No segundo dia da Bett Educar 2019, o diretor de consultoria do SAS, Marcos Moriggi, falou sobre as mudanças que a Base Nacional Comum Curricular deve provocar nas escolas. Já José Moran conversou com os congressistas sobre como transformar uma escola tradicional em inovadora
Sem uma resposta pronta, o diretor da consultoria pedagógica do SAS, Marcos Moriggi, incitou os congressistas a refletir sobre o quanto as diretrizes da base vai impactar os fazeres pedagógicos, os estudantes e seus familiares, a estrutura da escola e os docentes.
“Nunca, no país, se discutiu com tanta ênfase o que os alunos devem aprender. Infraestrutura e outras questões relacionadas à escola sempre tiveram o foco dos debates, mas, agora, a construção de currículos alinhada às diretrizes da base precisa ser prioridade”, ressaltou o diretor.
Moriggi apresentou um contexto geral sobre a BNCC ressaltando quais são as mudanças para as escolas no remanejamento de conteúdos ao longo dos anos e séries da Educação Básica; na necessidade da revisão do projeto político-pedagógico; na importância da educação integral que une o cognitivo ao socioemocional; no trabalho com competências; preparação dos professores e na relevância da cultura digital na transformação da escola.
Ao longo de toda sua fala, o diretor reforçou que a relação com as famílias é fundamental no processo de adaptação às diretrizes da base. Essa relação deve ser de conscientização e comunicação sobre as mudanças provocadas pela base e os efeitos na educação dos filhos que irão aprender de forma diferente daquela que os nascidos antes do ano 2000 aprenderam. Essa diferença da educação das gerações pode gerar conflitos entre os familiares e educadores da escola. Para contornar isso, é preciso ter sempre uma relação transparente com todos os atores da comunidade escolar, aconselhou o palestrante.
Ao falar sobre as competências da BNCC, Moriggi reservou um tempo para abordar a “Cultura digital”. Neste ponto, o diretor realçou a importância da adequação dos materiais didáticos às diretrizes da base: “Não basta só um carimbo na capa do material que diz que ele está alinhado com a BNCC. Muitas competências precisam de conteúdos específicos para desenvolver a competência de cultura digital e cumprir com algumas das diretrizes como a de produção de vídeo no ano final do Ensino Fundamental.”, explicou.
Como transformar uma escola convencional em uma escola inovadora?
“Nos próximos anos teremos robôs ensinando os conteúdos, plataformas com inteligência artificial orientando percursos individuais e monitorando avanços nas competências desenvolvidas nos projetos em grupo. E os docentes, o que farão?” Essa foi a fala inicial de José Moran, especialista em inovação na educação e professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP). A resposta à pergunta veio logo na sequência: “Serão tutores, mediadores e mentores”.
O tema da palestra de Moran foi “Como transformar uma escola convencional em uma escola inovadora?” e ocorreu no segundo dia da Bett Educar 2019. Em sua fala, o educador apresentou alguns pontos que caracterizam e auxiliam as transformações das instituições de ensino. O essencial do discurso, no entanto, foi a mensagem de que o processo de inovação é longo, exige aprendizados de toda a comunidade escolar e demanda mudança de mentalidade para que as escolas possam sair da postura tradicional para se adequar às demandas atuais.
Ao explicar como acelerar as transformações rumo à uma educação inovadora, o professor deu destaque para a aprendizagem dos gestores. Eles devem aprender e se adaptar com as mudanças desejadas e precisam contar com o apoio dos discentes neste processo. “É necessário um alinhamento de expectativas de toda a equipe pedagógica das escolas, assim, todos sabem qual é o caminho que estão trilhando”, comentou Moran.
Além destes primeiros pontos, o especialista também destacou que é preciso haver: um redesenho progressivo das salas de aula; melhoria da infraestrutura tecnológica; equilíbrio entre o modelo pedagógico e a sustentabilidade financeira; testes com inovações em pequena escala e ampliação para a larga escala; e formação e compartilhamento de experiências em metodologias ativas.
Além da transformação, Moran também reforçou a importância de acompanhar todo o processo de inovação com base em indicadores. O primeiro e mais especial da lista do educador foi: “Crianças e jovens gostam de ir para a escola”. Deixar o ambiente e a aprendizagem mais atrativos para os estudantes é fundamental para realizar a inovação necessária. Outro indicador são os familiares dos alunos e das alunas. Eles devem estar conscientes do processo e a participação deles também é relevante para verificar se o caminho de inovação está na direção correta.
Estabilidade da equipe docente e gestora; acolhimento, valorização e incentivo constantes; e maior apoio e compartilhamento de experiências, práticas e dificuldades. Estes são outros indicadores apontados por Moran para avaliar o processo de inovação das escolas.
Espaço de aprendizagem Geekie One
A Geekie está presente na Bett Educar 2019, no espaço C150, com experiências e espaço de aprendizagem exclusivo do Geekie One. A maior feira de educação da América Latina está acontecendo no Transamérica Expo Center, na região de Santo Amaro, em São Paulo. A entrada para visitantes é gratuita e o evento ocorrerá até a próxima sexta-feira (17).
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