O Geekie Teste alcançou 94% de aderência aos assuntos que caíram na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, seguindo a tradição das provas da área, é marcada por trazer textos variados e com temáticas sociais e culturais. Assim como na edição de 2023, predominaram as questões de dificuldade fácil e média.
No início da prova, na parte de Inglês, nos deparamos com questões curtas com tipos textuais diversos, tendo três delas imagens. Os cinco textos, todos provenientes dos Estados Unidos, abordam temas diversos: uma comparação entre citações de Albert Einstein e Bob Marley, uma canção que trabalha a questão de ódio e intolerância, uma imagem tratando da destruição da natureza, um texto que problematiza o preconceito diante da fala do imigrante nos Estados Unidos e uma carta de uma editora a uma escritora.
Já na parte da opção de Espanhol, o cenário é diferente no que diz respeito aos tipos textuais: são somente textos verbais, mais longos, sendo apenas um deles um poema, enquanto o restante é em prosa. Contudo, em contraposição às questões de Inglês, a origem dos textos é mais variada: são dois mexicanos, dois espanhóis e um argentino. Os temas, da mesma forma que os da área de Inglês, foram diversificados: uma problematização das consequências da cultura do cancelamento, uma crônica que traz as diferenças culturais entre galegos e andaluzes, um texto da poetisa mexicana Celerina Patricia Sánchez Santiago sobre a diversidade linguística em seu país, uma crônica de Rosa Montero e um poema de um manuscrito anônimo de Tlatelolco, no México.
Para responder às questões de línguas estrangeiras, tanto de Inglês como de Espanhol, foi demandada do(a) estudante, predominantemente, a capacidade de interpretação textual. Essa habilidade foi cobrada de diversas formas, como a inferência de sentidos, a identificação de informações explícitas, o reconhecimento do objetivo do texto e a percepção do sentido de uma expressão específica no contexto.
As questões referentes ao componente de Arte, diferente das três últimas edições do Enem, são bem diversas quanto ao tipo de arte e ao período e local em que foram feitas. Uma das questões aborda as diferentes características do cavaquinho de acordo com o país e a cultura para onde ele foi levado. Outra trata da multiculturalidade do Brasil e da produção artística afro-brasileira. Também foi trabalhada a relação entre objetos ritualísticos das artes indígenas e os papéis de quem os utiliza em suas comunidades. A prova trouxe também uma obra de Eliseu D’Angelo Visconti, ressaltando a influência do Impressionismo em sua obra. Além disso, uma questão trouxe uma comparação entre duas esculturas com mais de 2 500 anos de diferenças entre elas, na qual se buscou trabalhar os padrões estéticos em diferentes momentos e locais. Por fim, a prova trouxe uma questão com uma fotografia do nascer do sol ao longo de oito anos por acaso.
As questões de Educação Física se mantêm no padrão dos anos anteriores: são heterogêneas quanto às temáticas e não deixam de relacionar a atividade física às problemáticas sociais. Entre os assuntos trabalhados, estão a história profissional de atletas paralímpicas brasileiras, a relação entre saúde mental e a pressão da mídia e dos eventos no esporte, a interligação entre determinantes socioeconômicos e a possibilidade da prática de exercícios, as questões de gênero e sexualidade nas modalidades de lutas, a aproximação de manifestações folclóricas com as torcidas esportivas e, por fim, as mudanças ao longo do tempo nos Jogos Olímpicos. Enquanto no ano passado houve uma predileção por esportes olímpicos e Olimpíadas em Educação Física, neste ano há uma ênfase maior na temática dos praticantes da atividade física em si, em suas trajetórias, nos problemas de carreira e na relação do olhar da sociedade com o exercício.
Tanto em Arte quanto em Educação Física, houve um aumento no número de questões, de cinco para seis, o que é uma mudança na estrutura da avaliação em relação aos anos anteriores. Porém, essa alteração pode ser característica apenas deste ano, sendo necessário esperar a próxima prova para identificar se será algo pontual ou uma tendência permanente (como é o uso de cada vez mais textos verbais na avaliação, por exemplo).
No componente responsável pela maior quantidade de questões de Linguagens, Português, a edição deste ano trouxe uma seleção diversificada de textos no que se refere ao tipo textual e à temática, embora sejam notáveis o predomínio de textos em prosa e a escassez de questões com textos não verbais. Esse é um padrão já seguido pelo Enem nas edições dos últimos anos. Uma prova carregada de textos verbais extensos exige do(a) estudante uma maior concentração e requer a capacidade de lidar com a linguagem e seus sentidos. Embora os demais componentes tenham trabalhado questões com imagens, em Português encontramos apenas uma questão, a qual trata da finalidade dos elementos verbais e não verbais presentes em uma campanha de agasalho.
Conforme já praticado nos anos anteriores, essa edição é marcada pela grande presença de textos literários. Ainda que haja trechos do cânone literário, como partes de obras de Júlia Lopes de Almeida, Machado de Assis e José de Alencar, o Enem de 2024 preferiu dar um espaço maior aos autores contemporâneos, trazendo, por exemplo, um trecho da autobiografia de Rita Lee, duas crônicas de Antônio Prata e uma de Tati Bernardi e um trecho de uma obra de Natália Borges Polesso. Já sobre os textos em versos, a prova trouxe um poema de Alice Ruiz, uma canção dos Racionais MCs e um poema de Vinícius de Moraes.
Em relação aos assuntos abordados na prova, os que mais se destacam são: interpretação textual e variação linguística. A interpretação textual é o de maior recorrência, que se relaciona com demais assuntos, uma vez que se pressupõe, primeiramente, a interpretação do texto para, então, identificar ou analisar elementos específicos solicitados. Exemplos disso são a questão que traz uma resenha crítica da sétima temporada da série Game of Thrones, em que se demanda uma análise dos procedimentos argumentativos presentes na construção do texto, e a questão que requer uma análise literária de uma metáfora em um poema de Alice Ruiz.
Já sobre as questões que abordam a variação linguística, nota-se que, entre os tipos de variedades, a mais trabalhada foi a regional: a prova trouxe textos com variações faladas no Amazonas; na cidade de Tabatinga, em Minas Gerais; no estado do Maranhão; e no interior de São Paulo, tematizando a história de Adoniran Barbosa. Além disso, a avaliação trouxe uma questão que problematiza as diferenças entre os usos da coloquialidade e da norma culta e, por fim, uma questão que trata da variedade ocupacional, contextualizada com base nas falas do gramático Evanildo Bechara.
Essa edição do Enem, seguindo o padrão já conhecido da prova, trabalha assuntos específicos do componente curricular baseando-se em textos com temas de relevância social e política. No que diz respeito às questões que abordam as tecnologias da comunicação, encontramos um texto que trata dos benefícios do podcast, outro que ressalta o caráter de acessibilidade da telemedicina, um que traz as contribuições de um aplicativo para a democratização do registro de línguas indígenas e um que aborda a problematização do acesso a memes e fake news por crianças.
Encontramos uma questão que trabalha as funções da linguagem (especificamente a função referencial) a partir de um texto informativo sobre o impacto da pobreza na vida menstrual das mulheres. Para trabalhar argumentação, foi usado um texto-base que trata do racismo a partir de dados que mostram a diferença do alcance de conteúdos de influenciadores negros e brancos. A metalinguagem foi explorada a partir da temática da violência em uma canção dos Racionais MCs. A interpretação textual foi trabalhada a partir de um trecho do conto Marília Acorda, de Natália Borges Polesso, no qual é tematizada a relação de dependência e afeto na velhice e cujas personagens são um casal homoafetivo. Além disso, a prova também traz um texto informativo sobre o combate ao câncer de mama masculino, no qual o foco também é a interpretação textual.
Nota-se, por fim, que a edição de 2024 mantém os padrões já conhecidos do Enem, focando em trabalhar questões de relevância social e política em conjunto com uma coletânea de textos da literatura nacional, enfatizando textos verbais e em prosa.
Assuntos mais abordados:
- Variação linguística.
- Interpretação textual.
- Argumentação.
- Funções da linguagem.
- Tecnologias da comunicação.
- Literatura.
- Progressão textual.
- Recursos persuasivos.
Redação
Seguindo a tradição do Enem, a edição de 2024 trouxe um tema de grande relevância social: “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”, solicitando do(a) estudante uma proposta de intervenção em um texto dissertativo-argumentativo.
Entretanto, em contradição às provas dos anos anteriores, essa edição trouxe seis textos motivadores, e não apenas quatro, como de costume até 2023. A prova priorizou textos mais curtos e de diferentes naturezas, enquanto anteriormente eram usados majoritariamente textos informativos e acadêmicos.
Neste ano, encontramos uma definição de dicionário para “herança”, um parágrafo de um artigo acadêmico, um provérbio africano a partir de uma ilustração, um trecho de uma reportagem, um samba-enredo de 2019 e, por fim, uma fotografia de alunos observando um grafite que retrata Zumbi dos Palmares.
Embora diferente dos anos anteriores, os textos motivadores se mostram diversos não só quanto sua natureza, mas também quanto às abordagens distintas, de modo que possibilita o embasamento da argumentação textual.
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