Em 2018, o setor da educação enfrenta desafios e oportunidades. Fórum debate quais são os caminhos do setor e como o gestor pode, de forma efetiva, conseguir potencializar resultados provindos dessa mudança.
Conversamos com Harry Guttman, gerente de projetos da Blue Ocean e organizador do Educo Brasil, para falar sobre a realidade do setor educacional na visão dos gestores e a importância de usar práticas consagradas de outros setores para a geração de resultados para a o ensino básico privado.
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Estamos caminhando para a 3ª edição do Educo. O que esse ano trará de novidades?
A proposta de valor do Educo Brasil 2018 é a de chegarmos em uma geração de resultados efetivos na gestão da escola, usando algumas ferramentas consagradas em outros setores e indicadores de performance. O evento reúne o que outras áreas podem trazer de expertise, de vivência, que podem ser traduzidas para uma necessidade específica de uma escola.
Os temas que permeiam o setor foram divididos em 3 grandes blocos: o primeiro bloco abordará a realidade do mercado, assim como a BNCC, a reforma trabalhista, fusões e aquisições; o segundo bloco focará nas tendências do mercado, com as escolas super premium versus as escolas de low cost, abordando metodologias ativas de ensino para projeto; enquanto que o bloco final falará sobre pessoas e processos e o que pode ser resgatado de outros setores como aprendizado.
A grande entrega do evento é a possibilidade de usar essas práticas consagradas dos setores e trazer para dentro da educação básica, mostrando que é possível, com a apresentação de cases.
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Nesses 3 anos, como a Educo vê o perfil do gestor educacional brasileiro?
Notamos que, com o passar dos anos, o gestor educacional vem mudando seu perfil e começa a entender que uma educação de excelência parte também de uma gestão eficaz. Ele se mostra ainda muito preocupado com os aspectos pedagógicos, só que nesse momento, um pouco menos apaixonado pelo processo educacional. Ele já entende a necessidade de ser um executivo de uma escola.
Em 2016, percebemos que existia uma necessidade de falar sobre a transformação do olhar da empresa-escola e profissionalização do setor. Ter uma gestão de excelência, não significa mercantilizar o ensino. Se os processos são bem definidos, cada um sabe exatamente qual é o seu papel dentro da empresa, cada um tem seu foco, o que resulta em um produto de melhor qualidade e, consequentemente, em uma educação de melhor qualidade.
Em 2017, vimos que os gestores precisavam entender como eles poderiam se profissionalizar, como que eles poderiam olhar para seus indicadores, para a gestão financeira para fazer essa transformação.
Já, agora, em 2018, percebemos uma maturidade do setor muito grande. Vemos um campo educacional muito diferente daquele que eu via lá em 2016, mais concentrado, com grandes players e com e a entrada de grandes investidores como realidade do ramo.
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Na sua opinião, quais os desafios que ainda existem para a implementação de uma aprendizagem ativa? Como os gestores e mantenedores veem essa nova realidade e como se adequam?
Quando falamos de aprendizagem ativa, de ensino por projeto, o principal ponto que temos que levar em conta é a grande transformação que o setor educacional está passando. É através dessa transformação que vamos poder desmistificar algumas antigas “verdades”, como aquela frase que costumamos a ouvir no setor: “uma sala de aula do século XIX, com professor do século XX e o aluno do século XXI”. O gestor escolar passou a entender que não deve apenas seguir o modismo ou deixar de levar em consideração as consequências que uma má escolha na gestão pode causar.
Outro ponto importante para a consolidação de metodologias ativas e para o ensino por projeto, é que o professor também precisa passar por uma transformação. O professor deve entender que ele é um facilitador do processo de pesquisa do aluno, que é o verdadeiro protagonista. As práticas de RH, que também serão abordadas no evento, são importantes para a escola consiga transmitir essa nova visão para o educador. A partir do momento em que ele entender a importância do ensino por meio de metodologias ativas, ele vai levar uma transformação efetiva para a sala de aula dele e isso será replicado também nos cursos de formação de licenciatura ou de pedagogia.
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Como você vê, hoje, a utilização de dados e indicadores na gestão escolar? De que maneira isso pode contribuir para revolucionar essa forma de gestão?
O uso de dados e indicadores é fundamental e pode resultar, por exemplo, em melhores decisões de investimento e melhora da imagem institucional. Por meio desses dados, o gestor tem a chance de saber de que forma o mercado percebe a escola e onde é necessário direcionar uma maior renda para ampliar a captação de alunos, por exemplo. Caso o gestor não aplique efetivamente esse uso de dados e indicadores, não é possível saber qual caminho que a escola deverá percorrer e sem essa informação, é impossível conduzir a escola para o caminho desejado.
Um fato interessante que demonstra a importância do uso de dados e indicadores é o case do Colégio Albert Sabin, parceiro da Geekie, uma das escolas participantes desta edição do Educo. O fato de saber lidar com indicadores fez com que esse colégio, mesmo não sendo bilíngue, conseguisse um alto índice de proficiência dos seus alunos em inglês, que conseguem tirar certificação em Cambridge. Além disso, eles conseguiram também, como resultado, um alto índice de aprovação nas faculdades públicas, em especial na USP, de 60% de seus alunos.
Outro caso é o do Colégio Dr. Walter Belian, mantido pela fundação Zerrenner, que também palestrará no evento. Nas paredes de todo o colégio, ficam posicionados gráficos de vários indicadores.
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Esta edição promete debater sobre atualidades que geram, ao mesmo tempo, grandes interesses e incertezas para o gestor, como a reforma política brasileira e a consolidação da BNCC. Na sua opinião, para que passos caminha a educação brasileira e como o gestor pode lidar da melhor forma com essas mudanças?
Vivemos, atualmente, um momento importante de transformação da escola, com desafios e oportunidades. Ao meu ver, discutir a maneira a qual está sendo feita essa transformação, é gastar energia no lugar errado. A grande discussão deste momento é que é preciso mudar.
Precisamos olhar efetivamente para a formação das nossas crianças e dos nossos futuros adultos, junto a outros órgãos e tentar desenvolvê-la da melhor forma possível. Precisamos desenvolver a capacidade cognitiva e o pensamento crítico. Em um momento como o que vivemos, de fake news, isso é indispensável. Isso só cresce quando não se questiona a fonte, quando não se questiona a informação recebida. As escolas já começam a provocar os alunos para que eles entendam que nem tudo o que eles ouvem está totalmente certo e que é preciso entender também a origem da informação. O que o Educo se propõe a debater, como fórum, são os caminhos que a educação está tomando e o que o gestor deve implementar e quando.
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Por último, você pode nos falar um pouco sobre a sua expectativa para a edição deste ano?
A minha expectativa para este ano é a de criarmos um fórum de troca de boas práticas, de troca de experiências e informação, em um ambiente de discussão que foi pensado exclusivamente para diretores e mantenedores. E, com isso, que os gestores entendam a escola como empresa e considerem suas especificidades, que o setor se profissionalize, se capacite e se prepare ainda mais para que seja possível transformar a educação e, em consequência, o país.
A ideia é que, além dessa troca, que o evento possibilite também a desmistificação do uso de ferramentas que já são consagradas em outros setores, como a metodologia Six Sigma e os 5S, assim como o uso de práticas de gestão e de RH, como, por exemplo, gestão por competência, feedback e pesquisa do clima organizacional.
Saiba mais sobre o que será pauta da 3ª edição do Educo: http://info.geekie.com.br/escolas-mundiais/
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Participe do evento:
O Educo Brasil caminha para a sua 3ª edição, que acontecerá nos dias 26 e 27 de abril de 2018, no Hotel Holiday Inn Anhembi, em São Paulo. O Educo é o primeiro evento criado exclusivamente para a discussão de práticas de gestão educacional em escolas privadas do ensino básico.
Se você é gestor, diretor ou mantenedor, confira aqui a agenda e inscreva-se aqui.