Na área de Ciências Humanas e suas Tecnologias, o Geekie Teste cobriu 88,9% dos conteúdos que aparecem no primeiro dia de aplicação do Enem 2023
Avaliações e simulados do Geekie Teste potencializaram a preparação dos estudantes das escolas parceiras da Geekie na preparação para o Enem 2023. Na área de Ciências Humanas e suas Tecnologias, o Geekie Teste cobriu 88,9% dos conteúdos que apareceram no primeiro dia de aplicação da prova. Na área de Linguagens e Códigos, a aderência foi de 92%.
Confira a análise da prova, realizada pela Equipe de Avaliações da Geekie:
Em 2023, a prova da área de Ciências Humanas e suas Tecnologias, diferentemente da aplicação anterior, deu grande destaque à temática da construção social do papel da mulher, da violência e da desigualdade de gêneros. O exame deste ano contou com uma composição na qual predominaram questões de dificuldade fácil e média, textos analíticos e documentos históricos, demandando dos estudantes uma habilidade de leitura atenta. Assim como em 2022, as matérias que estavam em evidência na prova foram Geografia e Sociologia, o que revela a continuidade de alguns aspectos da aplicação anterior.
Geografia
Em relação à matéria de Geografia, a temática do espaço rural apresentou grande participação, tanto no aspecto social quanto no ambiental. No âmbito social, o exame demandou a compreensão dos conflitos que ocorrem no campo entre os camponeses e a modernização agrícola, e também sobre o padrão de ocupação das terras na Amazônia para a plantação de soja. No espectro físico, a prova demandou a habilidade de reconhecer o manejo sustentável a partir de sistemas de agrofloresta e as consequências da degradação do solo a partir de técnicas prejudiciais à sua estrutura.
O Enem 2023 também manteve a tendência de abordar temáticas relacionadas à geopolítica e aos blocos econômicos. Sobre a primeira, a prova demandou conhecimentos sobre as disputas de poder simbólico entre a Coreia do Norte e a do Sul e os conflitos étnico-religiosos presentes na região de Xinjiang, na China. No quesito dos tratados econômicos, foram apresentadas as tensões e os múltiplos interesses no estabelecimento de uma parceria entre o Mercosul e a União Europeia.
A relação entre ocupação humana e mudanças climáticas também foi destaque desta aplicação da prova, contando com temas transversais em Geografia e História. Em História, a intensificação da exploração ambiental madeireira a partir do século XV e XVI é apresentada como cenário para discussão sobre o processo de expansão marítima. Em Geografia, o aquecimento global foi discutido a partir de mapas que demonstram as possíveis alterações na temperatura e nos níveis de precipitação em todo o globo. Além disso, o exame também apresentou o discurso da líder indígena Txai Suruí para explicitar as consequências das mudanças ambientais e climáticas em função das ações de exploração predatórias. O tema também apareceu de forma sutil em uma questão que retrata a formação de aglomerações urbanas e sua relação com o meio natural, a partir de um trecho de uma obra do autor José Lins do Rego.
O exame manteve a tendência dos anos anteriores de abordar o assunto da globalização e das dinâmicas demográficas. Em relação à globalização, foi demandada a interpretação sobre os mecanismos de competição e dumping. Já no aspecto demográfico, foram exigidos os conhecimentos sobre a inserção feminina no mercado de trabalho e a sua relação com a redução da taxa de fecundidade, a partir de um gráfico.
Nessa aplicação da prova, o assunto de geologia foi explorado somente por uma questão que demandava conhecimento sobre a dinâmica de placas e a formação dos dobramentos modernos.
Por fim, em relação aos anos anteriores, o Enem 2023 apresentou, em geral, menos assuntos da parte de Geografia Física e mais textos analíticos-interpretativos sobre a questão social da interação humana com os recursos ambientais.
História
No tocante à disciplina de História, o exame deste ano seguiu algumas tendências da aplicação de 2022. Uma delas foi o fato de que a maioria das questões abordaram fenômenos de diferentes momentos da história do Brasil. Nesse sentido, houve perguntas sobre o advento do letramento das mulheres no Segundo Reinado, as mudanças sofridas por um patrimônio imaterial brasileiro ao longo do tempo – a Cavalgada de Sant’Ana do Rio Grande do Norte –, o desenvolvimento da chinesice na arte barroca mineira durante o período colonial e a prática do envio de cartas como um importante elemento na formação da identidade dos imigrantes que se estabeleceram no Brasil durante o século XIX.
No entanto, nesse quesito, a prova de 2023 inovou ao dar ênfase à Ditadura Civil-Militar e mencionar o antissemitismo no Brasil. Em relação à primeira, o exame retratou uma das maiores características desse regime de exceção no país – a repressão –, tomando como exemplo o assassinato arbitrário do ex-diretor da TV Cultura Vladimir Herzog. Na esteira do aparato repressivo, a prova também abordou a desarticulação das ligas camponesas pela ditadura e o uso dos sindicatos rurais pelo governo para controlar a população camponesa. Em relação ao segundo, a prova tratou dos aspectos que motivaram o antissemitismo no Brasil e no mundo, ou melhor, as questões sociais, econômicas e ideológicas que impulsionaram a perseguição aos judeus no século XX.
Além disso, a prova de 2023 seguiu tendência diferente da de 2022, com a abordagem de alguns acontecimentos da história mundial, recorrendo, por vezes, a conhecimentos da disciplina de Geografia: a incapacidade do governo britânico de manter a paz no seu antigo domínio da Palestina; a adaptação da elite europeia ao uso de talheres nas refeições a partir do século XVI; a degradação ambiental da Europa devido à demanda crescente das Grandes Navegações por produtos lenhosos; a tolerância religiosa como instrumento de dominação do império inca; e a concepção iluminista do Estado como o ente que deve zelar pela saúde dos indivíduos.
Filosofia
No que diz respeito à disciplina de Filosofia, o Enem 2023 manteve a tendência de abordar temáticas sobre filosofia grega e filosofia política. Porém, o grande enfoque da aplicação foi a filosofia ética e moral. Vale ressaltar que o tema dos direitos e da participação feminina também esteve presente nas questões dessa disciplina.
No âmbito da filosofia ética e moral, um assunto amplamente abordado foi a autonomia dos sujeitos perante o mundo. A partir de textos de Paulo Freire e Paul Ricoeur, o exame demandou conhecimentos sobre a prática pedagógica baseada em uma participação política ativa e sobre como o processo de perdão é fundamentado na autonomia das relações sociais que se estabelecem entre os indivíduos. O filósofo Jean-Paul Sartre também foi destaque na aplicação, em uma questão que exigiu saberes a respeito da liberdade e da facticidade.
Em relação à filosofia política, o tema do desrespeito à dignidade humana foi abordado a partir de uma notícia na qual são retratadas a perseguição feminina e a supressão de seus direitos conquistados ao longo da História no Afeganistão pelo governo Talibã. Além disso, o filósofo Michel Foucault, assim como nas edições anteriores, também foi destaque em relação à atuação do poder punitivo.
No tocante à filosofia grega, tradicionalmente abordada nos exames anteriores, a edição de 2023 inovou ao relacionar um trecho da obra clássica Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, com a característica discursiva/persuasiva dos sofistas.
Mantendo a tradição das aplicações anteriores de apresentar questões sobre o papel da ciência e seu desenvolvimento, o exame exigiu conhecimento sobre a filosofia cartesiana a partir da contraposição de um texto de um filósofo recorrente nas aplicações anteriores, Maurice Merleau-Ponty.
Sociologia
A disciplina de Sociologia também foi destaque na aplicação do Enem 2023, seguindo outra tendência do Enem 2022. Na prova, observaram-se questões sobre o trabalho, o etnocentrismo, o desejo de participação na política e o papel da mulher em diferentes temporalidades.
Sobre o trabalho, o foco foi a precarização das condições trabalhistas em todo o globo em razão da implantação da Inteligência Artificial (IA) em vários processos produtivos, sobretudo nos mais intelectualizados, como a tradução de idiomas. A prova, nesse sentido, também tratou do lazer no capitalismo como a continuação do trabalho, com base nas ideias de Theodor W. Adorno e Max Horkheimer.
A respeito do etnocentrismo e do desejo de participação na política, a prova mostrou como os estudos sobre a escravidão de povos africanos se desenvolveram sob uma perspectiva eurocêntrica e como os cidadãos ensejavam atuar na esfera decisória, por meio da análise de uma tirinha de Laerte.
No entanto, o que mais surpreendeu na aplicação de 2023, ainda em relação à disciplina de Sociologia, foi o foco dado à questão da mulher. Sobre esse assunto, a prova tratou das ações consideradas como crime pela Lei Maria da Penha; o esquecimento relegado a Lina Bo Bardi, uma das principais idealizadoras do prédio do Masp, em São Paulo (SP); a transformação do espaço privado que viabilizou a socialização das mulheres com outros membros da comunidade; e a ruptura do papel tradicional relegado à mulher à época da Revolução Francesa, quando meninas passaram a receber uma educação semelhante à reservada aos homens.
De acordo com análise da Equipe de Avaliações, o Enem 2023, apesar de seguir algumas tendências da aplicação de 2022, apresentou importantes inovações, com destaque para a questão da mulher, que apareceu com abordagens variadas em todas as disciplinas da área de Ciências Humanas e suas Tecnologias.
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