Tranquilizar o professor é vital para sucesso da tecnologia no ensino

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Tecnologia na escola não é nenhum bicho-de-sete-cabeças. Funciona (e muito bem) quando:

  1. O professor não se sente inseguro, achando que será substituído por engenhocas ou softwares dotados de superpoderes pedagógicos. Ele entende o papel da tecnologia como aliada no chão da escola, um meio de poupar tempo e direcionar esforços para o que realmente interessa, que é colocar o aluno no centro do processo de conhecimento.
  2. O estudante vê sua utilidade como um meio de atingir as metas que ele próprio definiu, para o seu projeto de vida. E percebe o ganho representado pela personalização, pela possibilidade de mapear seus pontos fracos em tempo real e correr atrás dos conteúdos capazes de saná-los.
  3. O gestor enxerga ferramentas inovadoras como parte do pacote pedagógico da escola, não como um fim em si mesmo. A tecnologia pela tecnologia tem muito mais efeito de marketing do que de apoio ao aprendizado.

Esse é um dos resumos possíveis do bate-papo online “Tecnologia: Aprendizado Personalizado é Para a Minha Escola?”, realizado na terça-feira (23/6) pela Geekie em parceria com a revista Gestão Escolar, da Fundação Victor Civita. Mediado pela jornalista Iana Chan, que escreve sobre tecnologia no site da revista Nova Escola, o evento teve a participação do CEO da Geekie, Claudio Sassaki, e dos educadores Cleide Torres, diretora da Escola Estadual Jardim Riviera (de Santo André, SP), e Robson Montes, diretor pedagógico do Colégio Nacional (de Uberlândia, MG). Veja a íntegra do debate aqui.
Resgate histórico
Sassaki abriu o bate-papo falando sobre o conceito de personalização do ensino, um resgate da relação direta tutor-aprendiz que está na origem histórica da transmissão do conhecimento. Ou seja, o conceito não é novo, a novidade é o potencial de trabalhar hoje a personalização em larga escala, com a ajuda da tecnologia. “Sem ela, o professor é obrigado a nivelar pelo meio. O resultado final é que o aluno que não se adapta ao modelo (massificado) acaba se desinteressando.”
Em seguida, Sassaki falou em linhas gerais sobre o funcionamento do Geekie Lab, plataforma de aprendizagem adaptativa que alia avaliações periódicas online, inteligência artificial e um acervo de mais de 600 videoaulas e milhares de exercícios. “A plataforma coleta o tempo todo informações sobre os alunos, como eles aprendem melhor, onde gastam mais tempo, quais suas maiores dificuldades. E gera de forma automática itinerários formativos personalizados para cada um deles”, explicou.
Pulo do gato hi-tech
“Como enxergar cada indivíduo em uma sala com 40 alunos? Aí é que está o pulo do gato da tecnologia. Com a carga horária que o professor tem é humanamente complicado trabalhar a personalização”, disse Robson. “Ao mesmo tempo em que é o fator mais importante no aprendizado dos alunos, o professor não pode ser colocado como o paladino que vai resolver todos os problemas da educação.”
Para o diretor do Colégio Nacional, a eficiência da adoção da plataforma e o engajamento dos alunos estão diretamente ligados ao estímulo de professores que sabem que a ferramenta não está ali para substituí-los. O caminho para estabelecer a parceria professor-tecnologia passa pela formação do docente. Respondendo a uma pergunta do público encaminhada por Iana, Robson afirmou que essa formação hoje tem perfil diferente do de 15 anos atrás, quando a ênfase era no saber lidar com o hardware.
Designers de games como modelos
“Hoje a questão é como aprofundar e criar conhecimento com a ajuda da tecnologia. O mais importante é saber quais competências o professor precisa ter para isso”, disse Robson. “Acho que ele deve se inspirar nos designers de games. Porque os jogos propõem desafios que te motivam a cumprir metas e você não quer sair deles. Se você pergunta ao aluno o que mais o atrapalha na escola ele vai responder que é a aula. A aula não desafia a capacidade dele. Por isso, o professor precisa ter uma mentalidade aberta, sem preconceitos.”
‘Tecnologia vazia é propaganda’
Para o diretor do Nacional, porém, é preciso fazer distinções quando se fala de tecnologia. “Sabemos que o mundo da educação também tem seus modismos. Em determinados momentos, se a escola não tinha lousa digital ou, depois, se não tinha tablets, ela não servia”, afirmou. “O que acabou acontecendo é que o aluno passou a ler no tablet o que antes lia no papel. Esse não é o melhor papel da tecnologia.”
Mesmo nas conversas com pais, Robson se empenha em mostrar que ferramentas como o Geekie Lab tem alicerces curriculares sólidos.

“Tecnologia vazia é propaganda, não faz sentido para nossa ideia de escola. Se a tecnologia não cria um sentido, é melhor não tê-la.”

Rede pública
Cleide levou ao debate a experiência bem-sucedida de introdução do Geekie Lab na EE Jardim Riviera, como parte do Geekie+, parceria com a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo que tornou a plataforma peça-chave da preparação para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) dos mais de 415 mil alunos do 3º ano do ensino médio da rede. “O Robson falou do temor do professor, aqui aconteceu o contrário. A entrada da plataforma ocorreu com muita tranquilidade. Mostramos aos professores que ela veio para auxiliá-los e eles sabem que, sem o alicerce do seu trabalho, talvez a Geekie não suprisse as necessidades dos alunos”, contou.
Cleide citou como exemplo do apoio da plataforma ao professor a possibilidade de orientar os estudantes a fazer exercícios e avaliações no Geekie Lab. “Às vezes é desumano o professor ir para casa com 40 provas para corrigir.”
Pronta resposta para alunos
A diretora acredita que os alunos também enxergaram rapidamente os benefícios do Geekie Lab. “A plataforma dá uma pronta resposta sobre o conhecimento que ele tem de um determinado assunto. É um facilitador, um ponto no qual ele pode se apoiar para buscar melhorias.”
Parte do sucesso da adoção da plataforma na escola deve-se ao fato de que o Geekie Lab foi incluído no conteúdo de uma disciplina, Preparação Acadêmica, que tem duas aulas semanais. Distribuída pelos três anos do ensino médio, ela serve como um espaço de estímulo para que o aluno, orientado pelos professores, amadureça um projeto de vida e perceba a importância dos estudos para atingir suas metas.
‘Sim, eu posso’
“O estudante entende que, com a plataforma, consegue fazer um trabalho mais direcionado: ‘Isto aqui eu não aprendi, então preciso me aprofundar mais’”, disse Cleide. O Geekie Lab também é importante para passar a mensagem ao aluno da rede pública de que ele pode, sim, sonhar com vagas em universidades de ponta. As avaliações da plataforma mostram o quanto ele está perto do seu sonho e o que mais precisa fazer para alcançá-lo. “O menino vê: ‘Preciso fazer um nota tal para chegar lá.’ Ele já se enxerga na universidade.”
Febre Geekie
As pré-condições favoráveis de mentalidade da comunidade escolar e da infraestrutura da Jardim Riviera, onde todos os alunos dispõem de notebooks, por exemplo, têm permitido a Cleide enfrentar o desafio de levar tecnologia a um público que, como ela lembra, está longe de ser “classe A”. “Vários dos nossos estudantes não têm nem internet em casa. Mas estamos disponibilizando a tecnologia porque eles estão muito interessados.”

“Quando a plataforma entrou, em uma semana parecia uma febre, todo mundo queria se envolver. Eu mesma entrei e fiz exercícios. Deu um up na escola, criou um ambiente agradável: todo mundo está um pouco mais tecnológico do que já era.”

Balanço
Nós, da Geekie, ficamos muito satisfeitos com o resultado do bate-papo online de terça, que trouxe várias informações relevantes sobre os desafios e benefícios da adoção da tecnologia como parceira de professores e alunos no chão da escola, tanto pública como privada. Agradecemos a colaboração da revista Gestão Escolar, de Iana, Robson e Cleide. Fique ligado aqui no Infogeekie para saber dos próximos bate-papos virtuais. Até lá!

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