Circuito Geekie: Aprendizagem Ativa na Educação Infantil e Ensino Fundamental Anos Iniciais

Proporcionar aos(às) estudantes maior protagonismo no processo de ensino é essencial para oferecer uma educação de qualidade. Sendo assim, por meio de uma aprendizagem mais ativa é possível fazer com que os(as) alunos(as) se sintam mais engajados.

Para que essa metodologia de ensino seja eficaz, iniciar desde a Educação Infantil é um primeiro passo importante. Para tanto, a gestão escolar, bem como o corpo docente e a comunidade, devem estar preparados para oferecer e apoiar essa mudança.

Com o objetivo de aprofundar neste tema, o Circuito Geekie realizado no dia 14 de junho falou sobre como aplicar a aprendizagem ativa, visível e personalizada na Educação Infantil e no Ensino Fundamental Anos Iniciais. Participaram do evento Claire Arcenas, Autora Mestre pelo Framingham State College (EUA) e Christie Sototuka, Designer Pedagógica da Geekie.

A aprendizagem ativa pode ser descrita como uma abordagem educacional que tem como objetivo colocar o(a) aluno(a) no centro do processo de aprendizado. Para isso, os(as) estudantes são encorajados a explorar, investigar, resolver problemas e interagir com o ambiente ao seu redor.

Nesse sentido, a aprendizagem ativa se torna ainda mais importante na Educação Infantil e no Ensino Fundamental Anos Iniciais. Isso porque se baseia no desenvolvimento natural da curiosidade e da sede de aprender, que são inerentes a essa faixa etária. 

Na palestra, Claire Arcenas fala sobre a importância da aprendizagem ativa, tanto para as crianças quanto para os(as) educadores(as): “Quando estamos compartilhando juntos, estamos tornando nosso aprendizado visível… trocando sobre nós para entender melhor nossas perspectivas diferentes. Então fazemos isso com nossas crianças na sala de aula, mas também é importante fazer isso entre os professores.”

Desse modo, as crianças desenvolvem as habilidades cognitivas, emocionais e sociais, bem como o pensamento crítico, resolução de problemas e trabalho em equipe. Além disso, esse modelo de ensino favorece o desenvolvimento de competências socioemocionais, como empatia, comunicação e colaboração entre os(as) estudantes e os(as) professores(as).

Esses benefícios criam para as crianças um ambiente de aprendizagem dinâmico e enriquecedor, favorecendo o crescimento intelectual, emocional e social das crianças na educação infantil e séries iniciais.

A aprendizagem ativa na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental é um enfoque educacional que valoriza o protagonismo do(a) estudante no processo de aprendizado. Nessa abordagem, o(a) educador(a) desloca-se do papel central de transmissor de conhecimento para atuar como mediador e facilitador do conhecimento.

Assim, o aprendizado parte de uma comunidade de aprendentes e, como exemplifica Christie Sototuka, “Quando compartilhamos nossos aprendizados e escutamos as ideias das pessoas, abrimos a possibilidade para novas perspectivas. Os conhecimentos individuais se tornam coletivos (…)”

Ter uma comunidade de “aprendentes” é a principal estratégia para obter uma aprendizagem mais ativa. Contudo, existem outros meios que pode-se explorar como analisaremos nos trópicos abaixo. 

Uma estratégia essencial para estimular uma aprendizagem ativa em sala de aula é a documentação dos processos de ensino. Através da documentação, os(as) educadores(as) podem capturar o desenvolvimento cognitivo, social e emocional das crianças durante suas experiências educacionais.

Esse documento pode ser feito de várias formas, como registros escritos, fotografias, vídeos e até mesmo gravações de áudio. Ao observar os(as) estudantes em suas atividades e interações, o(a) professor(a) pode compreender melhor seus interesses individuais, desafios enfrentados e o progresso alcançado ao longo do tempo.

Além disso, tornar o aprendizado visível permite que os responsáveis tenham uma visão mais completa e envolvente do desenvolvimento educacional das crianças, fazendo com que a conexão entre a escola e a família seja fortalecida.

Durante o Circuito Geekie, Claire Arcenas trouxe um exemplo de como tornar o aprendizado visível. As “Rotinas do Pensamento” do Projeto Zero são estratégias que possuem poucos passos e tornam explícita a forma de pensamento de que os(as) estudantes precisam para engajar no aprendizado.

Outra estratégia fundamental para a aprendizagem ativa é incentivar a busca por novas soluções. Ao promover a curiosidade e a criatividade, os(as) educadores(as) podem motivar os(as) estudantes a explorar diferentes perspectivas e enfrentar desafios de forma inovadora. 

Um caminho para isso é propor problemas abertos e situações da vida real que estimulem o pensamento crítico das crianças, experimentar soluções e aprender com os erros. De forma a encorajar a colaboração entre os(as) alunos(as), permitindo que trabalhem em equipe, enriquecendo o processo de aprendizagem.

Durante sua fala no Circuito Geekie, Christie falou sobre o manual de brincadeiras, projeto implantado em uma escola de Reggio Emilia, na Itália. Esse manual, realizado por crianças entre 4 e 5 anos, tinha como principal objetivo deixar um presente e memória para as crianças que iriam entrar na escola.

Entre as atividades deste manual estava a ciranda. A atividade consistia em cada criança desenhar uma ciranda, através do seu ponto de vista. Algumas crianças tiveram dificuldades na criação do desenho, até que um dos(as) alunos(as) teve a ideia de representar os desenhos na vida real, fazendo com que os colegas ficassem como estavam nos desenhos.

Por meio dessa dinâmica, puderam observar as diferenças entre o bidimensional e o tridimensional e quais estavam sendo as principais dificuldades para representar a ciranda nos desenhos. 

Realizar avaliações constantes dos processos de ensino é uma outra necessidade da aprendizagem ativa. Mas a avaliação não deve se limitar a momentos pontuais de provas ou testes, mas sim uma prática contínua e participativa.

Os(as) docentes devem observar e registrar o progresso individual de cada aluno(a), identificando seus pontos fortes e áreas que necessitam de melhor apoio. Ao acompanhar de perto o desenvolvimento, os(as) professores(as) podem adaptar suas estratégias de ensino para atender às necessidades específicas.

Essa abordagem cria um ambiente de aprendizagem mais inclusivo e acolhedor, onde os erros são vistos como oportunidades de aprendizado. Ao enfatizar a avaliação constante dos processos, a aprendizagem ativa é fortalecida, possibilitando que cada aluno(a) alcance seu potencial máximo e se torne um aprendiz engajado e autônomo.

Ainda usando o exemplo sobre a dinâmica apresentada pela Christie Sototuka, temos um ótimo modelo de como a autoavaliação funciona: “Ela [professora] pede para as crianças discutirem, com muita orientação e mediação…então pede para as crianças olharem onde foi difícil representar, o que aconteceu, como é que a fila se transformou numa ciranda. Então a autoavaliação já faz parte deles desde pequenininhos.”

Dar aos estudantes um sentimento de autonomia e engajamento nas tarefas da aula é essencial para promover uma educação positiva e eficaz. Para isso, o modelo de aprendizagem ativa é um grande aliado, mas que também pode contar com outras ferramentas.

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