Como estimular uma cultura empreendedora na escola?

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Cultura empreendedora na escola

Para especialista em tecnologia educacional, uma cultura empreendedora desenvolve autonomia e criatividade – mas também vai além dos muros da escola! Em sua nova coluna, Thiago Chaer relata sua experiência em universidades americanas e lança desafios ao Brasil:

Quando pensamos em como será a Educação daqui a 10 anos, é inevitável considerarmos as influências e premissas com que essa Educação será concebida. Da mesma maneira, é preciso considerar as profissões e o futuro dos jovens em algumas décadas. Quem já vem realizando esse trabalho são, não por coincidência, as nações hoje referência em Educação – e que atingiram esse patamar por adotar uma cultura empreendedora e de inovação no ambiente escolar.

Para entender como esses dois fatores podem influenciar o desenvolvimento de habilidades empreendedoras em iniciativas educacionais, visitei recentemente Boston e Nova York. Conheci espaços que incentivam a criação de startups – empresas jovens de tecnologia – com foco em Educação. Só em Massachusetts, existem dezenas desses espaços que incentivam a inovação e o empreendedorismo: alguns públicos e livres, como o District Hall, em Boston; ele foi o primeiro Centro de Inovação Público sem fins lucrativos do mundo, que pode ser utilizado por qualquer pessoa (no Brasil, uma iniciativa parecida é o Google Campus São Paulo). Outros espaços, por sua vez, são iniciativas de fundações e universidades, como o Harvard Innovation Lab.

Nessa experiência, tive a oportunidade de conhecer as pessoas e a cultura por trás da inovação educacional. O que ficou mais evidente é que o ensino de empreendedorismo, principalmente nas universidades, não se resume a como criar uma empresa, mas também aborda como desenvolver habilidades e competências para construir a própria trajetória de vida, sendo a autonomia a competência norteadora.

A cultura empreendedora é mão na massa e não linear

A autonomia também foi tema do curso “Aprendizado Centrado no Aluno”, organizado pela Ollin College, de que participou minha sócia (e noiva) Juliana Massi. O curso foi o principal motivo da nossa viagem aos Estados Unidos. Se você já teve a oportunidade de conhecer os EUA, sabe que o conceito “vai lá e faz” está em todos os lugares, do posto de combustível, onde você mesmo abastece o seu carro, à loja de conveniência, onde você serve seu próprio café e monta o seu lanche, até os supermercados e lojas de material de construção, ambientes que deixam tudo à mão para deixar a sua criatividade rolar.

Nas Universidades, isso fica ainda mais evidente quando um curso de engenharia permite que você faça uma ou mais disciplinas não relacionadas ao curso, como música. É um modelo que não te obriga a ser músico, mas te dá a liberdade para desenhar a sua própria trajetória. E, se você realmente quiser exercer a profissão, basta prestar um exame para tirar a sua certificação.

Portanto, a cultura de um país – ou seja, seus hábitos, costumes, leis e crenças – determina o seu futuro e, naturalmente, introduz às novas gerações aquilo que para ela é fundamental, nesse caso, a inovação.

A cultura empreendedora é um projeto de nação, não apenas da escola

Para desenvolver habilidades empreendedoras em uma sociedade, é preciso uma cultura que torne isso tangível! Para que o Brasil seja um país inovador, com prêmios Nobel, mais ciência, inovação, melhores serviços públicos e soluções para a nossa imensa desigualdade, indico algumas ideias que devem ser discutidas e exploradas:

Definir um propósito claro para a nação brasileira: onde queremos chegar daqui a 30 anos e como faremos isso;
A criação de mais espaços públicos e privados de fomento à inovação e ao empreendedorismo (no sentido mais amplo);
Escolas e universidades devem abrir suas portas (e mentes) para a inovação, com uma flexibilidade curricular que desenvolva a autonomia;
Mais cursos de formação de professores e gestores para a inovação e a criatividade;
Pensar em uma reforma fiscal e tributária que beneficie o empreendedor em estágio inicial;
Eventos educativos para pais e mães sobre inovação e empreendedorismo;
Projetos que estimulem o empreendedorismo para pessoas com mais de 50 anos.

Ao elencar alguns aspectos para o empreendedorismo, precisamos também desenvolver as chamadas habilidades socioemocionais – resiliência, empatia, flexibilidade, trabalho em equipe, entre outras. Ao exercitá-las, estamos ampliando nossos horizontes, pois enxergar “fora da caixa” vai nos permitir melhorar como empreendedores dentro do propósito de um projeto educacional e de País melhor para todos.

Leia mais de Thiago Chaer:

* Thiago Chaer possui mais de 15 anos de experiência em inovação e tecnologia digital, atua como palestrante, mentor de startups de EdTech. É membro da ABStartups, do Comitê Especial de Educação Digital na OAB (2016-2019) e Co-autor do Compromisso de Privacidade de Dados Educacionais. Sócio-fundador e CEO da Future Education, pré-aceleradora de startups de Edtechs (www.futureeducation.com.br).

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