Como trabalhar o Sudoku nas aulas de matemática

Colunas
Sudoku nas aulas de matemática

Fabio Aparecido fala sobre o Sudoku, um jogo que pode ser utilizado nas aulas de matemática para potencializar o aprendizado dos alunos. Conheça!

Nos meus últimos artigos, comentei sobre o cubo mágico e a Torre de Hanói, atividades que envolvem os alunos  nas aulas de matemática. O Sudoku é um jogo que envolve o que eu chamo dos quatro pilares do conhecimento matemático, que são a leitura, a interpretação, a concentração e o raciocínio lógico. Além disso, o Sudoku também auxilia o trabalho em equipe, a troca de experiências e a valorização da autoestima do aluno.
Pela sua experiência de vida, acredito que você percebeu como é difícil e monótono ficar parado muito tempo em um mesmo lugar, seja em uma reunião, em uma sala de espera ou em uma fila… Por isso, eu deixo uma pergunta para reflexão:

Você já se imaginou sentado em um mesmo lugar durante 5 ou 6 aulas diárias?

Assim, te apresento o Sudoku, um jogo que muitas vezes aparece em páginas de jornais e revistas de banca de jornal, além de também existirem aplicativos de celulares dedicados a esse tipo de entretenimento.
Muitos dizem que é um jogo de paciência e difícil, simplesmente porque aparecem alguns números em um conjunto de linhas e colunas que aparentemente não tem lógica. Mas você irá perceber que é um jogo que envolve os quatro pilares do conhecimento matemático que foram citados nos meus artigos anteriores e que o Sudoku realmente mobiliza os alunos.
Comecei a usar o jogo em 2006 na tentativa de envolver os alunos com a matemática. Eu percebia que na primeira aula do período da manhã os alunos não tinham um bom desempenho. A partir daí, comecei a trabalhar com o Sudoku utilizando como apoio uma revista de baixo custo que é vendida em bancas de jornal. Comecei a seguir algumas etapas que foram adaptadas ao longo do tempo e que deram resultados positivos. Vou apresentar elas a vocês.

Como funciona o jogo do Sudoku?

Esse jogo existe em várias modalidades, mas o tipo com o qual eu trabalho é o tradicional 9×9, nove linhas por nove colunas que são numeradas de 1 até 9. O Sudoku não envolve cálculo, mas sim o pensamento lógico e a tomada de decisão sobre as disposições dos números que são colocados, sempre respeitando algumas regras:

  • Não é permitido repetir números na mesma linha,
  • Não é permitido repetir números na mesma coluna,
  • Não é permitido repetir números nas subgrades 3×3, como, por exemplo:

Se você tiver alguma dúvida sobre o Sudoku, minha sugestão é assistir ao vídeo abaixo para uma explicação mais detalhada.

POR QUE TRABALHAR O SUDOKU NAS AULAS DE MATEMÁTICA?

Como já mencionei anteriormente, esse jogo envolve o que eu chamo dos quatro pilares do conhecimento matemático, que são a leitura, interpretação, concentração e raciocínio lógico.

Isso porque o aluno, para começar a resolver, precisa fazer a leitura e a interpretação sobre a disposição dos números. Em seguida, é essencial concentrar-se e utilizar o raciocínio lógico para resolver o Sudoku.

Em uma sala de aula, sempre terá um aluno que resolve ou resolveu o jogo. Neste caso, você pode valorizar a experiência deste aluno, porque ele poderá explicar as regras para os colegas da sala.

Com tudo isso, você acaba envolvendo e movimentando os alunos, tornando-os mais participativos na disciplina de matemática.

COMO TRABALHAR O SUDOKU NAS AULAS DE MATEMÁTICA?

Vou colocar aqui algumas etapas de como eu realizo esta atividade com os meus alunos. Lembre-se que isso são apenas sugestões. Você poderá fazer adaptações conforme a realidade da sua sala e da sua escola.

Os Sudokus que eu trabalho são retirados desse site aqui.

1ª ETAPA: SUDOKU COLETIVO (1 VEZ POR SEMANA)


Como a minha sala tem um datashow, eu projeto um Sudoku retirado do site mencionado acima e convido os alunos que já sabem jogar a explicarem aos colegas como resolver o jogo.

Em seguida, peço para um aluno ficar na lousa e o restante da sala informa os números que estão faltando, sem tempo definido, conforme a foto abaixo:

Terminando a resolução, eu confiro o resultado e atribuo uma nota para todos os alunos.

Sugestões:

  • Deixe sempre um Sudoku como tarefa de casa;
  • Peça aos alunos para trazerem folhas quadriculadas para a utilização nas próximas aulas.

2ª ETAPA: SUDOKU COLETIVO (1 VEZ POR SEMANA)

Mesmo sistema do anterior, convido um aluno para ir à lousa e o restante cada um resolve no seu caderno. Em seguida, os alunos passam os números para o colega transcrever na lousa. Nesta fase, você pode estipular um tempo máximo para a resolução. No meu caso, eu peço 9 minutos.

Sugestão:

  • Deixe sempre um Sudoku como tarefa de casa.

3ª ETAPA: SUDOKU INDIVIDUAL (1 VEZ POR SEMANA)

Usando o datashow, coloco o Sudoku na lousa. Nesta etapa, todos os alunos resolvem no seu caderno e, terminando o tempo, eu confiro aqueles que conseguiram resolver, nunca esquecendo de atribuir uma nota.

Sugestão:

  • Deixe sempre um Sudoku como tarefa de casa.

4ª ETAPA: SUDOKU INDIVIDUAL (1 VEZ POR SEMANA)

Neste momento, eu não projeto mais o Sudoku na lousa, e sim faço o ditado dos números. Por exemplo:

  • 1ª linha: coluna 2, número 6; coluna 3, número 5; coluna 4, número 8; coluna 5, número 4; coluna 6, número 1…

E assim sucessivamente.

Com isso, você irá perceber que os alunos ficarão mais rápidos e mais ágeis. Outro fato interessante é que aqueles que tiverem dúvidas serão ajudados pelos próprios colegas.

Nesta atividade, em nenhum momento eu expliquei como funciona e, mesmo assim, consegui aproveitar as experiências dos próprios alunos.

No final, você irá perceber que o comportamento dos alunos na sua aula irá mudar. Assim como no uso do cubo mágico e da Torre de Hanói, os alunos ficarão mais participativos e motivados. Isso vai ajudar a quebrar aquela “barreira” entre eles e a matemática, além de melhorar o rendimento e a autoestima da turma.

Sucesso no seu novo desafio.


* Fabio Aparecido é professor de matemática com experiência de 15 anos. Atua no Centro Paula Souza (CPS) e na Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. É licenciado, bacharel e especialista em matemática pela UFscar. Produz conteúdo no Facebook e no seu canal do Youtube. Teve um de seus projetos publicados no site do MEC (Ministério da Educação).  

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