O impacto da pandemia na educação da América Latina e do Caribe e o uso da tecnologia como forma para reverter os danos

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Cláudio Sassaki, mestre em Educação pela Universidade de Stanford e cofundador da Geekie, analisa o relatório Agindo agora para proteger o capital humano de nossas crianças no futuro, desenvolvido pelo Banco Mundial. O mapeamento avalia os custos e a resposta ao impacto da pandemia da Covid-19 no setor de Educação na América Latina e Caribe. Em conversa com Howard Gardner – cientista das inteligências múltiplas e diretor-sênior do Project Zero, da Universidade de Harvard – Sassaki reflete sobre como a tecnologia pode endereçar os enormes desafios educacionais pós-pandemia e combater a pobreza educacional.

“O maior choque mundial sofrido pelos sistemas educacionais na História da Humanidade”. É dessa forma que o Banco Mundial classifica o impacto da pandemia na Educação. No relatório Agindo agora para proteger o capital humano de nossas crianças no futuro, a organização alerta que o contexto que vivemos tem um sério impacto, sobretudo, nos estudantes em situação de vulnerabilidade social e econômica – o que gera um fenômeno classificado como pobreza de aprendizagem. Na prática, a parcela de crianças que não consegue ler e compreender um texto simples ao terminar o ensino fundamental tende a aumentar de uma linha de base de 51% para 62,5%; em vidas, estamos falando de mais de 7,6 milhões de crianças pobres de aprendizagem e de um aumento de 20% dos danos. A análise por regiões aponta que a América Latina e Caribe podem se tornar territórios com o maior aumento absoluto de alunos que ficam abaixo dos níveis mínimos de proficiência medidos pelo PISA. 

O mapeamento reflete que “embora os sistemas educacionais da América Latina e do Caribe enfrentem um desafio sem precedentes, esta situação excepcionalmente difícil abre uma janela de oportunidades para que a reconstrução torne os sistemas educacionais ainda melhores, mais eficazes, igualitários e resilientes”; na região, são 170 milhões de estudantes impactados. Nos médio e longo prazos, o fechamento das escolas representará uma perda de produtividade, ou seja, os prejuízos na aprendizagem podem ser traduzidos por um custo econômico agregado de perda de ganhos na ordem de US$ 1,7 trilhão (estimativa para 10 meses de fechamento). Um outro dado relevante é que tal impacto tem potencial de ampliar a desigualdade dos resultados socioeconômicos em 12%, o equivalente a um quarto do ano letivo. Sendo bastante claro, crianças e jovens vulneráveis – do ponto de vista social e econômico – ficarão ainda para trás, sobretudo em regiões como o Brasil que já vivenciava uma crise de aprendizagem anterior à pandemia; nossos alunos já não tinham acesso a uma educação de qualidade. Quando pensamos na evasão escolar, as simulações do Banco Mundial apontam para um aumento de 15% por conta da crise sanitária.

A tradução desses números endereça a recomendação de que se abra espaço para o uso inteligente da tecnologia de dados – que pode, em longo prazo, orientar a educação para um aumento significativo de eficiência em processos de aprendizagem, fortalecimento do setor e desenvolvimento de uma visão que coloca o aprender em todos os lugares. A alavancagem do potencial inexplorado da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e das intervenções com suporte de dados capazes de fornecer evidências de aprendizagem têm sido apontadas como opções de enfrentamento dos desafios. Mas, cabe ressaltar que menos de 43% das escolas do ensino fundamental e 62% do secundário na América Latina e no Caribe têm acesso à internet para fins pedagógicos. A redução das desigualdades digitais, em infraestrutura e em capacidade digital pedagógica e de sistemas, passa pela transposição dessas barreiras de acesso.

Na semana passada, em uma conversa com o psicólogo cognitivo e educacional Howard Gardner – cientista das inteligências múltiplas e diretor-sênior do Project Zero, da Universidade de Harvard – refletimos sobre como o uso da tecnologia com intencionalidade pedagógica pode nos auxiliar a dar um salto na educação das gerações futuras. Além de responder à tarefa de motivar o estudante, a inovação digital nas escolas pode ter um papel importante, aproximando o conteúdo do universo dos estudantes e tornando a educação mais relevante, individualizada e eficiente para alunos e professores. Nesse sentido, a inserção da tecnologia na educação não se limita a deixar o conteúdo mais atrativo: ela permite que os professores conheçam as necessidades de cada aluno em tempo real, de forma personalizada; e possam ajudá-los antes que eles travem, fiquem desmotivados e que desistam por não estarem aprendendo, sobretudo em um cenário pós-pandemia.

Na conversa que tivemos, conduzida no Knowledge Exchance Sessions (KES), Gardner – que tem cinco netos – contou que ele e a esposa (professora de Artes) têm ensinado as crianças por Zoom e Facebook com a perspectiva da personalização do ensino; disse que a tecnologia, se construída corretamente, permite a pluralidade no ensino. Entre as inúmeras reflexões interessantes que Gardner trouxe, no bate-papo, uma delas foi sobre o potencial da tecnologia para personalizar a educação; algo, aliás, que conecta com a visão que tenho sobre a importância da inteligência de dados nas escolas. Segundo ele – conhecido por formular a Teoria das Inteligências Múltiplas, descrita no livro Estruturas da Mente – antigamente somente quem podia pagar um tutor teria uma educação personalizada, ou seja, uma estrutura educacional que respeita a maneira particular de cada um aprender. Claro, que esse era um privilégio de poucos. Com o desenvolvimento da tecnologia, dentro de um contexto pedagógico correto, um aluno pode ter acesso a um mesmo conteúdo, por exemplo, de 15 formas diferentes. E o professor também pode ensinar de inúmeras formas o mesmo conteúdo, respeitando as diversas formas de aprender de diferentes alunos. Ele usa, inclusive, a palavra pluralização para definir esse ensinar e aprender propiciado pela tecnologia.

No entanto, como alerta o relatório do Banco Mundial, esse acesso está condicionado à capacidade de governos investirem na inclusão digital, sobretudo, em escolas públicas. Do lado do ensino privado, o desafio da comunidade escolar é vencer medos e preconceitos associados a conceitos errados do que é a tecnologia dentro da sala de aula. Em síntese, como diz Howard Gardner: “A qualidade do sistema educacional de uma nação será uma das principais determinantes – talvez a principal – de seu êxito durante o próximo século e para além dele.”  

Claudio Sassaki | Graduado em Arquitetura pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Educação pela Stanford University e cofundador da Geekie, empresa que desenvolveu a primeira plataforma de educação baseada em dados no Brasil. O especialista tem atuado com estudantes e educadores no desenvolvimento de iniciativas inovadoras que potencializam a aprendizagem. A Geekie já impactou mais de 12 milhões de estudantes de 5 mil escolas brasileiras. Entre os reconhecimentos conquistados, Sassaki recebeu os títulos de Empreendedor do Ano (Ernst Young), Empreendedor Social (Fundação Schwab) e Innovation Fellow (Wired Magazine). Teve oportunidade de contribuir, como palestrante, com o Fórum Econômico Mundial; a Conferência Global de Educação, de Harvard; SXWEdu; Citizen Education; e TEDx. Vive em São Paulo com a esposa e quatro filhos.

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