Por que devemos nos encantar com o ato de educar

Colunas

Convidamos o Professor Dante Donatelli a escrever um artigo contando sua opinião sobre a importância de aliarmos avanços tecnológicos a boas práticas de ensino. Confira:

Você já deve ter ouvido e lido algumas tantas vezes que a escola como conhecemos e vivemos hoje continua muito parecida com aquela que os medievais pensaram e os jesuítas incrementaram. A partir disso, gostaria de abrir uma reflexão sobre o quanto isso se tornou argumento para insatisfações e o que de fato seria parte da realidade da escola brasileira.

Se tomarmos um ponto de análise e de vista otimista, é inegável que os últimos vinte anos de avanços tecnológicos foram tão avassaladores que nem a ficção científica conseguiria imaginar o que a revolução da internet e a revolução digital iriam propiciar à educação e ao processo de aprendizagem para espécie humana. Em uma sociedade marcada por uma educação trivial, que tem milhões de jovens ainda fora da escola, em especial no Ensino Médio, com um número assustador de reprovações em todas as séries iniciais e do Fundamental II e com professores cada vez mais limitados desde a formação acadêmica até a vida cotidiana de sala de aula, parece utópico pensarmos em grandes recursos tecnológicos como a única forma de superação desse cenário.

Na realidade, costumamos apresentar um encantamento quando falamos no uso de computadores, internet, tablets, aplicativos, lousas digitais ou smartphones na sala de aula. E é preciso ir além do uso dessa tecnologia para a escola sair desse lugar incômodo no qual se encontra. Ou seja, antes, bem antes, se deveria discutir o currículo, ou ainda, como devemos ensinar aos alunos.

Hoje, quantas escolas se predispõem a colocar em discussão seus currículos desde o Fundamental I até o final do Ensino Médio? Grande parte das nossas escolas ainda transformam o sumário dos livros didáticos ou dos sistemas de ensino em currículo escolar. Algumas inclusive acabam por confundir conteúdos escolares com currículos escolares e elegem montanhas de informação e conhecimentos que não trazem grandes resultados na formação de seus alunos.

No meu entendimento, a tarefa das escolas deve ser, antes de qualquer coisa, colocar duas questões centrais do fazer educacional: O que ensinar? Como ensinar? Responder a essas duas questões pode sanar problemas como a falta de resultados, o desperdício de tempo, o desperdício de energia e dispêndio de custos bem altos.

Creio que seja preciso pensar além para se fazer uma escola moderna, boa, antenada na realidade, e predisposta a formar bem. A maravilha que a tecnologia nos oferece somente terá algum sentido e significado na vida escolar se antes pudermos pensar, viver e fazer a escola todos os dias. É preciso se envolver também no ato de educar.

*Dante Donatelli é pós-graduado com MBA em Gestão Escolar pela Universidade Gama Filho – RJ; especialista em História pela Universidade Sorbonne – Paris; mestre em Filosofia pela PUC – SP e com cursos de extensão universitária pela Universidade do Minho – Braga. Professor de Filosofia da Linguagem, é autor de diversos livros sobre educação, é articulista do site AOL em vários países latino-americanos, nas áreas de Educação, Psicologia e Sociedade da Informação.

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