O complexo e misterioso cálculo das notas do Enem

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A montagem da prova segue roteiro detalhado, que pode começar anos antes da aplicação; veja como replicar essa metodologia e melhorar as notas da sua escola

O aluno sentado em sua cadeira, debruçado sobre o caderno de prova por mais de 4 horas, é apenas a pontinha de um processo que muitas vezes pode levar até 5 anos. E não estamos nos referindo apenas à preparação deste aluno que pode – e deve – começar muito antes. O próprio cálculo das notas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é um processo complexo e que começa muito antes da aplicação do exame. Isto porque cada questão tem um grau de dificuldade específico, definido em pré-testes sigilosos realizados com grupos minuciosamente selecionados de estudantes.
Revelamos abaixo como a prova é montada; esclarecemos a pertubadora questão sobre por que é impossível tirar 0 ou 1000 no Enem e desmistificamos a “Teoria Antichute” atribuída ao exame. Confira!
Montar uma prova do Enem é trabalhoso porque ela tem como base a TRI (Teoria de Resposta ao Item), um sofisticado conjunto de modelos matemáticos. A TRI prevê que cada questão (ou item) passe pelo pré-teste antes de ser colocada em uma régua – sim, literalmente uma régua – que dará a medida de quanto o candidato sabe em uma determinada área do conhecimento.

 Ponto 500

No começo do processo, a régua do Enem, que varia de zero a 1000, está quase em branco. Tem uma única referência, o ponto 500, que representa a média de acertos dos candidatos que estavam concluindo o ensino básico quando prestaram o exame de 2009, primeiro a usar a TRI.
De acordo com o porcentual de erros e acertos verificado no pré-teste, pode-se definir o grau de dificuldade de cada questão. Mas a TRI exige mais do que isso antes de se posicionar o item na régua. Ele precisa ser avaliado segundo outros dois critérios (parâmetros): o poder de discriminação e a capacidade de o candidato acertar a resposta no chute.
O poder de discriminação é a capacidade da questão de separar quem domina o conteúdo de quem não o domina. Nos gráficos do pré-teste, itens com esse perfil têm gráficos com curvas mais eretas – curvas esparramadas indicam que a distinção no universo de candidatos entre quem sabe e quem não sabe demora mais a acontecer.

 “Teoria Antichute”

O último parâmetro, apelidado de “Teoria Antichute”, tenta estimar a possibilidade de alguém acertar a questão na base de adivinhação. Isso pode ser facilitado, por exemplo, se as alternativas incorretas em uma determinada questão forem muito óbvias. De qualquer forma, como são sempre cinco alternativas, cada candidato tem pelo menos 20% de chance de acertar no chute.
Mas como a TRI consegue determinar quem assinala a resposta correta sem saber o conteúdo? O cálculo da nota leva em conta a coerência dos acertos. Se a trajetória for coerente, eles se concentram na parte inferior da régua e os erros na parte superior. Se ocorre o contrário, o candidato de alguma forma marcou a opção correta em questões que exigiam um nível de conhecimento superior ao seu. O acerto, nesse caso, terá um peso menor na nota. Mas isso não quer dizer que se deva deixar questões em branco. Quanto mais itens o candidato responder da maneira correta, maior será sua pontuação.

 Notas mínima e máxima

Quanto às notas zero e 1000, no Enem elas só existem na redação, única prova que não usa a TRI. Como é uma prova baseada em questões, a pontuação máxima e mínima de cada edição do Enem depende do perfil das questões colocadas na régua naquele ano. No exame de Matemática de 2014, por exemplo, as notas mínima e máxima foram, respectivamente, 318,5 e 973,6.

 Como usar os resultados do Enem na sua escola

Uma dificuldade que as escolas encontram para traduzir os dados de desempenho gerados pelo Enem em ação prática para melhorar a qualidade do ensino é o fato de os candidatos serem alunos da 3.ª série do ensino médio. Uma dúvida recorrente entre coordenadores e professores é: “Como posso trabalhar as informações do Enem se o estudante que fez o exame já deixou a escola?”
De fato, se olharmos casos individuais, o Enem não tem tanto valor. Mas talvez um dos fatores que torna o uso da TRI no exame mais relevante é o fato de que, desde 2009, as provas têm grau de dificuldade comparáveis. O Enem, então, representa um acervo bastante rico dos conteúdos que os estudantes menos dominam, gerando padrões que se repetem ano a ano.
O exame fornece um mapa da mina das áreas em que a formação oferecida pela escola é deficiente. Em tese, basta rever a forma como o conteúdo é trabalhado para que a nota dos alunos (e a posição da escola no disputado ranking do Enem) melhore. Na prática, essa é uma tarefa complexa, que exige a montagem de um plano de ensino e uma revisão da sequência didática, criando um novo ciclo de trabalho que pode abarcar todas as séries do ensino médio.

 ‘Enem’ no começo do ano

Mas a tecnologia pode ser uma aliada da escola para, sem esquecer o longo prazo, fazer as mudanças darem resultados mais imediatos. E se o Enem fosse aplicado no início do ano, garantindo à coordenação pedagógica e aos professores o tempo necessário para trabalhar os pontos fracos dos estudantes antes que eles deixassem a escola? Pois é mais ou menos isso que ocorre com a plataforma da Geekie. Ela utiliza avaliações montadas com base na TRI para montar uma régua semelhante à do Enem, abastecida por questões preparadas por uma rede própria de professores.
Como sua nota é comparável à do exame público, as avaliações da Geekie antecipam a performance dos estudantes e o mapeamento dos pontos em que eles precisam melhorar. Com base nos acessos dos alunos, a plataforma usa inteligência artificial para montar planos de estudo personalizados. Qual o resultado disto? A cada aula assistida na plataforma o estudante tem um aumento de 1,6 ponto na nota TRI. E a escola ganha um mapa da mina online para melhorar sua posição no ranking do Enem, hoje o principal indicador analisado pelos pais para definir onde matricular seus filhos.


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