Saiba mais sobre Comenius, um visionário do século XVI. Suas ideias se mantêm vivas e atuais até os dias de hoje!

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Comenius

Você conhece Comenius, um educador europeu que ajudou a redefinir a forma como aprendemos e ensinamos nos dias de hoje? Leia esse artigo de Debora Garcia e veja suas principais contribuições!

Para nós que crescemos no fim do século passado ou início deste, pode parecer natural imaginar uma escola que trabalhe um currículo amplo, sem distinção de assunto ou abordagem. Que seja voltada para um público heterogêneo e plural, não importando origem, background ou mesmo aptidões naturais dos aprendizes. Provavelmente a escola onde estudamos tinha essas características, assim como, possivelmente, a de nossos filhos.
A discussão sobre o quê deve ser ensinado, de que forma, para quem e com quais propósitos é tão importante que deu origem, por exemplo, à Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Trata-se de um documento que norteia o que é trabalhado nas escolas brasileiras, incluindo todas as etapas da educação que vão do Infantil ao Ensino Médio. O documento, elaborado a muitas mãos, vem sendo discutido ao longo dos últimos anos em profundidade pela sociedade civil e constitui-se em uma referência para definição dos objetivos da aprendizagem, orientando a elaboração do currículo específico de cada escola, levando em conta as particularidades metodológicas, sociais e regionais de cada uma. A BNCC define os objetivos da aprendizagem que se quer alcançar, indicando competências e habilidades essenciais em cada etapa. Por sua vez, o currículo determina como esse objetivos serão alcançados, criando as estratégias pedagógicas mais adequadas.
Leia mais: Afinal, por que ter uma Base Nacional Curricular Comum não significa ter um único currículo?

Uma olhada no espelho retrovisor da história

Mas nem sempre a escola foi assim. Me refiro à ideia da universalidade da educação, baseada no princípio de ensinar tudo a todos. Intenções e práticas que hoje nos parecem óbvias, já foram entendidas de forma muito singular no passado. Lá no século XVI, encontramos a figura à frente de seu tempo:  Iohannes Amós Comenius. Esse educador europeu idealizou a escola democrática tal qual conhecemos hoje. E a defendeu veementemente em sua publicação “Didactica Magna”, onde aconselhava o aprendizado contínuo, por toda a vida, a partir do desenvolvimento do pensamento lógico que substituía a estratégia em voga que era de simples memorização. Comenius foi inovador em vários aspectos. Defendia, por exemplo, o acesso das crianças pobres e das mulheres à escola, algo que não ocorria até então. Além disso, acreditava que os textos escritos utilizados em sala de aula deveriam seguir a língua nativa dos alunos, em vez de latim. Seu método de ensino partia de conceitos simples para se chegar aos mais abrangentes. Conceitos que olhamos com muita familiaridade hoje, mas que foram construídos duramente no passado, estavam longe de ser unanimidade e foram alvo de muitas críticas de desafetos. Essas mudanças radicais na forma de aprender e ensinar só foram possíveis a partir da participação essencial de alguns educadores visionários como Comenius.


Nascido na Morávia em 1592, atual República Tcheca, Comenius teve uma infância de privações e foi educado por uma escola rígida, com professores dominadores e crianças sendo tratadas como adultos. Palmatória em seu tempo de estudante era uma constante. No meio de tanta aridez, aprendeu a ler, escrever e a contar. Mais adiante, a partir de sua formação religiosa, passou a defender o acesso irrestrito à escrita, à leitura e ao cálculo, para que todos pudessem ler a Bíblia e estabelecer relações comerciais.  Com isso, ele dava resposta para duas questões centrais do seu tempo: o surgimento da burguesia mercantil na Europa e o direito, sobretudo reivindicado pelos protestantes, a ler e interpretar os textos religiosos, na época uma proibição da Igreja Católica.
Mas suas inovações na educação não param por aí. Ele propôs o entendimento da criança de uma outra forma, não mais como um mini adulto. Ele se perguntava se era possível ensinar os pequenos a partir de brincadeiras, adequando o tom e o conteúdo à cada fase do desenvolvimento humano.

Trazendo a realidade social para a sala de aula

A maior contribuição de Comenius para a educação dos dias de hoje é a idéia de “trazer a realidade social para a sala de aula, fazendo uso dos meios tecnológicos mais avançados à disposição”. De tão fascinado pela invenção da imprensa e pela possibilidade de disseminação de conhecimento que ela representava, Comenius criou a expressão “didacografia” para designar o método universal de ensino que ele pretendia inaugurar.
E você, conhece outros educadores inovadores que ajudaram a redefinir a forma como aprendemos e ensinamos nos dias de hoje? Olhar o passado ajuda a compreendermos melhor o presente e a vislumbrarmos um futuro mais inspirador e inclusivo pela frente!
Leia mais:

* Débora Garcia é pedagoga, mestre em Educação pela UFF, Fulbright Scholar pela Georgia State University, GA, e especialista em Gestão do Conhecimento pela Coppe-UFRJ. É gerente de conteúdo do Canal Futura e uma das autoras do livro “Destino: Educação – Escolas Inovadoras”, publicado pela Fundação Santillana/Ed. Moderna. Em  2017, em conjunto com Daniela Kopsch e Daniela Belmiro, idealizou e criou o blog “3Devi”, um espaço para contos, ensaios e reflexões da mulher contemporânea.

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