Weducation debate formação de protagonistas do século 21

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A escola está formando os profissionais que o mercado demanda? E cidadãos capazes de ter voz ativa no mundo hiperconectado do século 21? Em síntese, está preparando os protagonistas da nova geração?

Esse foi o tema de um debate realizado no dia 31 de janeiro no Mater Dei, tradicional colégio dos Jardins, promovido pela Weducation, rede da qual fazem parte cinco instituições de ensino. Não houve respostas conclusivas, mas a constatação de que o papel da escola mudou dramaticamente e ela está diante de enormes desafios.
Para um dos debatedores, o reitor da UniÍtalo, Marcos Antônio Gagliardi Cascino, a formação de cidadãos flexíveis, capazes de se adaptar a um mundo em constante transformação, passa pelo desenvolvimento de competências. “O maior sonho do jovem é entrar no mercado de trabalho e esta é a grande missão da escola. Ela deixou de ser transmissora de conhecimento para virar construtora de competências”, disse Cascino. “Da mesma forma, o professor é um facilitador, não um transmissor de conhecimento. Sou professor de matemática há 36 anos e tenho de refletir sobre o que estou passando ao aluno. Tenho de saber, por exemplo, que as funções quadráticas vão ajudá-lo a desenvolver o pensamento lógico, analítico.”
Outro participante do debate, o psicólogo José Ernesto Bologna disse que é preciso formar pessoas dotadas de reflexão crítica. “A junção entre comunicação de massa e tecnologia implica criar protagonistas que não reproduzam o que está aí”, disse. Bologna esboçou o rol de competências necessárias para formar esses protagonistas:

  • Competência sociorrelacional – a capacidade de se relacionar e criar empatia com o outro;
  • Competência instrumental ou prática – é o saber técnico;
  • Competência verbal – poder de comunicação;
  • Competência crítica – poder de análise;
  • Inteligência geral – é o potencial de combinar um pouco de cada uma das outras competências para resolver um problema.

Cascino disse que o mercado requer cada vez mais competências além das estritamente técnicas. Ele afirmou que a UniÍtalo fechou há seis meses parceria com uma grande rede de hospitais para formar enfermeiros. Ao lado da ética profissional e da proatividade, uma das capacidades exigidas é a de gerenciar conflitos. “Quando falo em mercado de trabalho me refiro a algo mais abrangente, diz respeito à sociedade, à busca da felicidade.”
Nesse cenário, Bolonha fez uma provocação sobre o papel da escola. “Ela deve continuar servindo ao mundo no sentido em que o mundo muda?”, perguntou. Para o psicólogo a resposta é não. Segundo ele, a sociedade atual, marcada pelo desequilíbrio ambiental e pela dissolução das relações morais, não é sustentável. “Em alguns momentos a escola decide que não vai a reboque, que não concorda com o sentido do mundo. Isso cria uma tensão muito grande”, disse.
“O papel da escola mudou muito. Ela socializa, algo que a família não faz mais; ela culturaliza, o que sempre foi sua atribuição; ela moraliza, algo que antes cabia à família e à igreja”, afirmou Bologna. Para ele, essa escola que se recusa a ir a reboque das mudanças pode apostar em algumas bandeiras, como a defesa da nova família, com novos arranjos, na qual filhos de pais diferentes convivem juntos.
Depois do debate, o diretor do Mater Dei, Sylvio Gomide, também deu sua opinião sobre os desafios atuais da escola. Para ele, é importante valorizar a persistência na formação do caráter dos estudantes. “Acho que se deve formar jovens que ultrapassem obstáculos, que não tenham medo de nada”, disse. “Pessoas que saibam cair e se levantar.”

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