Circuito Geekie: Competências Socioemocionais e como a escola pode contribuir

A formação escolar cumpre um papel essencial no desenvolvimento humano, desde os anos iniciais até a adolescência, o que vai muito além de aprender sobre disciplinas como português e matemática. Hoje, as competências socioemocionais têm um papel cada vez mais importante.

Mas engana-se quem imagina que a construção das competências socioemocionais é feita somente em sala de aula, com o suporte dos(as) professores(as). Todos os agentes envolvidos no ambiente escolar têm participação decisiva nessa construção.

Para que possamos nos aprofundar sobre o tema, o Circuito Geekie trouxe, na última semana, um debate sobre como a comunidade escolar pode e deve contribuir, de forma a integrar as habilidades práticas, cognitivas e socioemocionais no ensino.

Para tratar sobre o assunto, a palestrante foi Camila Karino, CEO da Geekie e Doutora em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações pela UnB. Além de Camila, também convidamos para esta conversa Carolina Valadão, consultora pedagógica da Geekie e mestra em psicologia escolar pela UFU.

Vamos acompanhar ao longo deste artigo o papel das competências socioemocionais no aprendizado dos(as) estudantes. Além disso, também traremos os aspectos levantados durante a palestra, bem como estratégias para o desenvolvimento dessas competências em todo âmbito escolar.

Para que possamos entender melhor sobre a importância desse tema e como ele impacta no desenvolvimento e aprendizagem do estudante, é necessário saber o que são as competências socioemocionais.

Segundo o CASEL (the Collaborative for Academic, Social and Emotional Learning), organização internacional em prol da aprendizagem socioemocional, o aprendizado socioemocional é “parte integrante da educação e do desenvolvimento humano”.

Além disso, a organização cita esta competência como “processo pelo qual todos os jovens e adultos adquirem e aplicam conhecimentos, habilidades e atitudes para desenvolver identidades saudáveis, gerenciar emoções e alcançar objetivos pessoais e coletivos, sentir e mostrar empatia pelos outros, estabelecer e manter relacionamentos de apoio e tomar decisões responsáveis ​​e cuidadosas”.

Nesse sentido, para que os(as) alunos(as) possam ter a capacidade emocional desenvolvida de maneira adequada, é preciso trabalhar estes aspectos. Tanto dentro de sala de aula, como envolvendo todas as pessoas que fazem parte da comunidade escolar.

Com as competências socioemocionais tendo as características acima citadas, elas se tornam importantes em todas etapas do desenvolvimento humano. E primordiais de serem desenvolvidas concomitante com o ensino escolar.

Inclusive, durante a palestra do Circuito Geekie, Camila falou sobre a importância que o competência socioemocional tem para que os(as) alunos(as) consigam desenvolver suas habilidades cognitivas:

“O sucesso acadêmico não se realiza sozinho, não está desconectado, não está independente de um outro elemento, que é o socioemocional da criança e do adolescente. Não há como se desenvolver cognitivamente se não estiver bem emocionalmente.”

Porém, além de potencializar a capacidade de aprendizado dos(as) alunos(as), o desenvolvimento socioemocional também mostra sua importância em outros campos da aprendizagem. E, por isso, está presente nas 10 competências gerais que a BNCC traz para a educação básica brasileira.

A BNCC, Base Nacional Comum Curricular, além de incluir o aprendizado socioemocional dentro das competências gerais do ensino, o traz nas três etapas da educação básica: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. 

Tornando obrigatório o ensino prático e cognitivo interligados com o desenvolvimento socioemocional da criança e do adolescente. Assim como presente na elaboração de qualquer currículo escolar.

A base nacional foi pautada nas necessidades escolares e de desenvolvimento dos(as) estudantes do século XXI, frente às novas tecnologias e os desafios presentes na educação atual, levando em conta o contexto histórico, cultural e social de cada lugar.

E por falar em contexto histórico e social, nos últimos anos tivemos uma mudança significativa nas interações sociais. Devido à pandemia de Covid-19, fez-se necessário o isolamento social.

E, embora as medidas tomadas fossem altamente recomendadas, este afastamento afetou as interações, inclusive das crianças e adolescentes. Com o ensino remoto, as interações se tornaram on-lines e virtuais, aumentando a importância das redes sociais nesse período.

Hoje, nesse contexto pós pandemia, precisa-se resgatar o engajamento do(a) aluno(a) com o ensino dentro do ambiente escolar. E, para isso, trabalhar o senso de pertencimento, aliado à autonomia, ao significado do ensino e a competência de cada etapa.

Sobre isso, Caroline Valadão ressalta: “no contexto pós pandemia, com redes sociais, fica muito difícil do estudante ter este pertencimento de maneira autônoma. Então vemos que autonomia, pertencimento e significado, tudo isso está diretamente ligado com o socioemocional.”

Para que as competências socioemocionais possam ser trabalhadas da melhor forma, há algumas estratégias que os(as) educadores(as) e a comunidade escolar podem utilizar. Uma destas estratégias, como já mencionado, é manter o(a) aluno(a) engajado durante o processo educativo.

Nesse sentido, Camila Karino fala que “Quando se quer ter um aprendizado, é preciso ter um(a) aluno(a) engajado. O(a) estudante só aprende quando está engajado(a), quando está cognitivamente ativo na sala de aula, no ambiente escolar.” 

Outra forma de trabalhar o aspecto socioemocional é dando um olhar atento à saúde mental.  E, para isso, existem 3 estratégias fundamentais a serem implantadas em todos os espaços da comunidade escolar.

São eles: ter mais empatia com o(a) aluno(a), trabalhar a escuta de toda a comunidade, e encorajar mais o(a) aluno(a) a ter autonomia e ser protagonista de seu próprio aprendizado. Estes parâmetros são primordiais para que o(a) estudante se sinta mais acolhido no ambiente escolar.

Além disso, nos próximos itens, vamos abordar estratégias para o desenvolvimento das competências socioemocionais que podem ser utilizadas especificamente em cada ambiente da comunidade escolar:

Conforme foi explanado por Camila Karino e Carolina Valadão durante a palestra, há três âmbitos onde as competências socioemocionais devem ser trabalhadas. Um deles, portanto, é na sala de aula.

Assim como salientou Carolina, é necessário propiciar aos(às) alunos(as) chances de evoluir as competências socioemocionais a todo momento. “Precisamos oferecer oportunidades constantes de desenvolvimento socioemocional. Na hora do lanche, na hora da entrada, na aula de matemática. Todo momento é uma oportunidade de desenvolver estas habilidades”.

Outra maneira para contribuir para o desenvolvimento socioemocional é incluir no currículo uma disciplina específica para a educação digital. Com uma orientação ativa e deliberada, visando uma consciência socioemocional não só dentro das escolas, mas também no ambiente virtual. 

E tanto dentro da sala de aula, como nas interações no modo on-line, trabalhar a responsabilidade, a autonomia e empatia. E com isso, incluir outras ações por todas as atividades, como:

Não é apenas dentro da sala de aula que as competências socioemocionais devem ser levadas em conta. Dentro da escola, temos diversos espaços e outros agentes que interagem com os(as) alunos(as), tais como coordenadores, direção e outros funcionários da escola.

E é importante que se tenha um olhar atento e com foco na aprendizagem socioemocional em todas as interações. Ações que visem a aprendizagem, escuta e acolhimento desses(as) profissionais devem ser levadas em conta.

Além desses cuidados com os agentes adultos dessa relação, deve-se estabelecer espaços saudáveis e seguros fora da sala de aula, em ambientes de uso comum, como quadras esportivas, parquinhos, salas administrativas e outros espaços de convivência.

Por isso, ações e práticas que visem ao desenvolvimento socioemocional em todos ambientes da escola são essenciais. Ações tais como:

Além do ambiente escolar, a comunidade onde o(a) aluno(a) está inserido(a) tem papel essencial para o desenvolvimento das competências socioemocionais. Essa participação faz parte do conceito de aprendizado visível, que foi abordado durante a palestra. 

No contexto do aprendizado visível, todas as pessoas que pertencem ao ambiente de convívio dos(as) estudantes têm a responsabilidade de fornecer feedbacks adequados. Além dos(as) professores(as), pais e responsáveis devem observar o desenvolvimento do(a) aluno(a) e, dessa forma, contribuir com a escola.

Para que esse feedback seja adequado, é preciso que haja um alinhamento de expectativas na comunidade escolar como um todo. Ou seja, é preciso haver ciência sobre as etapas de aprendizagem que os(as) alunos(as) devem cumprir.

Também há outras formas de incluir a comunidade, para que ela possa contribuir de maneira decisiva no desenvolvimento das competências socioemocionais:

Alcançar um processo educativo que trabalhe não apenas as disciplinas básicas, mas que também potencializa a formação humana, é um desafio constante para toda a sociedade. Dessa forma, é importante oferecer ferramentas que auxiliem a construção desse processo.

Nesse sentido, o Geekie One é uma ferramenta que fornece amplo suporte para professores(as) e alunos(as), mas também para a comunidade escolar como um todo. O Geekie One integra conteúdo didático à tecnologia com intencionalidade pedagógica e uma consultoria parceira na jornada de inovação de cada escola.

Com isso, buscamos desenvolver competências socioemocionais de maneira adequada ao longo do período escolar, tornando o(a) aluno(a) protagonista da própria formação.

Assista aqui à live completa sobre o tema!