e 45 opções de unidades curriculares, está preparada para quaisquer mudanças que possam acontecer no segmento e, assim, apoiar as escolas, docentes e estudantes, oferecendo uma solução educacional completa e adaptável e apontando os melhores caminhos para que alunos e alunas possam percorrer ao longo dos três anos do segmento.
Confira a seguir cinco pontos que explicam a flexibilidade e personalização do Geekie One no Ensino Médio para estudantes, docentes e a coordenação:
- O Geekie One traz flexibilidade para a escola construir seu planejamento pedagógico de maneira personalizada, independente da composição de carga horária escolhida.
- Flexibilidade também para docentes, que podem assumir um local de coautoria, realizando comentários nos capítulos e postagens de materiais complementares no mural para ampliar a experiência com objetos do conhecimento.
- Os(as) docentes também têm flexibilidade para a organização dos capítulos, sempre de acordo com a BNCC, fazendo um planejamento de aulas que faz sentido para cada turma, sem engessamento.
- O Geekie One tem quatro sugestões de trilhas para o Ensino Médio, que constituem percursos de aprofundamento nas áreas do conhecimento e oferecem abordagens práticas em diferentes formatos das unidades curriculares: projetos, oficinas, núcleo de estudos e disciplinas, oportunizando diferentes experiências didático-metodológicas.
- Personalização com visibilidade do aprendizado com o Plano de Estudos Personalizado, que permite ao(à) estudante ter acesso a um percurso educacional único, que respeita seu ritmo, interesses e objetivos.
Conheça, na sequência, dois relatos de professores de escola parceira Geekie One sobre como está sendo o trabalho com as unidades curriculares em sala de aula.
Sociologia da Diferença: uma unidade curricular para compreender e refletir sobre a sociedade
Compreender os aspectos sociais e refletir sobre aquilo que envolve a comunidade local é essencial para formar cidadãos com pensamento crítico. Na Escola Colméia, parceira da Geekie de Boa Vista (RR), por exemplo, uma das unidades oferecidas para os estudantes é a “Sociologia da Diferença”, um núcleo de estudos, ministrada pelo professor Antônio Edu, que participou de uma das jornadas formativas para docentes realizadas pelo time Pedagógico da Geekie.
Formado em Filosofia, Antônio conta que o processo de construção das atividades no núcleo de estudos foi uma “via de mão dupla”, onde escola e alunos(as) foram participantes ativos. Ele destaca também a importância dos(as) estudantes como protagonistas no processo de aprendizagem por meio de um currículo flexível proposto pelo Novo Ensino Médio.
Itinerário abordou aspectos que fazem parte da realidade dos(as) estudantes
Para desenvolver a unidade curricular com os alunos e alunas, o professor levou para sala de aula aspectos do cotidiano dos(as) próprios(as) estudantes, instigando-os(as), inclusive, a realizarem pesquisas com o intuito de conhecerem melhor as características sociais da região.
Além de abordar questões de relevância nacional, a Sociologia da Diferença destacou os aspectos locais da região da escola. “Questões sociais são muito mais interessantes para serem discutidas e refletidas a partir daquilo que a gente vivencia aqui”, acrescenta. Um exemplo disso é em relação aos eventos climáticos e desastres ambientais ocorridos em todo o Brasil. Embora o rompimento das barragens em Mariana (2015) e Brumadinho (2019) tenham maior relevância nacional, estudar questões como as queimadas na Amazônia e os períodos de seca na região, foi fundamental para os(as) estudantes.
Outro aspecto trazido por Antônio e que foi abordado na unidade, foi a transformação social que Boa Vista sofreu na última década. Antônio levou reflexões sobre os projetos sociais desenvolvidos nos últimos anos para jovens na capital, que deixou de ser uma das 10 cidades mais perigosas para jovens até 2015, para se tornar a capital da primeira infância após 2015. Com isso, os(as) alunos(as) puderam compreender as transformações ocorridas e de que forma elas interferem na vivência atual através de uma observação mais detalhada do cotidiano.
Estudantes também aprenderam sobre leis e realizam pesquisa sobre uso da internet
Ao final das aulas de Sociologia da Diferença para os(as) estudantes do Ensino Médio, o professor realizou uma pequena avaliação conceitual, a fim de entender o quão provocativo foi o conteúdo discutido em sala de aula. Nesse momento os(as) estudantes expuseram interesse em criar um projeto de lei. Para isso, o professor organizou aulas sobre o que são projetos de lei e como funcionam, aplicando algumas dinâmicas para tornar o processo mais público e criativo.
Para facilitar essa dinâmica, Antônio contou que se valeu da análise SWOT com os alunos e alunas, um método de administração que envolve a identificação e análise de pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças relacionadas a um projeto ou situação.
Também dentro dos estudos na unidade curricular, estudantes e professor elaboraram uma pesquisa sobre o uso da internet e o acesso às redes sociais. A pesquisa buscou identificar a idade em que as pessoas começam a ter acesso à internet, que aparelhos usam para se conectar e o tempo que ficam online.
Os resultados mostraram que as pessoas começam a ter acesso à internet e a possuir dispositivos como tablets e smartphones de última geração a partir dos 11 anos de idade. Isso vai de encontro ao que o professor refletiu sobre a pesquisa: “Os estudantes, quanto mais jovens, mais disposição ou mais curiosidade têm para acessar as redes sociais e usar a internet”.
Bioprospecção da biodiversidade amazônica: um itinerário para compreender as riquezas naturais da Amazônia
Também na Escola Colméia podemos ver um outro exemplo de como os Itinerários Formativos são essenciais para uma formação mais completa, flexível e personalizada. O grupo de estudos Bioprospecção da Biodiversidade Amazônica, ministrado pelo professor Ítalo Fernando, foi composto pela unidade Geekie One de Biotecnologia.
Durante o primeiro bimestre, conforme conta o professor, estudantes realizaram um levantamento teórico, investigando a biodiversidade da Amazônia e escolhendo um produto que fosse alinhado com as comunidades tradicionais da região, como as comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas.
Conforme ele relata, o objetivo principal era trabalhar com os(as) alunos(as) o conceito de sustentabilidade e a questão social desses povos, e como esses projetos poderiam ajudar no desenvolvimento sustentável e trazer uma renda para essas comunidades. “Isso foi bastante importante para trabalhar de fato o conceito de sustentabilidade e também a questão social desses povos”, ressalta Ítalo.
Nessa primeira etapa, estudantes realizaram a estruturação da pesquisa, com justificativa, objetivos e referencial teórico. Essa construção serviu para que o trabalho fosse feito de maneira sólida e acadêmica, além de ficar de acordo com eixos estruturantes da BNCC.
Envolvimento das famílias e da comunidade
A partir do levantamento sobre as plantas nativas da região e que são utilizadas pelas comunidades locais, a turma passou a desenvolver o projeto na prática, com a produção, inclusive, de produtos criados com ingredientes locais.
Um desses produtos foi o óleo corporal à base do óleo de buriti. Segundo o professor, o envolvimento das famílias e da comunidade foi determinante para o desenvolvimento dos trabalhos com os(as) estudantes. O professor Ítalo relata por exemplo que, para que os(as) alunos(as) pudessem fazer a extração do óleo do Buriti, o pai de uma aluna foi até uma comunidade indígena para pegar o fruto.
Ao colaborarem ativamente, os pais, responsáveis e membros da comunidade contribuíram para o fortalecimento da aprendizagem dos(as) alunos(as), proporcionando-lhes oportunidades significativas de aprendizado. Ao envolver o pai da aluna na obtenção do fruto, não apenas se ampliou o escopo da experiência dos(as) alunos(as), mas também se estabeleceu uma conexão valiosa entre a escola, a comunidade local e as famílias dos estudantes. Esse tipo de colaboração não apenas enriquece os projetos educacionais, mas também fortalece os laços entre a escola e a comunidade, promovendo uma abordagem mais inclusiva da educação.
Outro produto criado a partir do óleo de buriti foi um brilho labial, que também conta com cera de abelha. Além do buriti, outras espécies também foram usadas para extração e criação de produtos. Um exemplo disso é o sabonete com óleo de bacaba que é um fruto amazônico, assim como o cupuaçu, que forneceu matéria-prima para outro sabonete.
Estudos incentivam o empreendedorismo dos(as) estudantes
Para além de focar na criação de produtos que exploram a biodiversidade da Amazônia, Ítalo conta que durante o Itinerário Formativo também incentivou o empreendedorismo dos(as) alunos(as). Nesse processo os(as) estudantes precisavam desenvolver o nome da marca e criar logo, embalagem e afins. Segundo o professor, esse trabalho foi essencial para que o produto chamasse a atenção do público e pudesse ser comercializado em uma feira que finalizou e consolidou o trabalho realizado pelos(as) estudantes ao longo do ano.
O Itinerário Formativo também levou aos alunos e alunas uma reflexão sobre as mudanças climáticas, que será o principal desafio da região nos próximos anos. “O grande desafio é combater as mudanças climáticas, e para a gente conseguir fazer isso, é preciso preservar a biodiversidade”, diz. Ele entende que a bioprospecção da biodiversidade da Amazônia é uma forma de exercer essa preservação. Isso porque, por meio da prospecção de riquezas naturais é possível ”preservar a floresta em pé utilizando os próprios recursos”, finaliza.
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