Ensino Híbrido: escola conta o passo a passo para implementação

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Ensino Híbrido - relato

Gestoras da Escola Bosque compartilham o passo a passo para a implementação do Ensino Híbrido com turmas do Infantil ao Fundamental II – confira e multiplique a prática em sua escola

A implementação de uma abordagem como o Ensino Híbrido é um processo que não ocorre do dia para a noite, como já comentamos em outros posts. Neste artigo, vamos conhecer o processo de implementação e alguns desafios enfrentados pela Escola Bosque, em São Paulo, e como lidaram com eles objetivando envolver todos os educadores da escola, que atua com a Educação Básica, da Educação infantil ao 9º ano.

Sensibilização

A direção já considerava que o Ensino Híbrido traria benefícios à sua escola, pois, além de promover a integração das tecnologias digitais ao currículo, poderia incentivar a personalização das ações de ensino e aprendizagem e, gradativamente, favorecer o envolvimento de todos os estudantes para atingir resultados cada vez melhores. Diante disso, o primeiro passo foi a sensibilização do corpo docente, por meio de uma oficina de Ensino Híbrido realizada com todos os professores, no início do ano letivo.

Experimentação

Ao término da oficina, os professores foram estimulados a produzir e compartilhar, com os demais professores e com a equipe de gestão, seus planos de aula. Em seguida, após discussão e troca de informações, realizaram suas aulas de acordo com esse plano de aula. Experimentar favoreceu uma aproximação com a proposta e, consequentemente, com erros e acertos.

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Reflexão sobre a prática

Nesse momento, alguns desafios foram encontrados pelo grupo de professores e, com o acompanhamento da equipe de gestão, foram objeto de discussão e reflexão. Seguem algumas dessas reflexões:

  • Estabelecer critérios de distribuição das estações no modelo “rotação por estações” é uma tarefa importante a ser feita no momento do planejamento, caso contrário, com um tempo maior ou menor do que o necessário, as atividades propostas podem ser prejudicadas.
  • Conscientizar os alunos da importância de assumirem seu papel como protagonistas, agentes de seu aprendizado,  é essencial.   
  • Conscientizar o grupo de professores que, na maioria das vezes, é necessário que o educador assuma um papel secundário, oferecendo oportunidade aos alunos para que criem novos caminhos na realização das propostas.

Em uma segunda etapa de formação continuada da equipe, sob a supervisão da equipe de gestão, surgiram novos desafios e as possibilidades de vencê-los por meio das seguintes ações:

a) Gerar repertório para o professor

Para alguns professores, houve a necessidade de ampliar o repertório de ferramentas que seriam utilizadas no Ensino Híbrido. Por exemplo: o Office Mix foi escolhido pela maioria como um excelente recurso a ser utilizado para a sala de aula invertida, portanto, alguns professores tiveram que aprender como usá-lo.

Na Educação Infantil, as professoras criaram aulas com tecnologias diferenciadas para os alunos mais novos com o uso dos tablets, através de vídeos e games.

No Ensino Fundamental, os professores conseguiram trabalhar os conteúdos de forma mais sistematizada com o uso das tecnologias digitais e, a partir daí, melhorar a estruturação dos planos de aula.

A formação continuada desses professores para, além de conhecer os recursos digitais, saber como incluí-los nos modelos do Ensino Híbrido, foi algo discutido com a equipe de professores em todo o processo, amparado pelo profissional de Tecnologia Educacional da escola.

b) Analisar o papel do estudante

O feedback dos alunos foi muito positivo: eles ficaram mais confiantes e conscientes de seu protagonismo e das possibilidades de desenvolverem sua autonomia. O conteúdo das aulas envolvendo Ensino Híbrido fica à disposição dos alunos no portal da escola e pode ser acessado sempre que tiverem alguma dúvida. Com a possibilidade de personalização do ensino, considerando as necessidades e interesses de cada aluno, quaisquer dúvidas ou lacunas podem ser sanadas durante a aula sem prejudicar ou atrasar o andamento dos trabalhos.

Além disso, o Ensino Híbrido transforma uma sala de aula em um local onde a colaboração entre os alunos acontece constantemente. Essa interação entre eles estimula o aprendizado e traz inúmeros ganhos, a começar pelo desenvolvimento de habilidades. Por conta desse engajamento, os alunos se sentem mais confortáveis com o espaço escolar, além de mais motivados!

Relato da Professora de Matemática

“Meu nome é Marisa Rezende, sou professora de matemática e geometria na Escola Bosque e tenho trabalhado em algumas aulas com Ensino Híbrido. O que mais gostei nesse modelo de ensino é a personalização, fazendo com que meus alunos possam conhecer o conteúdo a ser estudado de diferentes formas. No 6º ano, ensinando números romanos, preparei uma aula híbrida em rotação por estações onde o conceito foi apresentado em um vídeo, um texto explicativo e seguido de um questionário no Forms do Office 365 para transformações de números romanos em arábicos.

Percebi que o entendimento sobre a matéria foi muito mais significativo se comparado aos anos anteriores, em que o assunto foi apresentado em uma aula tradicional. O maior desafio é criar a cultura de autonomia do aluno. Inicialmente, eles têm uma certa dificuldade em assumir o papel de protagonistas. Após a aplicação de algumas aulas ficou muito mais fácil, pois eles compreenderam e gostaram da nova abordagem”. 

Nesse aspecto, a equipe de gestão da escola ressalta que a análise qualitativa dos dados que são oferecidos pelas ferramentas tecnológicas auxiliou o professor a ter uma visão abrangente e clara de quanto seus alunos estão aprendendo. A partir daí, ele é capaz de planejar intervenções e tem como produto uma melhora significativa nos resultados finais.

Além disso, os roteiros para a elaboração de planos de aula e as rubricas da organização da atividade didática, possibilitaram ao professor estruturar melhor suas aulas e a criar objetivos mais concretos que vão sendo aprimorados à medida que ele se familiariza com a prática. Desafios são muitos, mas as possibilidades de encorajar a aprendizagem ao longo da vida (lifelong learning) são evidentes nesse modelo!

Lilian Bacich é Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano (IP-USP), Mestre em Educação: Psicologia da Educação pela PUC/SP (2008), graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1990) e em Pedagogia pela Universidade de São Paulo (2000), com especialização em orientação, administração e supervisão escolar. Atuação como professora e coordenadora, por 28 anos, com ênfase em Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino de Ciências e Biologia, Experiência na graduação e na pós-graduação em disciplinas relacionadas à Psicologia da Educação e a aplicação pedagógica das tecnologias digitais. Diretorta e cofundadora da Tríade Educacional e coordenadora do curso online e organizadora do livro “Ensino Híbrido: personalização e tecnologia na educação” (Editora Penso, 2015), tema de sua tese de doutorado. Contato: bacichlilian@gmail.com

A escrita dessa coluna foi feita em parceria com a equipe de gestão da Escola Bosque:

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