O homem na Lua e a nova corrida espacial

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O homem pisou na superfície da Lua pela primeira vez em julho de 1969.

O homem pisou na superfície lunar, pela primeira vez, no dia 20 de julho de 1969. Conheça o contexto histórico e os motivos que impulsionaram as missões à Lua.

Bill Anders, um dos astronautas da missão Apolo 8, que fotografou o famoso Earthrise, afirmou que um dos resultados das viagens lunares foi descobrir a Terra. Pela primeira vez na história, um grupo de pessoas pôde ver o nosso planeta a partir de outro corpo celeste – a título de curiosidade, apenas os astronautas das missões Apolo, entre 1968 e 1972, viram a esfericidade da Terra, em sua completude, a olhos nus.

Outro tripulante da Apolo 8 e comandante da Apolo 13, Jim Lovell, disse que a experiência impactou radicalmente a sua visão de mundo uma vez que da distância da Lua é possível estender o braço, erguer o polegar e cobrir a Terra – ou seja, tudo o que você viveu, todos que você ama, onde você mora, o seu país, tudo atrás de um dedo.

Essa noção de escala, de ver o próprio planeta, antes parte da imaginação de escritores de ficção científica, passou ao plano da realidade. É interessante lembrar que em 1968, mesmo ano em que os astronautas da Apolo 8 tornaram-se os primeiros seres humanos a orbitar a Lua, foi lançado o filme 2001: uma odisseia no espaço.

A tecnologia espacial está no dia a dia

Na atualidade, a tecnologia espacial faz parte do cotidiano, mesmo que não estejamos cientes disso: imagens de satélite são utilizadas quando assistimos à previsão de tempo no noticiário, o monitoramento de queimadas na Amazônia é feito com satélites de sensoriamento remoto, pedir um táxi ou comida por aplicativo é baseado em georreferenciamento e imagens dos confins do Universo, capturadas por telescópios como o Hubble, estão presentes em livros e materiais didáticos.

Contudo, não podemos nos esquecer do contexto histórico e dos motivos que impulsionaram as missões à Lua. Longe de uma visão romântica de exploração científica pacífica, foi fruto de uma disputa bélica e tecnológica entre os Estados Unidos e a então União Soviética.

Do ponto de vista político representava uma forma de demonstração bem-sucedida de uma visão de mundo específica. Do ponto de vista tecnológico representava a capacidade de projetar poder em nível mundial – se é possível enviar um ser humano à Lua, também é possível atingir um adversário em qualquer parte do mundo com um míssil. E, do ponto de vista social, os programas espaciais representaram um microcosmo das sociedades da época.

Pisar na Lua: um salto gigantesco para a humanidade

Neil Armstrong, ao se tornar o primeiro ser humano a pisar na superfície lunar, em 20 de julho de 1969, falou: “Este é um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade”. De fato, foi um passo dado por um homem: branco e ex-militar.

Enquanto o programa espacial norte-americano crescia em vento de popa, afroamericanos(as) lutavam pelo direito de serem considerados(as) cidadãos(ãs) plenos(as) em uma sociedade caracterizada por racismo estrutural.

É importante destacar que a primeira mulher a ir ao espaço foi a russa Valentina Tereshkova em 1963, 6 anos antes do pouso da Apolo 11 na Lua. O primeiro afrodescendente foi o cubano Arnaldo Tamayo Méndez em 1980, ambos cosmonautas do programa espacial soviético.

Como será a nova corrida espacial?

Hoje, o espaço não é mais domínio de duas superpotências, mas um meio utilizado por empresas. Se na década de 1960 os programas espaciais eram iniciativas financiadas pelo Estado, atualmente, faz parte do portfólio de bilionários. Por exemplo, em 11 de julho de 2021, Sir Richard Branson, dono da Virgin, fez seu primeiro voo ao limite do espaço.

Como será a nova corrida espacial que se desenha entre potências emergentes como a China e a Índia, ou de bilionários como Richard Brenson e Jeff Bezos? Será marcada pela competição por maior capacidade de projetar poder e acumular lucro com serviços e turismo espacial? Para alimentar sonhos escapistas ou para redescobrir a Terra?

*Stefan Valim Menke, coordenador editorial de ciências humanas.

Capítulos do Geekie One
Guerra Fria – 9º ano
Guerra Fria – 3ª série

Sugestões de filmes:
Apolo 13 (1995)
Gravidade (2013)
Gagarin: o primeiro no espaço (2013)
Estrelas além do tempo (2016)
O Primeiro Homem (2018)

História em quadrinhos:
Laika – quadrinho de Nick Abadzis (2007)

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