Dia do(a) Indígena e a temática nas práticas pedagógicas

Por que 19 de abril é o Dia do(a) Indígena? A data ficou marcada em razão de um protesto dos povos indígenas realizado no Congresso Indigenista Interamericano, no México, em 1940. Foi exatamente no dia 19 de abril, quando impuseram suas vozes nas discussões em relação ao reconhecimento e respeito à população ameríndia.

Ao término do Congresso foram definidas algumas medidas em favor dos direitos indígenas, como o “respeito à igualdade de direitos e oportunidades para todos os grupos da população da América”, “respeito aos seus valores e identidade histórica e cultural”, “adoção do indigenismo como política de Estado”, e, por fim, estabelecer “o Dia do índigena Americano em 19 de abril”.

Contudo, não foram todos os países a aderirem a essas medidas, No Brasil, por exemplo, somente em 1943, um decreto instituído pelo então presidente Getúlio Vargas, oficializou a data comemorativa. 

A data é comemorada apenas nos países do continente americano. Em outras partes do mundo, a homenagem aos povos indígenas é feita no dia 9 de agosto, por determinação das Organizações das Nações Unidas (ONU).

Falar em população indígena no Brasil é abordar uma pluralidade de línguas, etnias e culturas. Encontramos no território brasileiro 256 povos, cerca de 817.963 pessoas, falantes de mais de 150 línguas diferentes. 

No Brasil contemporâneo, grande parte das comunidades indígenas estão localizadas em áreas demarcadas pelo Governo, as chamadas Terras Indígenas, que são essenciais para o fortalecimento e proteção de seus direitos.

As terras indígenas encontram-se não somente em áreas rurais, mas também urbanas, cerca de 315.180 indígenas vivem em cidades.

Ao se trabalhar o “Dia do Indígena” na escola cabe a reflexão de que a data é apenas uma representação simbólica que busca valorizar e relembrar as conquistas e direitos indígenas, contudo, a luta por seus direitos é constante. A busca por igualdade, representatividade, educação e saúde de qualidade, direito à Terra e preservação de suas memórias, acontece todos os dias.

Além do mais, reforçar a diversidade de povos em relação às línguas, organização social e política, rituais, cosmologias, mitos, expressão artística, habitações e maneiras de se relacionar com o ambiente é uma maneira de dar voz e representatividade a essas comunidades.

Trabalhar a literatura indígena em sala de aula é uma forma de valorização dessas culturas. Além das narrativas encontradas nos livros, é possível apreciar os cantos, arte, grafismos, etc. Nesse sentido, é de suma importância trabalhar a cultura indigenas utilizando como referência os próprios atores indígenas.

Encontramos na literatura, música, cinema, rádio, universidades, na política, nas artes, entre outros, diversos protagonistas indígenas, o qual podem ser utilizados de suas narrativas como ferramenta para alcançar uma educação democrática, humanizada e plural.

* Beatriz Rodrigues, Doutoranda em Geografia pela USP, Editora de Geografia do Ensino Fundamental – Anos Iniciais do Geekie One e responsável pelos Projetos do Estação One da Geekie.