Geekie Teste Enem 2024: aderência em Ciências Humanas e suas Tecnologias

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O Geekie Teste alcançou 80% de aderência aos assuntos que caíram na área de Ciências Humanas e suas Tecnologias

Em 2024, a prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) mostrou-se bastante equilibrada quanto à quantidade de questões das disciplinas que compõem a área e apresentou, como na aplicação do ano anterior, a preponderância de questões de dificuldade fácil e média. Outros destaques da aplicação deste ano foi a preeminência dos temas relacionados à história do Brasil, aos movimentos sociais, à filosofia contemporânea e às questões ambientais, ora seguindo tendências do ano anterior, ora trazendo inovações.

No que diz respeito ao componente curricular Geografia, a principal temática retratada no exame foi os impactos socioambientais da ação antrópica na natureza. Foram abordados temas atuais, como: a seca na Amazônia e sua relação com o desmatamento; as sequelas na população local após o rompimento da barragem da Samarco em Mariana-MG; e ações que visem a amenização dos impactos das mudanças climáticas em centros urbanos. 

Assuntos relacionados à questão ambiental apareceram também articulados à geopolítica, ao abordar a participação do Brasil na COP-26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), e à Geografia Física, ao tratar da dinâmica entre velocidade e tempo de duração de inundações a partir da análise de um gráfico.  

Seguindo a tendência dos anos anteriores, as questões de Geografia abarcaram temas vinculados aos estudos demográficos e à globalização. No tocante à demografia, discutiu-se a questão do acolhimento de refugiados pelos Estados e os impactos das mudanças tecnológicas na dinâmica populacional. Quanto à globalização, foram trabalhados assuntos como a organização do espaço produtivo, a partir de um texto do geógrafo Milton Santos; a difusão mundial de elementos da cultura brasileira, possibilitada pelos avanços tecnológicos dos meios de comunicação; e a estrutura da Organização das Nações Unidas (ONU). 

Análogo ao exame aplicado em 2023, houve apenas uma questão da área de geologia, relacionada à diferenciação da magnitude de terremotos conforme o seu local de ocorrência. Também em congruência com o ano anterior, apareceu a temática sobre o espaço agrário, desta vez com enfoque nas populações tradicionais e indígenas. As questões abordadas sobre esse assunto foram: impactos positivos do avanço tecnológico para essas populações; gestão territorial pautada em um desenvolvimento sustentável integrado ao modo de vida das comunidades locais; e ações do Estado direcionadas à população quilombola após a promulgação da Constituição de 1988.

Por fim, ainda na parte de Geografia, a novidade em relação ao ano anterior foram as questões relacionadas à cartografia e suas representações. Esta foi retratada a partir da análise de imagens de satélite para discutir as transformações na paisagem de Dubai entre 2000 e 2020 e também a partir de uma questão sobre a intencionalidade da utilização de instrumentos cartográficos ao longo da história. No geral, o componente de Geografia apresentou questões de dificuldade média e média próxima do fácil, com apenas uma questão fácil e uma difícil. 

No que concerne à disciplina de História, notamos, em primeiro lugar, um destaque dado à abordagem de temas ligados à história do Brasil nos séculos XIX e XX, destoando da tendência do ano anterior, que fez menção a vários e diferentes períodos da história nacional. Nesse sentido, observam-se, na aplicação deste ano, questões que retrataram o país durante o oitocentos, entre o fim do Império e o início da República, com temas que descreveram o envolvimento de artistas e intelectuais com a causa abolicionista e o fenômeno do regatão na região amazônica, aqui entendido como uma espécie de vendedor ambulante envolto em uma teia de sociabilidade bastante importante para a cultura local.

Em relação ao século XX no Brasil, algumas questões abordaram a hierarquização dos profissionais de saúde e a modernização do país em termos tecnológicos e científicos durante a Primeira República, assim como, no mesmo período, as mudanças sofridas pela literatura de cordel em função da técnica empregada em sua confecção. Houve também uma questão sobre o estereótipo de cultura brasileira expresso na revista Travel in Brazil, na época estadonovista.    

Para além dos temas voltados à história do Brasil, observamos ainda um foco na América Latina, com uma questão sobre a América Espanhola no período colonial, mais especificamente sobre a figura de Bartolomeu de Las Casas, aclamado pelos nativos e odiado pelos colonizadores; e uma reflexão sobre a principal reivindicação do movimento das Mães da Praça de Maio, mobilização das mães dos desaparecidos políticos durante a ditadura na Argentina. Isso indica que a prova inovou em relação à aplicação anterior, que não fez menção à história dessa região. 

Mesmo com o destaque à história do Brasil, o exame também tratou de temas candentes da história europeia, como o importante legado científico das universidades medievais; a rejeição, no período moderno, da valsa vienense, em razão dos seus traços populares; e, seguindo uma tendência da aplicação anterior, a menção a assuntos relacionados ao Iluminismo, como o papel da mulher na sociedade do período e a sociabilidade dos agentes envolvidos no movimento iluminista, observando a separação entre o alto e o baixo iluminismo. A disciplina apresentou, em sua maioria, questões de dificuldade fácil e média. 

A respeito do componente curricular de Filosofia, a aplicação de 2024 foi marcada pela abordagem de temas e assuntos inovadores em relação à aplicação anterior, com destaque para a Filosofia Contemporânea. Nesse segmento, as questões trataram sobre a relação entre o corpo e a alma, segundo a metafísica foucaultiana; o problema da finitude humana, a partir do trecho de um best-seller da literatura recente, A culpa é das estrelas; a discussão sobre o estatuto epistemológico da linguagem, partindo de pressupostos de pensadores da área, como R. Carnap; o conceito de “rizoma”, conforme o pensamento de Gilles Deleuze e Félix Gattari; e, por fim, o método indutivo de Bertrand Hussell para o entendimento da realidade.

Apesar do destaque dado à Filosofia Contemporânea — uma inovação em relação à aplicação anterior —, o exame trabalhou um dos assuntos mais tradicionais, a ética e a moral. Dentro desse campo, tratou da ética aristotélica, sobretudo de sua concepção sobre a eudaimonia, e de um dos imperativos desse segmento da Filosofia, que pode ser resumido na máxima “trate os outros como gostaria de ser tratado”.

No componente curricular Sociologia, seguindo as tendências do ano anterior, foram abordadas temáticas sobre patrimônio histórico imaterial e relações de trabalho no modo de produção capitalista. Em relação à primeira temática, abordaram-se expressões culturais afro-diaspóricas, dialogando com o tema da redação, e da festa regional Círio de Nazaré, realizada em Belém-PA. Já acerca da segunda, foi discutido o conceito de “alienação do trabalho” cunhado por Karl Marx.

No entanto, em comparação à aplicação de 2023, os assuntos desenvolvidos na disciplina de Sociologia variaram. Foram trabalhadas questões relacionadas à democracia, como cidadania e o espaço público enquanto local da construção do regime democrático, e à indústria cultural, abordada como instrumento de controle social.  

A novidade da prova em Sociologia foi o enfoque de questões relacionadas a temas identitários, como o movimento negro, a discriminação por gênero e raça, a intolerância contra pessoas com deficiência e os efeitos da globalização no fortalecimento da diversidade de identidades. 

Sobre o movimento negro, foi abordada a reivindicação do grupo Black Lives Matter em incluir uma maior diversidade de pessoas negras no coletivo. No que tange à discriminação por gênero e raça, tratou-se da injustiça causada pelo preconceito de identidade, este vinculado à diferença de credibilidade dada ao discurso de acordo com quem o profere. Já o item sobre intolerância contra pessoas com deficiência versou sobre a ética interpessoal necessária para lidar com as assimetrias de poder presentes nas interações entre pessoas com e sem deficiência. Em suma, tratou-se da diversidade de identidades existentes e das discriminações e desigualdades às quais essas pessoas são submetidas.

O nível de dificuldade das questões de Sociologia variou entre médio e médio mais próximo do fácil, com apenas uma questão mais desafiadora e uma mais fácil. As temáticas trabalhadas, no geral, foram diferentes em relação à aplicação de 2023, sobretudo quanto às questões sobre identidade e cultura vinculadas à desigualdade presentes na sociedade. 

Assuntos mais abordados:

  • História do Brasil.
  • Iluminismo.
  • Filosofia contemporânea.
  • Questões socioambientais.
  • Globalização.
  • Espaço agrário e populações tradicionais.
  • Políticas identitárias.

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