A BNCC nas escolas particulares: “A Base funciona mas, sozinha, ela não irá mudar a educação”

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BNCC nas escolas particulares

O presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (FENEP), Ademar Batista Pereira, fala um pouco da BNCC nas escolas particulares. Confira!

Hoje existem 43.000 instituições de ensino no Brasil, da Educação Infantil ao Ensino Fundamental, sendo que 30.000 são pequenas escolas, geralmente com 300 alunos. A implantação da BNCC nas escolas particulares trará mudanças – “o que tem na Base já está definido, porém será uma decisão individual de cada escola. A escola particular é diferente da escola pública, pois tem autonomia para fazer sua proposta de projeto pedagógico. Quando se fala de currículo, a instituição particular está sujeita à lei nacional, não à regulamentações estaduais”, fala Pereira.

“A BNCC nas escolas particulares traz várias mudanças, mas elas estão preparadas para isso. Acho que vai ser um processo tranquilo. É uma mudança que será feita de forma gradual” – Ademar Batista Pereira

A FENEP participou de todas as audiências públicas sobre a BNCC. Primeiro, no congresso e, depois, no Conselho Nacional de Educação. Além disso, alguns sindicatos associados ao FENEP também participaram. Para Pereira, “o maior impacto é a questão de adaptar os currículos pelos estados. Essa discussão costuma ficar muito política e ideológica. É importante discutir sobre a educação que cultua um cidadão e ser humano mais competente, não detalhes desgastantes”.

E quais são os próximos passos dessa implementação da BNCC nas escolas particulares? “Será necessário rever a proposta pedagógica, reorganizando e flexibilizando algumas coisas. De forma geral, as escolas terão autonomia para essa adaptação. Na nossa instituição, a escola Atuação, nós lemos a BNCC, a estudamos, nos reunimos e reorganizamos nosso currículo atual”, compartilha Pereira.

BNCC nas escolas particulares: uma visão moderna de educação

A Base traz novidades no jeito de ensinar das escolas: “ela sai do ensino por matéria e conteúdo e começa a trabalhar por área de conhecimento. Isso facilita e muito a aprendizagem baseada em projetos”. Além disso, a BNCC também contempla o protagonismo do aluno no Ensino Fundamental – “devemos considerar que, atualmente, o professor não é dono da informação e sim mediador do conhecimento. Hoje, o aluno já tem um repertório, e isso tem que ser respeitado e aproveitado. Na escola, a educação é muito mais do que ensinar a fazer conta. O aluno está mais fácil de trabalhar, pois já traz consigo uma gama de conhecimentos. A Base incentiva a escola à quebrar a letargia do estudante, apoiando a investigação, os debates e a pesquisa”, expõe Pereira.

Além dessas novidades, também existem alguns desafios. Um deles é transformar a forma de ensino que a sociedade atual conhece: “é esperado que o aluno faça uma prova com certos assuntos aprendidos em um bimestre. A nova Base não traz isso. A abordagem da avaliação poderá envolver conteúdos aprendidos desde o 1º ano do Fundamental. Além disso, as questões podem ser interdisciplinares também”, afirma Pereira.
Outro desafio que a BNCC traz é na formação dos professores: Pereira demonstra que, “em geral, os educadores são especialistas. O que falta é a prática e a metodologia. Nessa nova visão que a Base traz, o professor deve ser mais generalista”.

Para Pereira, “a BNCC é um desafio importante para a educação – depende da gestão da escola. É essencial que a instituição tenha autonomia. A Base sinaliza uma melhoria na aprendizagem de forma geral. A Base funciona mas, sozinha, ela não irá mudar a educação”.

Gostou do assunto? Pereira conduzirá o painel “A BNCC – os desafios curriculares e educacionais no ensino fundamental”, no XVI Congresso Brasileiro de Gestão Educacional, que acontece nos dias 21, 22 e 23 de março no Hotel Maksoud Plaza, em São Paulo/SP. Não deixe de participar você também! Inscreva-se pelo site clicando aqui.

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* Ademar Batista Pereira é presidente da FENEP – Federação Nacional das Escolas Particulares. Foi presidente da associação dos empresários do Boqueirão e do sindicato das escolas particulares. Pós graduado em administração, gestão de pessoas e psicologia do trabalho. Educador há mais de 30 anos conhece os sistemas educacionais de países como Finlândia, Portugal, Austrália, Nova Zelândia, Rússia, Coreia do Sul, Cingapura e Chile.

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