Do primeiro dia no jardim da infância ao último do ensino médio, alunos passam quase 12 mil horas na escola. Por isso o portal Bright, de inovação em educação, recorreu a uma pesquisa de cientistas das Universidades de Washington e da Califórnia em Berkeley para descobrir qual é a sala de aula ideal. Os pesquisadores descobriram que, quanto mais claro o ambiente, melhor o desempenho dos alunos em disciplinas como matemática e leitura. Por outro lado, paredes com decoração pesada – e até pôsteres do Jornada nas Estrelas – têm efeito negativo.
Coordenado pela professora Sapna Cheryan, do Departamento de Psicologia da Universidade de Washington, o grupo de pesquisadores fez uma varredura na literatura científica para identificar quais aspectos físicos importam mais para os estudantes. Descobriu que a infraestrutura do prédio, como a intensidade de luz natural que ele recebe ou a qualidade do ar que circula pelas instalações, tem um papel significativo nas notas dos estudantes e no seu nível de concentração em geral.
Além disso, de acordo com o texto do Bright, objetos colocados na sala podem sinalizar implicitamente o quanto um estudante é valorizado. Uma experiência analisada pelo grupo de Cheryan sustentou que alunas que estudaram Ciência da Computação em salas com estereótipos de objetos masculinos, como posters do Jornada nas Estrelas, mostraram menos interesse de seguir carreira na área do que meninas cujas salas tinham posters com imagens da natureza.
Embora seja difícil replicar alguns elementos da sala de aula – se ela está voltada para um muro, por exemplo, é complicado aumentar a luminosidade –, vários dos achados da equipe de Cheryan podem ser adotados em questão de horas, com baixo investimento. Vamos aos principais componentes da sala ideal:
- Luz: A luz do dia é um fator critico – e tanto melhor se houver plantas, árvores e outros elementos naturais do lado de fora da janela. Em um estudo com mais de 2 mil salas de aula da Califórnia, de Washington e do Colorado, estudantes expostos a um maior nível de luz do dia tiveram notas de 2% a 26% mais altas em matemática e leitura do que aqueles expostos a menos luz, mesmo levando em conta características de controle estatístico, como classe social e raça. Cheryan sugere, para salas sem janelas, o usp de luzes fluorescentes potentes para imitar a luz do sol. A pintura da sala também a ajuda a ficar mais clara.
- Barulho: Como seria de se esperar, o silêncio realmente ajuda a concentração. Estudantes em salas próximas de rotas de aviões tiveram notas consistentemente inferiores em testes de leitura do que os matriculados em escolas de vizinhanças tranquilas.
- Temperatura: Estudantes aparentemente aprendem melhor em salas com temperatura entre 20 e 23 graus. Da mesma forma, a má qualidade do ar atrapalha os estudos.
- Acessibilidade: Obviamente, escolas precisam ser inclusivas, com estrutura adequada para alunos com necessidades especiais – como elevadores, rampas e passagens desobstruídas.
- Layout: De acordo com um estudo analisado pelos cientistas rearranjar as carteiras em estações de trabalho ajuda a deixar as meninas mais confortáveis na sala. Dito isto, as estações de trabalho podem aumentar o grau de distração dos estudantes.
- Plantas: Já foi demonstrado que a presença de plantas tem um efeito calmante nas pessoas, não importa de qual idade.
- Decoração das paredes: Paredes com decoração extremamente carregada já se mostraram uma fonte de distração, embora pôsteres de animais e de paisagens naturais ou frases inspiradoras possam influenciar positivamente os estudantes. No entanto, objetos que sutilmente passam a imagem de que certos grupos não pertencem àquele ambiente (como pôsteres de figuras históricas que eram todas homens brancos) pode ter efeito prejudicial nos estudantes que não se identificam com esses ícones. Da mesma forma, pôsteres que mostram estereótipos desrespeitosos de uma cultura (como o Chefe Wahoo, logotipo do time de beisebol Cleveland Indians que é uma caricatura de um nativo) foram associados a sentimentos de baixa auto-estima.
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