De que forma podemos engajar nossos estudantes? Neste artigo, Paula Gonçalves lista algumas iniciativas que podem estimular uma aprendizagem ativa e ao desenvolvimento de múltiplas habilidades. Confira:
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Atualmente, colocamos como preocupação central da educação a atenção, a motivação e o engajamento dos estudantes nas aulas e em seus hábitos de estudo. Cada escola se vê muitas vezes perdida com tanta informação sobre a melhor forma de despertar nos estudantes o protagonismo.
De fato, as múltiplas causas para esse “sintoma” da apatia dos jovens em sala de aula justificam a diversidade de iniciativas que surgiram nos últimos anos como tentativa para resolver esse problema complexo. Um desses exemplos é o resultado da pesquisa do Porvir – Nossa Escola em (Re) Construção – realizada com mais de 128 mil estudantes em todo Brasil, e aponta que praticamente 70% dos jovens consideram fundamentais atividades que os ajudem a lidar com as emoções e os estimulem terem mais contato com cultura e campeonatos esportivos, mas apenas 50% deles acredita que a escola possuem essas práticas.
É preciso mencionar também os desafios derivados de conjunturas estruturais do cenário educacional brasileiro, que também influenciam a situação. É possível mencionar algumas das peculiaridades do nosso país: os vestibulares classificatórios, a escassez de vagas em universidades de baixo custo e alta qualidade e a “determinação” do curso de graduação como a escolha da carreira. Tais fatores, além de tantos outros, tornam o panorama da motivação do jovem ainda mais complexo em nossa realidade.
Frente a esse contexto tornam-se necessárias ações em diferentes frentes visando um olhar mais sistêmico e eficaz de apoio ao engajamento estudantil. Neste texto venho pontuar que, além de um eixo muito explorado pela Geekie, que é o do desenvolvimento profissional de docentes, existem outras abordagens que podem trazer força para uma compreensão mais profunda do momento dos estudantes, além de formas eficazes de atingi-los e envolvê-los cada vez mais em seu próprio processo de aprendizagem.
Seguem abaixo algumas iniciativas que estimulam de maneira mais ampla a aprendizagem ativa – que busca inserir o estudante em seu processo de aprendizagem – e propõe o desenvolvimento de múltiplas habilidades importantes para seu desenvolvimento socioemocional, cognitivo e como cidadãos do mundo.
- Disciplina de Educação Digital do Geekie One: foi elaborada com o objetivo de apoiar a compreensão dos mundos online e offline diante de um cenário de extenso avanço da tecnologia. O método das aulas também propõe discussões e dinâmicas que colocam como pauta situações e dilemas reais que derivam desses temas e de novas situações. O desenvolvimento de habilidades, como a argumentação, a empatia, o pensamento crítico e a autorreflexão também são trabalhados nas aulas. A disciplina trabalha em grande medida com o desenvolvimento da competência de Cultura Digital, determinada pela BNCC.
Faz parte do Geekie One e está disponível para escolas parceiras. - ONG LALA: promove imersões com jovens do Ensino Médio de várias regiões e contextos sociais do país, cujo objetivo principal é o desenvolvimento de lideranças estudantis locais que possam gerar impacto positivo em suas comunidades. As atividades estimulam o autoconhecimento, o desenvolvimento de liderança e projetos, além de momentos de conexão e inspiração com líderes, empreendedores e educadores que são referências nos seus trabalhos de impacto social.
As Imersões são de uma semana e acontecem de 4 a 6 vezes por ano durante as férias escolares. Os estudantes passam por um processo seletivo e estão abertas as inscrições para os programas que acontecerão entre dezembro e janeiro. - Centros Etievan: modelo educativo que tem o objetivo de ajudar pessoas a se prepararem para os desafios da vida. Um dos projetos com os jovens são as oficinas de ofícios (construção, arquitetura etc.) e vivências artísticas (dança, música e teatro) com o intuito de desenvolver as habilidades de atenção, confiança, resiliência emocional e cooperação durante a criação e a execução dessas atividades práticas. Seu propósito é ajudar os jovens a aprofundarem seu conhecimento sobre seus próprios interesses e apoiá-los em sua formação integral e na preparação para a vida adulta.
As oficinas acontecem no contraturno das escolas.
As iniciativas trazem propostas distintas em relação ao tempo de dedicação do estudante ou da instituição, o que evidencia que existem muitos formatos e diferentes opções que servem como apoio de uma maior conexão do jovem com seu processo de desenvolvimento educativo; sem deixar de lado também a relevância da formação de professores e do apoio da equipe de gestão. Quando somadas à condução de aulas mais ativas e que despertem o aluno para o desenvolvimento de sua autonomia, obtém-se um ecossistema que contribui para compor um ambiente escolar mais propício para o aprendizado, mais acolhedor e mais estimulante.
Elas convergem no ponto em que acreditam que o estímulo para atividades mais práticas, ativas, desafiadoras e significativas podem acarretar um duplo benefício. O primeiro é o desenvolvimento de habilidades fundamentais para uma educação integral, com a exploração das dimensões intelectual, afetiva, física e social. O segundo benefício é o estímulo para que os estudantes possam se reconectar com a beleza do aprender e de como o conhecimento os faz evoluir, de forma que sua postura em outras aulas também seja a de um cidadão mais responsável por seu processo de crescimento e autoconsciência.
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