Design Thinking na aprendizagem personalizada

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Design Thinking na aprendizagem personalizada

Desde pequenos, somos ensinados a criar e imaginar. Porém, quando crescemos, tudo muda. Então, como continuar estimulando a criatividade? Paula Gonçalves* fala sobre a abordagem do Design Thinking na aprendizagem personalizada. Leia agora!

A nossa capacidade de criação é um dom que nos diferencia como humanos. Como praticamos essa habilidade desde os primeiros dias de vida, nada mais lógico do que sermos verdadeiros experts em criatividade na fase adulta, certo? Pois é, provavelmente não.

Por muitas causas e influências, limitamos nossa capacidade de propor alternativas como propõe o Design Thinking. Isso é o que chamamos de “olhar viciado”, pois se caracteriza com a mesma sensação de olharmos um quadro com uma ideia fixa e não conseguirmos enxergar em primeira instância sua mensagem subliminar, ou um significado menos óbvio daquele retrato.

Na educação, recebemos um turbilhão de incentivos ao pensarmos a sala de aula de uma maneira mais significativa para os estudantes. O mesmo acontece quando somos incentivados a refletir sobre abordagens de aprendizagem mais personalizada, como o Design Thinking.

Não faltam provocações ou discursos bem embasados nesse sentido. Do outro lado, a angústia que recai sobre muitos de nós, educadores, é de que é difícil de encontrar respostas sobre como realizar, na prática, essas novas metodologias para promover uma sala de aula mais significativa para todos.

Abordagem para a criatividade: Design Thinking na aprendizagem personalizada

Uma das abordagens que se mostrou muito funcional na criação de soluções eficazes, em diversos mercados, é a metodologia do Design Thinking. Aliás, esse acaba sendo um caminho bem democrático, pois sua essência está muito relacionada com o resgate da criatividade que já reside em nós e o estímulo do formato de pensamento para um processo de empatia, ideação e melhoria contínua.

Quando criança, também somos verdadeiros experts em “investigar” tudo de novo que aparece na nossa frente. Com este olhar, somos movidos pela “curiosidade”, já que queremos conhecer tudo que podemos, “sem julgamentos” ou “associações”. Essas características de  investigação, curiosidade, não julgamento e abertura são imprescindíveis para a prática do Design Thinking, que também resgata habilidades que estão em nossa essência, mas não necessariamente praticamos.

Leia mais: Design Thinking na Educação – caminhos e possibilidades

Assim, a falta dessa prática no universo da sala de aula pode nos deixar pouco hábeis quando precisarmos utilizar essa “caixa de ferramentas”. Por outro lado, o Design Thinking na aprendizagem personalizada tem se provado altamente funcional em situações de impasse, problemas com soluções complexas, ou na necessidade de repensar uma dinâmica em sala.

Essa metodologia não apresenta um “formato certo” de realizar novas práticas, mas sim uma forma de exercitar o pensamento com foco em conhecer melhor problemas e impasses, as pessoas que estão envolvidas neles e do que elas realmente precisam. Por fim, a parte mais incrível é trazer à tona todo o potencial criativo que já existe dentro de nós.

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Como propor alternativas para esse impasse bem comum em sala de aula?

Veja o seguinte exemplo: você leciona para o Ensino Médio e está com o cronograma apertado de conteúdos para serem abordados. Ao mesmo tempo, percebe que um grupo de estudantes está com dificuldades de compreender os conceitos que foram dados na aula de hoje, o que irá prejudicar o acompanhamento dos assuntos que virão na sequência. Então, o que deve fazer a partir dessa situação? Como aplicar o Design Thinking na aprendizagem personalizada?

Existem muitas alternativas e algumas bem conhecidas, como encaminhar os estudantes para um plantão de dúvidas e continuar a matéria, sugerir que eles estudem em casa o que não compreenderam ou compartilhar com a coordenação a possibilidade de atrasar seu planejamento. Desse modo, todas as alternativas têm sua contribuições e suas dificuldades.

No entanto, se fossemos refletir sobre esse impasse com a lente das metodologias de aprendizagem personalizada, seríamos estimulados a buscar soluções que acompanhassem esses estudantes em sua dificuldade, ao mesmo tempo estimulando os demais para um novo desafio. E aí vemos propostas conhecidas como o Ensino Híbrido, a Estação por Rotações e o Modelo Flexível.

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Apesar das três sugestões buscarem alternativas que ajudam os estudantes, com níveis distintos de compreensão, a interagir, isso garante que esses modelos se aplicam, nessa forma, na sua aula?  Não, pois é essencial saber se você, como educador, está de fato confortável em começar algumas dessas práticas e se é possível personalizar essas dinâmicas para sua realidade.

Leia mais: Por que metodologias ativas de aprendizagem não funcionam na América Latina?

Dessa forma, uma opção é utilizar como apoio o raciocínio do Design Thinking na aprendizagem personalizada. Ele vai ajudar na reflexão desse problema, na ideação dessas alternativas para sua realidade e no teste dessa solução, levando em consideração o que você já faz e que costuma funcionar bem!

Outros caminhos

Ainda nesse caso hipotético, você poderia fazer uma pergunta rápida em sala sobre qual a forma que os estudantes mais aprendem estudando após a aula, por exemplo. Assim, pode descobrir que, na verdade, muitos dos conceitos são esclarecidos quando eles estudam com outros colegas. Ou, com essa pergunta, perceber no meio do caminho que o problema nem se caracteriza pela falta de compreensão, mas pela falta de tempo de estudo, de fato.

A partir da empatia em investigar mais a fundo o que estava ocorrendo, ocorreu uma ampliação da real situação. Portanto, as ideias que você poderá ter serão baseadas em garantir mais tempo dentro da própria aula para que os alunos pratiquem o que for mais essencial. Durante essas práticas, alguns estudantes ficarão como “monitores” em sala, de forma que eles também tenham um objetivo diferenciado.

A partir disso, novas ideias poderão surgir e, assim, fará sentido compreender se alguma das metodologias ativas podem incrementar esse caminho que você está criando em sala. Desse modo, você poderá decidir que o modelo flexível fará todo sentido. Já que, após essa aula, os estudantes com mais dificuldade terão exercícios mais elementares, que os ajudam a suprir a lacuna de aprendizado em um primeiro momento.

Utilizando o Design Thinking

Se esse leque de oportunidades te pareceu muito complexo, parabéns – você já está refletindo com a mentalidade de Design Thinking na aprendizagem personalizada! De tudo que foi colocado acima, qual é o passo mais simples que você acredita poder dar na próxima aula?

Deixar apenas 10 minutos para que os estudantes tenham tempo de autoreflexão em sala sobre o conceito mais importante, mesmo que sozinhos? Quando sair de sala, o olhar de investigador e de não julgamento com você mesmo poderá te ajudar a lembrar de refletir sua autoanálise sobre essa prática e de perguntar ao grupo, na próxima aula, se foi um momento valioso para eles.

A partir disso, você poderá aperfeiçoar o que já testou e avançar na etapa 2 das suas ideias, que poderia ser a disponibilização de estudantes como monitores. Na terceira etapa, talvez inclua rotações. E, assim, sucessivamente.

Quando se sentir inspirado ou estimulado a buscar alternativas para problemas conhecidos, lembre-se que novas formas de pensar fazem parte de um processo seguido por etapas. Você, educador, é a primeira pessoa a ser considerada nesse processo, podendo adaptar o que for útil para sua realidade e ser empático e não julgador consigo mesmo para, então, aplicar esses valores ao seu grupo. E, quando menos perceber, você já estará praticando uma forma mais significativa de gerir a sala de aula.

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* Paula Gonçalves iniciou sua trajetória com a educação e os negócios de impacto na graduação de Relações Internacionais, quando foi coordenadora do projeto PAS de educação de Jovens e Adultos. Durante os 3 últimos anos na Geekie, contribuiu para a construção das áreas de atendimento e engajamento de escolas. Hoje, Paula facilita workshops na áreas de Sucesso do Usuário e engajamento do Amani Institute, onde também completou sua pós-graduação em Gestão e Inovação Social. Também atua como Relações Institucionais da ONG Centros Etievan de Educação Integral para Primeira Infância. Além disso, apoia a equipe Consultoria Pedagógica da Geekie.

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