Confira o que rolou no 2º dia da Bett Educar 2018!

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A equipe da Geekie marcou presença durante o segundo dia da Bett Brasil Educar, dia 9 de maio. Durante o evento, muito aconteceu: várias palestras, networking, troca de informações e mais. Confira alguns destaques!

A Bett teve vários momentos acontecendo simultaneamente, como o Congresso Bett Educar, workshops, Fórum de Gestores, sessões de autógrafos, palestras gratuitas e Sessões Startups, além da visita aos expositores. Durante o segundo dia, nossa equipe visitou os stands e também assistiu a algumas palestras. Veja alguns conteúdos desses momentos!

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A escola será MAKER: “uma utopia realizável”

Referência da foto aqui.

Começamos o dia cedo no Congresso Bett Educar: logo pela manhã, assistimos à palestra “A escola será MAKER”, de Luciano Meira, chefe de ciência e inovação da empresa pernambucana Joy Street, que foi mediada por Juliana Ragusa, designer educacional do MundoMaker Educação.

Para introduzir seu pensamento, Meira mostra como o “discurso da escola está montado em torno da tentativa de dar materialidade em assuntos e conceitos”. Ou seja, “esse discurso mostra o que é esperado que os alunos façam e digam”.

“Tem um aspecto da imaginação e da capacidade criativa que, em detrimento da constituição de um discurso matemático adequado e previsível, é obstaculizado” – Luciano Meira

E é a partir desses temas que precisamos refletir se queremos que a escola seja maker. “Será necessário valorizar aspectos imaginativos e criativos que as crianças trazem para a escola. Se não fizermos isso, e não fazemos frequentemente, o engajamento do aluno vai sofrer abandono afetivo e intelectual”, diz Meira.

Assim, o palestrante traz um ciclo de atividades práticas e intelectuais que dão sustentação à ideia maker, proposto por Mitchel Resnick, professor do Laboratório de Mídia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT):

  1. Imaginar: “sua escola não será maker só se você tem uma impressora 3D. Só será maker se conseguirmos criar cenários de aprendizagem que possibilitem e fomentem a imaginação”;
  2. Criar: “toda essa imaginação deve ser modelada para que se possa criar efetivamente alguma coisa”;
  3. Play: “o play tem o sentido de explorar ambientes materialmente disponíveis, de brincar, de jogar, de tocar música, de fazer barulho com essas coisas. É permitir a imersão hands-on”;
  4. Compartilhar: “esse compartilhar só faz sentido se passar pelos processos anteriores, pois é compartilhar de uma perspectiva que traz argumentos”;
  5. Refletir: “é pensar sobre o que o outro compartilhou”.

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Partindo dessas ideias, Meira ainda traz um conceito da gamificação: os 3 Fs.

  1. Fun: “É a curiosidade de seguir adiante para descobrir algo, mergulhado naquilo que não o estudante abandonará até vencer os desafios e cumprir sua missão”.
  2. Friends: “Aí os alunos compartilham e jogam em grupo. É algo que faz parte da estrutura interna e da comunidade”
  3. Feedback: “É importante provocar uma estrutura dialógica e interacional constante na escola de modo que a criança não só saiba dois meses depois onde está”.

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Um exemplo de instituição que é baseada na ideia de cultura maker é a High Tech High, em San Diego, Califórnia, EUA. “A produção de sentido não se dá pela ideia de conhecimento, pois a ideia de transmitir conhecimento é absolutamente negativa. É necessário reestruturar essa ideia. É uma utopia realizável.”

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O que é cultura maker?

Meira traz uma definição no formato verbete de cultura maker, com dois significados:

  1. Prática pela qual damos visibilidade material a ideias, conceitos e competências (científicas, artísticas, tecnológicas) através da produção de artefatos, com base em processos imaginativos e projetos criativos geralmente desenvolvidos em regime de colaboração, a fim de provocar a imersão das pessoas em ambientes significativos de aprendizagem.
  2. Anglicismos substituível por cultura fabril, ou mais especificamente cultura de fábrica digital, caso os artefatos e ou seus processos de produção dependam da implementação de algoritmos computacionais.

Concluindo sua fala provocativa, com intuito de gerar reflexão, Meira expõe que a “educação será transformada socialmente caso ocorra transformação em quatro camadas, que são cenários, experiências, redes e pessoas”.

Inovação mediada por tecnologia: dimensões para mudanças sociais sistêmicas

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Referência da foto aqui.

Após uma visita aos stands e uma pausa para almoço, fomos para a palestra “Inovação mediada por Tecnologia: caminhos para uma Educação do Século XXI”, de Lucia Dellagnelo, diretora presidente do Centro de Inovação para Educação Brasileira – CIEB.

O início da palestra foca nas inúmeras transformações do mundo atual: “hoje em dia, tudo está instantâneo – o ritmo de aprendizagem, o comportamento e os padrões de relacionamento. Não existe mais a ideia de que o professor é transmissor do conhecimento. Então, como promovemos uso de tecnologia na instituição considerando a necessidade de ser uma escola conectada?”. Dellagnelo afirma que a escola TEM que se relacionar com o mundo atual, estar conectada. Além disso, a diretora expõe também que a tecnologia na educação está na BNCC.

Dellagnelo fala que isso é possível “a partir de uma visão estratégica e planejada da inovação e da tecnologia aliada ao seu currículo e de suas práticas pedagógicas, com equipe capacitada para uso de tecnologia, que utiliza recurso educacionais e que dispõe de equipamentos e infraestrutura e conectividade adequada”. Existem, assim, quatro dimensões para trabalhar a fim de que a tecnologia tenha um impacto positivo na aprendizagem: visão, competências, recursos educacionais digitais e infraestrutura.

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Dimensão 1: visão

Dellagnelo destaca que “o futuro é que os professores sejam os criadores dos ambientes de aprendizagem mediados por tecnologia, e que eles também preparem a sala de aula para ser esse lugar que promova aprendizagem”.

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Dimensão 2: competências

Para Dellagnelo, “a educação continua e continuará sendo um processo humano, pois o professor continua sendo a figura central no processo de aprendizagem”. Além disso, também relacionado com a dimensão de visão, é importante a mudança de cultura e paradigma – “aprenda o que deu errado e tente novamente, pois é preciso experimentar e errar”.

“O professor precisa conhecer tudo o que existe de tecnologia para que comece a vislumbrar a possibilidade de incluí-la em sua dinâmica” – Lucia Dellagnelo

A partir disso, o destaque vai para a importância da formação continuada do educador, que possibilita experimentação e compartilhamento com outros professores. “É fazer com o professor o que queremos que faça com seus alunos: criar a partir da experimentação”, diz Dellagnelo.

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Dimensão 3: recursos educacionais digitais

Nessa dimensão, recursos educacionais digitais são desde objetos digitais de aprendizagem até plataformas adaptativas, como o Geekie Lab. O objetivo desses recursos deve sempre ser facilitar o trabalho do professor, de forma a estimular a formação, o compartilhamento de práticas e o monitoramento. “É importante criar espaços de organização e disseminação dos recursos educacionais digitais”, diz Dellagnelo.

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Dimensão 4: infraestrutura

Essa é a dimensão mais abordada quando se pensa sobre tecnologia em sala de aula. Por isso, é importante ressaltar: “a tecnologia tem que entrar na sala de aula. É necessário fazer uma mudança social, pois a tecnologia não pode mais ser um projeto isolado da escola. Não faz sentido se levantar para acessar o computador”, fala Dellagnelo.

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E como fazer essas mudanças sociais e estruturais? Essas alterações requerem ação de várias atores, como professores, alunos, pais e responsáveis e gestores públicos. “É essencial aprender com a cultura de inovação. Abrir a educação e conectar com seu tempo”, conclui Dellagnelo.

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Escola inovadora de alto desempenho: “muito mais do que o que, pensamos no como”

Referência da foto aqui.

Logo no fim do dia, fomos assistir à palestra “Escola Inovadora de Alto Desempenho: A Gestão de Pessoas – Principais Desafios e Implicações”, de Ana Paula Azevedo Tubandt, coordenadora de projetos de inovação e tecnologia no Colégio Magno, e André Guadalupe, sócio fundador do Colégio Planck.

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Colégio Planck

O primeiro momento foi comandado por Guadalupe, que apresentou um pouco de sua instituição, onde um dos pilares é a gestão de pessoas. “As pessoas são contratadas pelas competências e demitidas pelas atitudes”, diz o sócio fundador. Por isso, o diferencial é investir em pessoas. Como gestor, é preciso “criar condições para que sua escola seja de alto desempenho. Não caia em armadilhas como ‘ano passado foi muito bom’, ou ‘vou atingir isso no dia em que eu tiver condições para…’.

Por isso, é importante, segundo Guadalupe:

  1. Saber com clareza seus entregáveis. É importante fazer alinhamento de expectativa e ter transparência entre todos do time;
  2. Receber estruturadamente e regularmente feedback;
  3. Ter uma estrutura de confiança entre todos. Existe um grande problema se “a discussão começa quando a reunião termina”;
  4. Não ter medo do conflito-positivo;
  5. Ter comprometimento com o sonho e o bem maior;
  6. Ter foco nos resultados específicos e gerais;
  7. Ter alta energia, otimismo e gostar do que faz.

É muito essencial ter um time de alto desempenho caso você queira que sua escola seja uma escola de alto desempenho. As pessoas precisam entregar os resultados esperados e estar alinhadas com os valores da escola. “Sobrevive a empresa com melhor alinhamento de cultura”, fala Guadalupe.

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Colégio Magno

Já no segundo momento, quem falou foi Tubandt. Tem um risco de investir em pessoas: “ela pode ir embora ou virar seu concorrente. Mesmo assim, nós escolhemos investir”. E esse investimento trouxe frutos: “ensina melhor quem sabe aprender”. Por isso, o Colégio Magno valoriza a formação continuada do professor, pois, “mais do que implementador das novas demandas, é importante que ele aceite e entenda o que é importante”. Dessa forma, o professor também se torna protagonista do seu próprio processo de aprendizagem.

E, indo até além, não só o professor existe dentro do meio escolar, mas também inspetores e outros funcionários. Tubandt destaca ações feitas pela escola voltadas à educação de inspetores: “é importante também cuidar e olhar para a formação dos outros.”

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*Esta publicação contou com a participação de Emílio Andreozzi.
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