O que a Starbucks tem a ver com as salas de aula do século 21?

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Você sabe o que a rede de cafeterias Starbucks tem em comum com a escola do século 21? Para a professora americana Kayla Delzer, muita coisa. Ela relatou ao site edSurge que, ao observar clientes trabalhando em seus laptops enquanto bebericavam seus cafés em uma das lojas da rede, chamou-lhe a atenção o fato de que todos ali tinham liberdade para decidir onde se sentar e o que fazer com o seu tempo (e com a internet gratuita que o local oferece).  Então lhe ocorreu a pergunta: “Por que minha sala de aula não pode ser desse jeito?”.
Esse foi o ponto de partida para o trabalho de reorganização que ela executou em sua sala de aula. Depois de semanas de planejamento, o espaço ficou assim:

Imagem: Reprodução


Mas por que redesenhar a sala de aula? E por que tomar a Starbucks como modelo? “Se nós realmente queremos preparar nossos estudantes para o mundo real, nós precisamos colocá-los em ambientes responsivos, dinâmicos, que refletem a vida fora de uma sala de aula tradicional. E como é a vida lá fora? Cheia de escolhas, com adultos sendo responsáveis pelo seu próprio aprendizado”, escreve a professora.
O primeiro passo para o redesenho de sua sala (que seguiu uma mudança feita anteriormente em sua forma de ensinar, visando tratar os estudantes como “pequenos adultos”) foi avaliar os móveis que já existiam ali. “Olhando em volta, rapidamente percebi que havia móveis demais. Então eu me livrei de quatro mesas, minha enorme mesa de professora, 20 carteiras tradicionais e um armário de arquivo”, explica. Depois disso, ela buscou dar novas funções para o que restou e também para alguns móveis sem uso em sua própria casa, além de adquirir outros materiais para completar o cenário. Pensando nos alunos que preferiam se esticar no chão, por exemplo, foram compradas esteiras de ioga e tapetes para que eles pudessem trabalhar dessa maneira. Para ajudá-los a escrever mais facilmente sem ter uma mesa, alguns professores doaram para a turma pranchetas que não estavam usando.
Como funciona
Hoje, a sala de aula de Kayla consiste em uma área grande e aberta para atividades que envolvam toda a sala e cinco mesas restantes, cada uma designada para um propósito específico e com tipos de assentos diferentes. Há uma mesa com banquetas e um quadro branco para instrução a pequenos grupos; uma mesa sem cadeiras para atividades a serem realizadas em pé; uma mesa com assentos de caixotes; uma área com travesseiros e uma mesa de trabalho baixa para os alunos trabalharem no chão; e uma mesa com bolas de ioga. Cada aluno testou todas as mesas no começo do ano para descobrir em quais delas se sente melhor.


Como na Starbucks, cada aluno pode escolher onde se sentar e em que projeto trabalhar a cada dia. Eles geralmente escolhem a tarefa assim que chegam à escola pela manhã, mas ficam livres para mudar de plano (e de lugar na sala) ao longo do dia. Mas uma coisa é importante: os estudantes sabem que a professora reserva para si o direito de mudá-los de lugar quando necessário.


“Eles ganham poder ao escolher onde irão trabalhar, mas sabem que o trabalho em si não é opcional”, acrescenta Kayla. E isso, segundo ela, tem ajudado a diminuir significativamente os problemas de comportamento: “Problemas de distração foram quase completamente eliminados, enquanto o engajamento e a participação dos estudantes têm aumentado”.
Sua dica para quem pensa em fazer o mesmo é começar aos poucos, fazendo pequenas mudanças – como colocar alguns tapetes de ioga, diminuir ou aumentar a altura de uma mesa para permitir que os estudantes trabalhem sentados no chão ou em pé. “Tente e veja o que funciona melhor para vocês”, aconselha.
A resposta dos pais tem sido muito positiva. Uma mãe escreveu: “Minha filha voltou para casa muito animada com a oportunidade de escolher onde vai se sentar, e o fato de não ter que permanecer em uma carteira por longos períodos parece ajudá-la a manter o foco”.
Se analisarmos as salas de aula ao longo dos últimos 70 anos, observaremos o mesmo tipo de ambientes de aprendizagem, ano após ano. O mundo está mudando, mas nossas salas de aula permanecem as mesmas. Revitalizar o espaço é uma maneira simples de deixar os alunos exercerem a sua escolha no ambiente de aprendizagem e encontrarem o sucesso acadêmico em seus próprios termos”, conclui a professora, orgulhosa.
Seu relato completo está neste link (em inglês).

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