Você certamente já deve ter ouvido falar sobre metodologias ativas. Mas você sabe de fato por que devemos aplicar essas abordagens em sala de aula? Metodologias como rotação por estações e Design Thinking podem colaborar com o aprendizado, já que incentivam estudantes a adquirir habilidades de maneira participativa e investigativa, com base em problemáticas reais. Confira:
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A cada ano que passa, aumenta o número de escolas que começam a sentir que aquela forma de aprendizagem padrão tão amplamente explorada em sala de aula está obsoleta. A nova geração de estudantes nasceu em um meio em que a quantidade de informações difundidas (e não a qualidade delas) reina impiedosamente. A globalização – e junto com ela a amplitude de informações da internet e o advento da tecnologia – abriu as portas para esses nativos digitais descobrirem sozinhos um mundo novo de aprendizagem. Para se ter ideia, hoje 81% dos jovens utilizam a internet para pesquisas de trabalhos escolares¹.
Esses estudantes precisam de um acompanhamento que os direcione, apontando caminhos que sejam relevantes e significativos para suas realidades e necessidades. Cada estudante responde a estímulos de forma diferente. Cada um deles tem interesses, aptidões e necessidades que variam conforme suas histórias de vida e habilidades. Para que esse aprendizado seja verdadeiramente efetivo, o aluno precisa ser estimulado cognitivamente e se sentir engajado com o conteúdo².
Por isso, a escola deve estar atenta a essa tendência, que veio para ficar. Pensando nisso, a Geekie desenvolveu um Programa de Consultoria Pedagógica para escolas que usam a solução educacional Geekie One. Em busca de inspirações em formações ativas de professores e inovação na educação, a Geekie firmou uma parceria com o consultoria de aprendizagem personalizada, a Education Elements, para formular o programa. O Programa de Consultoria Pedagógica consiste em workshops e acompanhamento do desenvolvimento profissional de um grupo de pessoas multiplicadoras dentro da escola – composto por alguns membros da equipe docente, direção e coordenação – para a autorreflexão e experimentação de metodologias ativas (ou seja, aprendizagem a partir da vivência).
Para entender melhor os desafios encontrados e aprendizados adquiridos a partir do projeto, conversamos com o Colégio Mater Dei e o Colégio Koelle após nosso último encontro de formação.
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Educadores formam colegas para multiplicar o uso de rotações por estações de aprendizagem
Sueli Cain Oliveira, diretora pedagógica do Colégio Mater Dei, e Aleksej Kozlakowski, coordenador e professor de Ciências Humanas e Natureza, participaram do workshop junto a mais dois professores. O colégio já vinha trabalhando com aprendizagem personalizada, personalização de conteúdo e o uso de aulas invertidas.
Sueli e Aleksej explicaram que o workshop permitiu que eles enxergassem que as rotações que o colégio realizava estavam incompletas e que precisavam de conceito e prática para que funcionassem de fato. A partir dessa percepção, eles realizaram três capacitações para educadores do Ensino Infantil, Fundamental I e II, e Ensino Médio.
“Vimos que as pessoas aprendem fazendo. Com a prática, os professores perderam o medo de errar. Tratamos o erro como algo permitido, como parte do processo de aprendizagem. Essa prática depende de vários fatores, como o preparo do professor, da turma, da relação do professor com a turma, do momento da turma. O recado que queremos passar para quem for fazer essa prática é que não existe problema em não dar certo de primeira: é possível adequar, personalizar”.
Para o Professor Aleksej, o primeiro contato com o projeto foi, a princípio, um momento de estranhamento, já que ele já conhecia a metodologia de rotação, mas não achava que teria tanto a aprender.
“Não era bem o que eu pensava. Se você não faz a rotação de forma intencional, se for programado, então ela não é tão bem aproveitada, porque não é direcionada”.
Segundo o professor, essa metodologia contribui para que os educadores passem a se preocupar com o caminho usado para a aprendizagem e não mais com a forma a qual o conteúdo é ensinado. Da mesma forma, contribui para que eles entendam os problemas que atrapalham o aprendizado na hora da aula.
Isso porque a rotação por estações de aprendizagem consiste em dividir a turma em pequenos grupos que trabalham, paralelamente, em diferentes propostas de aprendizagem acerca de um tema central, rotacionando em intervalos de tempo. Uma das estações costuma ser a explanação de professores sobre o próprio assunto, chamada de “estação direcionada”. Nesta configuração, a equipe docente passa a ter a visão de grupos menores e consegue ter tempo para estabelecer com maior precisão as necessidades de cada estudante. À partir dessas evidências, esses professores e professoras conseguem maior clareza sobre o que tratar em sala de aula. Por meio desta atividade, também é possível desenvolver outras habilidades como as socioemocionais, já que os estudantes devem controlar o tempo, se movimentar sozinhos na sala e trabalhar em grupo.
De acordo com Sueli, o ensino personalizado pode ajudar a criar autonomia nos estudantes, para que eles se sintam interessados e passem a buscar aprender. A ajuda da família é outro fator de importância para que a metodologia funcione de maneira efetiva. Segundo a diretora, as escolas devem se atentar principalmente ao processo de mudança de paradigmas, de visão e de educação. São processos que levam tempo até serem instaurados de fato. A escola não deve ter como objetivo apenas dar conteúdo para os estudantes aprenderem, já que conteúdo são facilmente encontrados em qualquer lugar.
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Escola usa metodologias ativas para repensar o Projeto Político Pedagógico
Para Maja Garcia Callegari, Professora de Educação Tecnológica e Assessora do Colégio Koelle, o workshop ajudou no desenvolvimento profissional da equipe da escola. Hoje, os docentes estão sendo treinados com base nos ensinamentos do curso, por meio do design thinking para alcançar soluções.
A escola acredita que o melhor caminho para a disseminação das práticas adquiridas no workshop se dá, primeiramente, através de uma equipe docente segura e bem capacitada. Se eles acreditarem na ideia, eles irão incorporá-la em sala de aula e repassá-la aos estudantes. Por isso, o Colégio Koelle treinou a equipe de coordenação e a de Educação Tecnológica e está treinando sua equipe de professores.
“Como parte da reestruturação do nosso Projeto Político Pedagógico, montamos um esquema para dar suporte aos professores, o qual eles possam consultar e usar na montagem das aulas”.
Maja contou que antes do treinamento, as reuniões pedagógicas eram anacrônicas. A partir do momento em que a escola passou a apresentar reuniões em formatos diferentes, os educadores passaram a vivenciar as reuniões, e não apenas a seguir as pautas. E a partir da experiência nas reuniões pedagógicas, as metodologias ativas vêm se refletindo também nas salas de aula. Até então, o retorno por parte da equipe docente e dos discentes é bastante positivo.
“A pessoa que estava liderando a reunião tinha uma pauta e as outras pessoas apenas ouviam. Agora estamos inserindo dinâmicas e aplicamos ensino personalizado com os professores.”
O colégio Koelle notou, de acordo com Maja, que a grande maioria dos estudantes preferiu esse tipo de atividade por considerarem que essas aulas interativas facilitam o aprendizado, deixando a aula menos tediosa, já que permite aos alunos saírem da rotina. Já os professores e professoras contaram ao colégio que perceberam que essas atividades possibilitam uma grande troca de ideias entre os discentes.
A assessora do colégio recebeu o retorno dos docentes que aplicaram as práticas de que eles tem a certeza de que esse é o rumo certo. O desafio do colégio agora é o de formar o restante da equipe docente que ainda não conhece essas metodologias. A escola acredita que esse é, de fato, o caminho e quer mudar seu modelo de ensino.
O passo seguinte para os dois colégios, agora, é o de exercitar essas práticas e multiplicá-las para outros colegas internamente.
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