A cidadania digital tem sido um tema pouco difundido nas salas de aula brasileiras, presenciais e remotas. De maneira bastante simplificada, o conceito se refere a um conjunto de normas e um código de conduta que devemos seguir para utilizarmos a internet com responsabilidade, consciência, ética e segurança. Como cidadãos digitais temos direitos – privacidade, segurança dos dados, respeito à autoria das criações divulgadas – e muitos deveres. Essa é uma questão que dialoga intrinsecamente com tolerância e respeito às diferenças; a visão é que são aprendizados que devem estar, também, nas escolas.
Futuristas como o alemão Gerd Leonhard têm defendido que a educação baseada em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática – áreas que compõem o acrônimo STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics) – deve ser mesclada com as habilidades HECI: humanidade, ética, criatividade e imaginação. Na prática, investir tanto em tecnologia quanto em humanidade, sobretudo empatia, consciência, valores e compaixão. Na minha percepção, a tecnologia deve estar próxima da linguagem do estudante, gerando identificação e motivação.
A escola e a família precisam ensinar os jovens a lidar com as oportunidades, os riscos e os desafios de estarem conectados. Uma pesquisa da TIC Kids Online demonstra que quando desafiados a julgar as próprias habilidades na internet, 76% dos jovens brasileiros acreditam saberem mais do que os pais; 71% afirmam conhecer muito sobre como usar a rede. No entanto, da teoria à prática, em um experimento da mesma organização, 30% dos jovens não souberam verificar se uma informação na internet estava correta. Esse dado é relevante, porque prova que o nativo digital precisa de orientação; da mediação de professores.
Educar para a cidadania digital vai além da disseminação da compreensão de conceitos como pegadas digitais. O aluno tem que ser preparado para ver e compreender a relevância desse conhecimento; entender como as pegadas digitais influenciam na forma como ele será visto na internet; como a reputação on-line pode ter impacto na busca de um emprego ou de uma vaga acadêmica, no futuro. Esse aprendizado envolve disponibilizar insumos para um alcance pleno da cidadania – ou seja, uma aprendizagem significativa e relevante para o cotidiano do aluno.
A Geekie, uma das principais empresas de educação inovadora do Brasil, tem transformado a disciplina de Educação Digital em ferramenta pedagógica para que as escolas possam combater a propagação do preconceito, de atos de intolerância e discursos de ódio on-line, sobretudo nas redes sociais. Com sequências didáticas apoiadas em casos reais, o conteúdo – que integra a plataforma Geekie One – tem o objetivo de disseminar entre os alunos com idades entre 13 e 17 anos a noção de que a liberdade de expressão não deve ser confundida com manifestação irrestrita de opinião preconceituosa. Por meio de questões e dinâmicas que despertam empatia, os alunos são convidados a refletir individualmente sobre o tema e debatê-lo em grupo. Assuntos correlatos como limites da privacidade, cyberbullying e assédio on-line são abordados.
Fomos buscar referências de metodologias ativas do Project Zero – da Universidade Harvard – e parte de conteúdo Cyber Civics e Common Sense Education para construir um conteúdo que tem como temáticas vício em tecnologia, tecnologia para estudo, fake news, padrões de beleza, estratégia de busca, segurança e privacidade, tecnologia e ansiedade. As competências gerais que dialogam com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) são conhecimento; autogestão; pensamento científico, crítico e criativo; repertório cultural; comunicação; cultura digital; argumentação; autoconhecimento e autocuidado; empatia e cooperação; e responsabilidade e cidadania.
Entre as competências e habilidades socioemocionais, destaque para empatia, pensamento crítico, colaboração, argumentação e autonomia. Os eixos estruturantes estão alinhados à investigação científica e mediação e intervenção sociocultural. Entre os temas, detox de conteúdo (despadronizando a beleza) e relacionamentos: amizades on-line, tecnologia para estudo, estratégia de busca e avaliação de fontes – informações dentro da perspectiva da autogestão e das boas práticas. A equipe do Geekie One oferece às escolas todo o suporte para preparar professores do próprio corpo docente para lecionar as disciplinas eletivas.
A disciplina de Educação Digital do Geekie One está apoiada em unidades temáticas: bem-estar e autoconhecimento (temas que envolvem a relação da tecnologia com a saúde física, social e emocional, atuando no desenvolvimento de habilidades para que o estudante possa tomar decisões conscientes e agir de forma saudável e respeitosa dentro e fora do mundo digital); linguagens e cultura digital (o conteúdo analisa como as pessoas e os grupos se expressam no mundo digital e o impacto desse comportamento na cultura); segurança e privacidade (composta por capítulos que estimulam o aluno a reverter a passividade e ingenuidade na rede, ou seja, capacita o estudante a identificar riscos do mundo digital e se resguardar, assim como resguardar amigos, familiares e comunidade); comunicação e relacionamentos (envolve o debate sobre tecnologia, liberdade de expressão, empatia e respeito para que os limites sejam respeitados, sentimentos sejam valorizados e que a internet não seja um meio de propagação de comportamentos inadequados). Ou seja, tópicos que são muito relevantes para a construção desse conhecimento.
Acreditamos que a educação digital é uma das formas mais eficientes para combater o uso equivocado das redes sociais e de aplicativos como WhatsApp. Capacitar o aluno para reconhecer quando se está diante de uma fake news, por exemplo, é muito importante. Entretanto, o mais significativo é ter senso crítico e empatia diante de qualquer informação disponível. Combater o bullying – no ambiente físico ou virtual – é construir uma sociedade mais conectada com os valores humanos.
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