Saúde emocional: evento para famílias mostra como lidar com desafios em casa e na escola

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No dia 25 de maio, a Geekie e suas escolas parceiras realizaram um evento especial para as famílias de estudantes, com o tema sobre saúde emocional. Confira aqui as principais dicas e sugestões da especialista no assunto, Carolina Costa Cavalcanti.

A saúde emocional faz parte da formação e desenvolvimento do(a) estudante. Assim como é parte importante no bem-estar de todos da comunidade escolar. Dessa forma, é natural que haja debates acerca dos desafios presentes nesta jornada para crianças, adolescentes e suas famílias.

Conforme aponta a Organização Mundial de Saúde (OMS), houve um aumento de 25% nos casos de depressão e ansiedade apenas no primeiro ano de pandemia do Covid-19. Desse modo, a retomada das atividades presenciais também representa um desafio para a saúde emocional.

Para aprofundar esse assunto tão relevante, a Geekie e seus colégios parceiros promoveram o evento on-line Saúde emocional na escola: caminhos para lidar com desafios de estudantes e suas famílias”, no dia 25 de maio, no Youtube. O encontro – dedicado a pais, mães e responsáveis –  contou com a presença da palestrante Doutora em Educação e Concentração em Psicologia pela USP, Carolina Costa Cavalcanti, e teve a mediação de Camila Karino, CEO da Geekie. 

Assista à gravação da live na íntegra (clique abaixo). E também leia este artigo, com dicas e sugestões preciosas sobre como cuidar da saúde emocional de filhos e filhas em casa e na escola.

Saúde emocional e seus impactos na comunidade escolar

A saúde mental e emocional tem sido alvo de grande debate, sobretudo após a pandemia. Debate este que se estende ao ambiente escolar por conta do retorno ao ensino presencial e os impactos que os(as) estudantes e demais profissionais sofreram com este retorno.

De acordo com pesquisa realizada com 9557 profissionais da educação, 72% dos(as) professores(as) no Brasil tiveram a saúde mental afetada e precisaram buscar apoio. Além disso, esta é a categoria que mais apresenta casos de burnout.

Esses números mostram a importância de estender o debate acerca de saúde emocional para além dos(as) estudantes, englobando também toda a comunidade escolar. 

Mas afinal, o que é saúde emocional? Segundo a OMS (2018) é “viver em um estado de bem-estar, que permite que uma pessoa use competências e habilidades próprias para que seja produtiva, contribua para a sociedade e lide com o estresse do dia a dia.” 

Da mesma forma, a Drª Carolina Cavalcanti define que ter uma boa saúde mental inclui “estar confortável dentro da própria pele, como quem sou” e “funcionar bem…usar as nossas habilidades”.

Ou seja, a saúde mental e emocional está relacionada com como nos relacionamos conosco e com aqueles que nos cercam. E mais do que isso, com uma qualidade no nosso bem-estar, sem doenças mentais.

Fatores de risco e proteção da saúde mental

Mesmo que seja possível desenvolver problemas relacionados à saúde mental em qualquer situação, há fatores de risco que aumentam as chances disso acontecer. Estes fatores de risco podem estar relacionados a eventos e características negativas que podem provocar prevalências e até o agravamento destas doenças.

Nesse sentido, pessoas que vivem em situação de pobreza extrema e marginalizados nas grandes cidades acabam tendo mais chances de desenvolver depressão. Além disso, problemas relacionados ao núcleo familiar também influenciam na saúde mental.

Ademais, como aponta pesquisa divulgada pela Universidade Federal do Ceará, os problemas de saúde mental em adolescentes estão relacionados a questões como baixos níveis de realização educacional, desemprego, uso de drogas, criminalidade, saúde sexual, entre outros.

Trazemos na lista, a seguir, alguns dos principais fatores de risco da saúde mental e de que forma identificá-los:

  • Individuais: são aqueles fatores singulares como herança genética e familiar, temperamentos e comportamentos do indivíduo;
  • Econômicos: aqui temos os fatores já mencionados onde existe uma situação em que há falta de recursos básicos, como saúde, moradia e alimentação;
  • Familiares: quando o núcleo familiar apresenta algum problema emocional que interfere diretamente em todos seus integrantes;
  • Sociais: questões que estão ligadas ao contato com outros agentes da sociedade, como a própria comunidade escolar ou pessoas de relação próxima;
  • Ambientais: como em situações que existem perda da qualidade de vida devido a ações do ambiente, tal quais enchentes, secas e outros.

Da mesma forma que existem questões que aumentam as chances de transtorno mental, há fatores de proteção que podem evitar tais condições de saúde. Estes fatores de proteção podem atuar para prevenir ou restaurar a saúde mental, através da mudança de hábitos ou do auxílio de uma rede de apoio ao redor do(a) paciente.

Durante o evento, a Drª Carolina Cavalcanti elencou alguns fatores de proteção que podem auxiliar a prevenção da saúde emocional na escola:

  • Habilidade para conversar sobre sentimentos e experiências;
  • Suporte de familiares, amigos(as), gestores(as), colegas de trabalho;
  • Capacidade de pedir apoio;
  • Espiritualidade.

O que é inteligência emocional?

Antes de entender sobre o que é inteligência emocional, precisamos diferenciar emoções e sentimentos. Nossas emoções são respostas biológicas às situações vividas no cotidiano, às quais não podemos controlar. Por outro lado, os sentimentos são formas de processar estas emoções e, portanto, são passíveis de serem melhor processadas.

Desse modo, a inteligência emocional é a habilidade de entender e trabalhar os nossos sentimentos. E, além disso, compreender os sentimentos dos(as) outros(as) e ter empatia nos relacionamentos. Desenvolver esta inteligência é fundamental para um exercício de ter uma boa saúde mental e emocional.   

Na escola, a inteligência emocional é trabalhada através das habilidades socioemocionais que perpassam toda a base curricular pedagógica da escola. Para que os(as) alunos(as) aprendam durante todo seu desenvolvimento a processar seus sentimentos, priorizando sua saúde mental.

Quais são os benefícios ao trabalhar com a saúde emocional?

O principal benefício de trabalhar a saúde emocional na escola é aprender a gerenciar os fatores internos e externos que interferem na nossa saúde mental. Para os(as) estudantes, aperfeiçoar a inteligência emocional interfere de forma direta no desenvolvimento cognitivo e intelectual, além das competências socioemocionais.

Já para a família, professores(as) e gestores(as), desenvolver esta habilidade interfere na vida pessoal e profissional, assim como nos cuidados com suas crianças e adolescentes.

A inteligência emocional ainda tem um impacto direto na qualidade de vida, de todos(as) da comunidade escolar. Saber gerir suas próprias emoções e relacionar-se de forma positiva faz com que possamos, inclusive, ter um futuro profissional mais promissor.

Saúde emocional na prática

O primeiro passo para desenvolver a saúde emocional, segundo a Drª Carolina, é “cuidar de quem cuida”. De tal forma que todos os(as) cuidadores(as) estejam em condições emocionais, tanto para ter qualidade de vida quanto para servir de exemplo para as crianças e os(as)  adolescentes. 

Para tal, podemos ter como base as competências socioemocionais da CASEL (Advancing Social and Emotional Learning) que são fundamentais para o desenvolvimento pleno de uma saúde emocional. São elas:

  • Autoconhecimento;
  • Autorregulação;
  • Consciência social;
  • Habilidades de relacionamentos;
  • Tomada de decisões com responsabilidade.

Além desses tópicos, podemos destacar ainda o uso moderado das tecnologias atuais. Afinal, estar em contato com a aceleração constante das redes, o compartilhamento de realizações pode dar a falsa sensação de que não estamos produzindo o suficiente, o que é ruim tanto para adultos(as) quanto para as crianças e adolescentes.

Dicas de ações para desenvolver a saúde emocional

Invista em conhecimento

O conhecimento é o primeiro pilar para propor atividades e auxiliar os(as) jovens a desenvolverem sua saúde emocional. Segundo a Drª Carolina Cavalcanti, uma forma de buscar soluções para desenvolver a saúde emocional é procurar materiais de apoio sobre o tema.

Para isso, é interessante buscar opções de e-books, artigos e palestras que abordam sobre como trabalhar a saúde emocional escolar e fora dela. Aqui no nosso blog InfoGeekie, por exemplo, você pode encontrar uma variedade de materiais acerca das questões socioemocionais.

Abrir espaço para conversas

A criança e o(a) adolescente estão em desenvolvimento constante de suas habilidades emocionais. Inclusive, a saúde emocional é algo que deve ser trabalhado durante toda a vida, embora, no nosso crescimento, estejamos adquirindo também habilidades cognitivas.

Por isso, é importante ter um espaço para que os(as) filhos(as) possam dialogar sobre seus sentimentos. Assim eles(as) se sentem acolhidos(as) neste ambiente de escuta, para aprender melhor como gerir esses sentimentos, com o auxílio do(a) adulto(a).

Buscar ajuda de especialistas

Saber o momento de buscar ajuda externa também é importante. E por isso tão necessário o diálogo entre escola e família. Há momentos em que a criança ou o(a) adolescente precisa de uma escuta especializada.

Na palestra sobre saúde emocional na escola, foi discutido o exemplo de dependência de eletrônicos como smartphones e videogames. E como é importante que seja buscado um profissional em casos que a criança está apresentando um comportamento que indique malefícios à sua saúde mental.

Criar rituais de família

Outra ação importante que estimula a escuta, a convivência e o vínculo afetivo em casa é proporcionar momentos em família. Onde se cria pequenos rituais, como noite de jogos, em que a criança pode se divertir com seus familiares, sobretudo sem uso de tecnologias.

A Drª Carolina Cavalcanti cita que é importante criar momentos em família, como um almoço, andar de bicicleta, leituras e espiritualidade como forma de “fazer coisas que são protetoras da saúde mental”.

Ter uma rede de apoio

Rede de apoio é um conjunto de pessoas que compartilham cuidados e que servem de apoio para os momentos de maior necessidade.  Para os(as) cuidadores(as) é um processo que envolve familiares, professores(as) e demais comunidade social e escolar.

E mais do que isso, repetimos aqui: é importante cuidar de quem cuida. Portanto, ter uma rede de apoio é um autocuidado que beneficia ambos os lados. Assim, o(a) adulto(a) também é acolhido(a) e não se sobrecarrega, e a criança ou o(a) adolescente se beneficia desse cuidado compartilhado.

O Geekie One aposta em um modelo de educação onde estudantes, professores(as), gestores(as) e demais agentes do ambiente escolar têm espaço para expor suas necessidades e buscar suporte, onde todos são protagonistas do processo educacional! Quer saber mais sobre esse tema tão relevante? Assista aqui à gravação do nosso evento na íntegra.

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