Para que estudantes possam efetivamente aprender, o ensino não pode se pautar em um conteúdo que não desperte seu interesse. Neste artigo, Carolina Brandão fala sobre “aprendizagem significativa” e como é possível usá-la em sala de aula
O conceito de aprendizagem significativa tem sido cada vez mais comumente encontrado em textos sobre educação e na fala de especialistas e leigos. Fica cada vez mais claro que esse é um dos objetivos que os educadores devem almejar em um contexto moderno de educação. No entanto, ainda permanecem dúvidas sobre o que, de fato, significa uma aprendizagem significativa e como conseguir chegar nesse objetivo na rotina de sala de aula. Usando o exemplo do ensino de Ciências (mas não precisando se limitar a ele), iremos abordar um pouco sobre as estratégias de como desenvolver um processo de aprendizagem significativa com seus estudantes.
Disposição para aprender
O entendimento atual é o de que a aprendizagem não é apenas um processo no qual existe um agente ativo, que transmite o conhecimento (educador) e um passivo, que apenas absorve esse conteúdo (estudante), e sim um processo no qual o estudante também é um agente ativo do seu aprendizado. Levando isso em consideração, o primeiro passo para a aprendizagem significativa é despertar no estudante a disposição e o interesse para aprender.
Assim como uma pessoa que ainda não foi alfabetizada sente a necessidade de aprender a ler para compreender o mundo ao seu redor, o interesse em aprender os conteúdos de Ciências da Natureza pode vir justamente da vontade e da necessidade de compreensão dos fenômenos naturais que estão ocorrendo a todo momento. Notícias de fenômenos ambientais, situações-problema envolvendo o funcionamento do corpo humano ou a observação de elementos de alguns ecossistemas podem despertar esse interesse, com a abordagem adequada.
Conteúdo significativo
Uma vez que o interesse foi criado, o conteúdo a ser passado deve também ter algum significado para o estudante. Um conteúdo significativo para o estudante é aquele no qual ele consegue relacionar com sua realidade e seus conhecimentos prévios. Em termologia, por exemplo, o ensino da dilatação de materiais muitas vezes vem seguido de exemplos distantes dos alunos, como o clássico exemplo do espaço entre os trilhos de trem. No entanto, fazer uma relação com os diferentes materiais que conduzem melhor ou pior o calor e a possibilidade de seus celulares sofrerem um superaquecimento em diferentes situações é algo que o estudante consegue relacionar. Esse é apenas um exemplo dentro de vários que poderiam ser explorados no ensino de ciências.
Planejar uma aula com o objetivo de desenvolver a aprendizagem significativa pode ser algo muito vago e de difícil avaliação se ele foi, de fato, cumprido. Por isso, ao planejar uma aula ou um projeto, pense nesses dois tópicos anteriores: os alunos e alunas estão dispostos a aprender esse tema? Como posso criar o interesse deles e delas no tema? O conteúdo é significativo? Quais relações posso fazer com exemplos familiares aos estudantes para que ele se torne significativo? Essas reflexões irão colocar sua aula no caminho certo para uma aprendizagem significativa, independente do assunto abordado.
*CAROLINA BRANDÃO É BACHAREL EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS COM HABILITAÇÃO EM BIOLOGIA MARINHA PELA UNESP E PÓS-GRADUADA EM MANEJO E CONSERVAÇÃO DE FAUNA SILVESTRE PELA UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO. TRABALHA COMO REDATORA, EDITORA E REVISORA TÉCNICA DE MATERIAIS DIDÁTICOS DESDE 2010 ATUANDO NA ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA. EM 2014 INGRESSOU NA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO NO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS. ENTROU PARA A GEEKIE NO INÍCIO DE 2017 E ATUA HOJE COMO EDITORA DE TEXTOS.
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