Comece pelo fim: os 3 passos da metodologia para planejamento de aulas mais significativas

Colunas

Conheça a metodologia desenvolvida por Jay McTighe e Grant Wiggins parte do grande objetivo de compreensão (os big understandings) para planejar experiências de aprendizagem significativas, reais e relevantes.

É comum que, ao fazermos algo por anos a fio, entremos em um modo automático de operação – aquele em que não estamos conscientes e atentos, apenas repetindo um padrão bastante familiar. A preparação de aulas cai na mesma cilada. Afinal, para quem já introduziu o Present Perfect ou desenhou as partes da célula para 10, 15, 20 turmas diferentes, por que esperar alguma mudança?

É justamente nesta zona de conforto que perdemos de vista nosso grande objetivo: a aprendizagem real, relevante e significativa. Será que o conteúdo que mobilizamos e as estratégias que empregamos são de fato as melhores possíveis para orientar cada estudante rumo à compreensão? Será que, quando insiro novas metodologias ou reorganizo espaços, estou seguindo a moda do momento ou refletindo sobre a intencionalidade pedagógica de cada elemento?

Para apoiar essa reflexão, as escolas Geekie One receberam uma formação de Plano de Aula em 3 Etapas, ou Backward Design, antes do início do ano letivo. A premissa do Backward Design parece simples: comece pelo fim. Na prática, isso significa que a preparação de aula ocorre na contramão daquilo a que estamos habituados; alteramos a lógica de abrir o livro, ver qual conteúdo preciso ensinar e então elaborar uma avaliação a partir daí. Então, o que fazer?

De forma simplificada, os passos do Plano de Aula em 3 etapas apresentados pela Geekie: primeiro o objetivo, depois as evidências e, por fim, as experiências –  pessoas, recursos, conteúdos e dinâmicas pensadas intencionalmente para chegar ao objetivo.

Primeiro passo: Definindo objetivos de aprendizagem

Para definir nossos objetivos, vale a provocação: o que quero que minha turma conheça, entenda ou saiba fazer ao fim da minha experiência de aprendizagem? Uma série de documentos podem apoiar meu planejamento, direcionando a elaboração dos objetivos:

  • O Projeto Político Pedagógico (PPP) e as expectativas curriculares da minha escola;
  • A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), assim como diretrizes estaduais e municipais;
  • Os Pilares da Unesco: Aprender a conhecer, Aprender a fazer, Aprender a viver e Aprender a ser.

Com isso em mente, geralmente redigimos nossos objetivos começando com um verbo que indica a profundidade da compreensão almejada, de forma semelhante à Taxonomia de Bloom. Por exemplo, posso usar o verbo Identificar, um nível superficial de entendimento, ou Comparar, Explicar e até mesmo Deduzir para competências mais complexas.

Depois, atrelo ao verbo um objeto de conhecimento e um contexto – entretanto, cuidado com generalizações como “no dia a dia” ou “no cotidiano”. O contexto deve trazer significado e contexto à experiência e será mais fácil para estudantes relacionarem o objeto de conhecimento à vida fora da sala de aula se praticarem dentro de um cenário palpável.

Segundo passo: Determinando evidências de aprendizagem

Agora que temos nossos objetivos de aprendizagem, é hora de pensarmos em como vamos evidenciar que a aprendizagem ocorreu. Na segunda etapa, o desafio é selecionar estratégias adequadas de avaliação dependendo do objetivo que queremos verificar. Explico: se meu objetivo é que a turma saiba argumentar com seus colegas com base em fatos e respeitando os direitos humanos, uma prova escrita formal dificilmente me mostrará essa competência em sua completude. Em vez disso, talvez caminhos mais adequados fossem um fórum de discussão online, um debate em sala de aula ou uma simulação de Conferência da ONU.

Vale ressaltar que a evidência é, essencialmente, algo concreto que posso mostrar a alguém (seja esse alguém a família, minha coordenação ou a própria aluna). Nesse aspecto, podemos resgatar muitas das práticas da Educação Infantil, como filmar, fotografar, criar portfólios, assim como propor seminários, desenhos e organogramas, redações, a construção de soluções. Atividades dissertativas e de múltipla escolha, ou dados gerados por plataformas digitais, como o Geekie One, também fazem parte da avaliação!

Aqui, o maior cuidado é retomar constantemente o primeiro passo questionando: através das evidências que escolhi, consigo comprovar que atingi todos os meus objetivos de aprendizagem?

Terceiro passo: Planejando a experiência de aprendizagem

O que costumamos fazer logo de início, no Backward Design se torna a terceira e última etapa da preparação de aulas. É o momento de pensar em:

  • Quais conteúdos específicos minha turma precisa adquirir…
  • Quais habilidades minha turma precisa desenvolver…
  • Quais metodologias, espaços e recursos preciso utilizar…

… Para atingir meu objetivo de aprendizagem?

Isso não exclui a aula expositiva, mas muito provavelmente a complementa – a experiência de aprendizagem deve alternar momentos em que estudantes recebem informações de forma passiva; momentos em que ativamente investigam, descobrem e praticam de forma ativa; e momentos de orientação e feedback para que corrijam, repensem ou prossigam sua jornada.

É comum que nos peguemos empolgados com determinadas metodologias que já aplicamos com sucesso ou que gostaríamos de experimentar. No entanto, o planejamento requer consciência sempre: esta é a metodologia ideal para gerar as evidências determinadas e atingir o objetivo definido? Volte sempre aos passos 1 e 2 para verificar!

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